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As Quinze Rainhas da Virtude - Sermões de São Domingos



CAPÍTULO V
As quinze Rainhas das virtudes. Visão do Povo de Bretanha, revelada ao Novo Esposo de Maria, através de São Domingos.

O Saltério da Santíssima Trindade através dos diferentes dons dos caríssimos e das virtudes, adorna o mundo. Primeiramente decores a Igreja com as rosas e os lírios da primavera. Visto que existem as divisões das Graças, São Jerônimo as subdivide em tríplice: Morais, Teológicas e Sobrenaturais. A única raiz dessas é a Encarnação de Cristo, através do qual aconteceram as subdivisões. E para que se tornassem perenes, colocou dentro das suas palavras a mesma força, para que os mesmo dons contidos nessas fossem protegidos e para que as coisas boas da vida fossem obtidas através das orações. Aquelas palavras estão em duas orações e formulas para orar e honrar à Deus, ou seja, a Oração do Senhor e a Saudação Angélica. Por isso Santo Anselmo chama jardins, os Depósitos de todas as Virtudes e os carismas de Deus. E Crisóstomo disse: O que existe de bom que não tenha plenamente a Oração, tida como Sumo Bem? E Santo Agostinho disse: Maravilhosa clemência de Deus, que compreende em poucas palavras a incompreensível Bondade da Sabedoria divina, em modo admirável! Porque na Oração do Senhor pintou a inteira salvação.
Existe verdadeiramente em todas as partes, quinze sinais, cheios de virtudes. E assim os descrevo no gênero e na grandeza.

A NARRAÇÃO DO FATO.

I. São Domingos, novo Apostolo do mundo, levou também em Bretanha a pregação do Evangelho junto à virtude do Saltério e visto que sua mãe, filha de um Comandante da Bretanha, provinha do mesmo lugar, era escutado com grande atenção, como se fosse parente de sangue do Grande Comandante. Muito dessa atenção devia-se principalmente pela enorme fama do santíssimo nome e ao mesmo tempo, pela prova dos milagres, que Deus cumpria através dele, como através de um Libertador do mundo arruinado pelos crimes. O Fundador da nova Ordem exímio Pregador, especialmente (cumpria os milagres) através (da intervenção) de Deus, da Mãe de Deus e dos Santos. E isso acontece de forma justa porque como testemunha Santo Ambrósio, é justo que Deus conceda aos primeiros Fundadores em qualquer estado (de vida) dons muito superiores aos de seus seguidores. Esses últimos devem ser movidos, iluminados, e aperfeiçoados por (tais dons). Visto que cada pregação, segundo Agostinho, deve ser baseada nas virtudes e nos vícios, mas também nas penas desses (vícios) e nos prêmios daquelas (virtudes): São Domingos se dedicou com todo o Espírito e esforçou-se, em ensinar tais coisas.
Por isso, foi necessário que ele fosse iluminado pela bondade de Deus, para que desde então fosse luz para muitíssimos. O que acontece nos tempos sucessivos, em uma sua milagrosa pregação do Saltério. Como o Pai mesmo revelou, aparecendo recentemente, à um Filho devoto, novo Esposo de Maria.
II. 1. São Domingo, antes de preparar-se e falar, segundo o costume, aplicava-se com grande diligência às orações secretas e normais do Saltério: orando à Deus para o fazer compreender e de colocar na sua boca um Sermão eficaz, que envolvesse o povo mais necessitado. 2. A oração da Coroa seguiu imediatamente a Sagrada Atividade da Missa (que raramente ocorria sem um seqüestro ou revelação) e na metade (da Missa), na costumeira e primeira recordação a ser feitas aos vivos, enquanto compartilhava as realidades Divinas, teve uma revelação de aproximadamente uma hora. Nessa ele, sem se mover, orientava-se às coisas adoradas; estava com o rosto vermelho como uma chama e tinha dor de cabeça. Onde estava havia muita fumaça por todas as partes, claro sinal da presença do Espírito Santo sobre ele. O fato cria muita surpresa e admiração em todos os Aristocráticos do Reino que assistem ao Oficio Divino. Entre os presentes estava o Grande Comandante, um grande povo, homens de prestigio, que tinham sido convidados à cerimônia e estavam desejosos de o escutar. 3. E visto que a revelação durou muito tempo, o Comandante que permanecia ali com a mulher, e outros que estavam entorno, pensaram que o Santo devesse ser distanciado. E enquanto tentava-se novamente pega-lo ninguém conseguia o tocar com o tato. Esse, na realidade, suscitava no Superior maior admiração assim como murmúrios de acontecimentos em segredo, à orelha de cada vizinho. Temor, misturado com estupor, agitava muitas coisas nas almas! Todos eram incertos, sobre o que fazer e temerosos em como terminaria aquele episódio. 4. Quando terminou todas as Atividades Solenes da Missa, São Domingos, como costumeiramente, retirou-se por breve tempo e logo depois, subiu em um alto ambom abençoando à si e ao povo com o Sinal da Cruz.

CAPÍTULO VI

As quinze Rainhas das Virtudes
QUARTO SERMAO DE S. DOMMINGO
TEMA: Salmo 97

Cantais ao Senhor em Canto Novo, porque cumpriu maravilhas.
Comandantes, Príncipes e fiéis do Povo, amados ouvintes, o que proponho nessa Solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo, é o tema anunciado antes à vós pelo Salmodiante David. O tema é diferente da presente Festividade, ou diferente nessa: talvez algumas maravilhas se insinuam em algumas almas. Escutais bem e reconheceis perfeitamente, qual e quantas coisas maravilhosas e divinas, o Nosso Senhor Jesus Cristo, na Santíssima Eucaristia, dignou-se hoje de vos mostrar. Hoje vos, haveis admirado com os vossos olhos, um novo Espetáculo, o milagre e o mistério do Novo Testamento. Haveis visto e conhecido o Redentor do mundo Jesus Cristo, Filho de Maria Virgem, Mãe de Deus, nascido para nós, Crucificado, Ressurgido. Então se qualquer faísca do Espírito de Jesus é dentro de vós, se algum filamento do Nome, do Amor e da Honra Cristã está em vós, dizeis obrigado, Louvais à Deus, celebrais as Maravilhas de Deus: Cantais ao Senhor um Canto novo, porque realizou maravilhas.
Se vos perguntais o que é esse canto Novo, esse, vos digo, é aquele que eu agora a vós prego, a dúplice oração do Novo Testamento: uma é aquela que no inicio (do Novo Testamento) o Anjo anunciou a Maria, Ave cheia de graça; a outra, é aquela que Jesus Cristo entregou e pregou aos Apóstolos, Pai Nosso que estais no céu, etc. Com esses, louvais o Esposo e a Esposa e louvais Esses no próprio Saltério deles. E não só, será oportuno louvar por uma justiça merecida, mas também os amar com toda a mente. Por isso tenhais pendurado na cintura, os Saltérios, para que sejais, e vos reconheçais pelo adorno: 1. Do Sigilo Real. 2. Do Sigilo Imperial. 3. Do Sigilo Celeste e do todo Divino: do Sigilo, digo, da Santíssima Trindade e do Novo Testamento.
Visto que na mesa da Santíssima Trindade, ao lado Dela sentam-se as quinze Rainhas das Virtudes Principais, penso que dessas eu deva falar com clareza à vós, para que, depois de as ter conhecido, andais com essas, servir à Deus mais devotamente. Essas vós foram dadas e se quereis, essas (aspiram ser) as vossas prometidas Mulheres, belíssimas e ao mesmo tempo, gloriosas. Essas bramam por ser as vossas Protetoras, as vossas Comandantes e Salvadoras, até que vós, sejais introduzidos nos tronos dos Quinze Reinos Beatos.
Desespero àqueles, que assumiram comportamentos inimigos à Deus através do pecado, (desespero àqueles) que violados criminosamente um ou muitíssimos (preceitos divinos), incorrerem no crime de Lesae Maiestatis junto à Deus. O Deus ciumento e forte, não deixará impune quem tenha obscurado uma dessas; o réu, acusado de parricídio, será submetido à segura sentença da eterna condenação. Ora, as Virtudes Rainhas são aquelas que devem julgar a condenação, visto que as paixões dos malvados seguem criminosamente opostas à (Virtude). E dessas, vós haveis observado três filas e cada uma dessas é dividida em cinco. Visto que as virtudes podem manifestar-se, que sejam honradas: (isso) será ensinado mais tarde, depois da décima quinta Rainha.

PRIMEIRAS CINQÜENTA ORAÇÕES DO SALTÉRIO.

A PRIMEIRA RAINHA: A HUMILDADE.

I. Essa é a base e o fundamento de todas as virtudes, a qual, na Beata Virgem Maria, o Senhor amou com um amor muito ardente. Essa é chamada assim da terra, dizem Santo Anselmo e outros, visto que os humildes se abaixam até a terra, se pospõem à todos, e, pelo amor de Deus, antepõe todos à si mesmos. Esses olham a fragilidade da sua natureza e adoram nas outras coisas a presença de Deus. Essa virtude exulta pelo sucesso dos outros, foge ao próprio, a menos que o louvor e a grandiosidade da pregação seja voltado à Deus. Essa ama ser desconhecida, odeia passear em um lugar elevado: procura corações pacíficos e dóceis. Disse São Jerônimo: Se a Santíssima Trindade abaixou-se à ele, como a qualquer outra coisa e aproxima-se através da própria Virtude, por que o homem, pó e vil sombra, quer levantar-se acima da terra? Porque (o homem) esqueceu de si e de Deus, conhece pouco a sua covardia, assim como, os méritos e a Majestade (presentes em) Deus? A Soberbia, sua inimiga, o insidia até à morte.
II. Uma habitação está pronta para ele em um luxo real, no Palácio da Oração do Senhor “Pai Nosso”. A Santíssima Trindade, através da humildade, é por graça, o Pai de todos nós e nós, filhos seus, temos que servir com suma humildade: o obedecer, temer, amar e adorar. Porque (fomos) criados da terra, enquanto não (somos) filhos (de Deus) por criação. Depois de tudo isso não nos humilharemos diante do Criador? Assim, Ambrósio (afirma): o Aspecto e a beleza dessa Rainha é indescritível.
Ao novo Esposo de Maria, o Senhor mostrou a (Rainha). A Virgem vestida de branco, coroada de dez pedras preciosas, com uma cinta de maravilhosa beleza, marcada por quinze ornamentos; com um esplendido colar de doze perolas esplendidas.
Na mão direita levava a Cruz, sinal da humildade de Cristo sofredor. Uma capa maravilhosa a revestia toda de estrelas e de gemas e era luminosa. Ornava os dedos de anéis marcados com a Cruz, testemunhos do seu noivado com Cristo.
III. São Domingos tinha pregado, mas acrescentou: a beleza e o valor de todas as estrelas, não poderia aspirar a superioridade do seu valor. Por isso é melhor obter a posse dessa, do que ter o domínio do Sol, da Lua e das Estrelas. Cirilo disse: Essa, de fato, está entre a primeiras filhas de Deus que reina sobre as almas beatas; por isso também Deus, como atesta Agostinho, nesse mundo, ama mais uma graça mínima, do que toda a natureza. E vós, através da soberbia, disse São Domingos, quase a matais. Atesto que são mais de trezentos, aqueles que contemplaram muito limpidamente, mais do que uma pessoa possa representar na oração, com os olhos da mente. Por isso, cantais ao Senhor com um Canto novo. São Domingos, olhou durante a sua visão, as outras Rainhas da Virtude, quando ordenaram, sob pena de morte, de o pregar. O Homem Santo desejou que a memória dessa visão, que todos tiveram, fossem pintadas na Sala do Comandante e na Igreja Maior.

A SEGUNDA RAINHA: A AMIZADE.

A união dos amigos reside nessa concórdia recíproca, em uma só vontade, como aquela do membro, diz Agostinho, manifesta-se em um só corpo. São Remigio chama a cadeia áurea, que circunda os fiéis, e, depois de serem estreitos juntos, retornam invencíveis. Essa torna um entre muitos homens indestrutível, distanciando a inveja, as detrações e os ódios, diz Macróbio. Por essa crescem as coisas humildes, as sumas discórdias se dispersão, como diz Salústio. Na natureza, a concórdia cancela a corrupção do mundo, ao invés no Reino da graça, que os homens recebem de Deus, a concórdia gera a constância e a gloria. A inveja do inimigo é hostil à essa. Ditas essas coisas, São Domingos acrescenta.
I. A digna habitação na Oração do Senhor reside no: “O que és”, ou seja, Aquele que é por essência, Aquele que dá as restantes coisas o Ser por participação, diz Boécio: a amizade é isso que emana de Deus à nós e assim então não devolves àquele que (ti) ama? Então não abraçareis aqueles que são amados por ele? 1. Logo responde: isso que é teu, não é teu? Disse de não Deus, o qual distribui o seu Ser à todas as coisas que são.
E se Deus ama isso, como podes tu as odiar? Verdadeiramente Deus quis que todos os homens fossem seus filhos: e tu então não os reconhece e amas como irmãos? Quem então ou o que amarais, se não amas aquele, que recebe como você, do único Pai, o mesmo Ser? 2. Cassiodoro conclui com as seguintes palavras: Se por natureza, Vos irmãos do mesmo pai devem amar-se reciprocamente, por consangüinidade, o que não deveras ao irmão cristão, por direito de Deus, por direito do Espírito, por direito de todos os Sacramentos e carismas? Desespero ao homem, que ama o próximo mais com o corpo do que com a alma. 3. O que é e da onde vem, o que tu amas? responde Santo Agostinho, a Alma é criada somente por Deus, não por derivação de nenhuma carne e pela parentela da carne amas o irmão, pela comunhão do espírito, amas menos o cristão. Se amasses (o teu irmão), como amas ao cristão, pensarias ter pecado: com isso (o cristão), não te sentes nem mesmo pecador. Oh maravilha? Oh amor? A maravilha se toca: o amor, nem mesmo se sente. 4. Quem não pode transpor a natureza ao Espírito? Certamente não pode vir que de um insensato: por conseqüência (seguindo) o mesmo, o homem distancia-se de si mesmo e subtrai o homem do homem: coisa que nem mesmo se atribui à uma besta.
Verdadeiramente essa é a desonra da natureza e o desprezo de Deus. Isso é a destruição e corrupção de toda a beleza, que exista nos seres humanos, a mudança em um outro (ser), será inevitavelmente a máxima degradação (do homem). Quanto mais amável é a divina beleza da doce Amizade. Porque? Certo quase um terço do mundo combateu pela linda Helena: pela concórdia, mãe de todos os bens, disse Ambrósio, poucos preocupam-se.
II. Considerais com veneração a olhais. Estava como uma filha de Deus, com uma Coroa de glória: com um vestido de ouro, coroada de lírios de primavera: com um maço de dez flores; com uma luminosidade maior do que aquela do sol. Olhais as Companheiras que, como Anjos de Deus, a circundam e essas são também dez. Quanta beleza tem na sua imagem! Quanto ornamento de graça! Quanto esplendor de Glória! O podeis recordar: eu não sou capaz de descrever, nem mesmo a sua participação e preocupação com a paz no mundo. Quem poderia estimar o seu valor? O que estimaria a alma de todos os tesouros e riquezas do mundo, a qual tesouro pertence o espírito, a alma, a razão, a vida, etc..
1. Devem-se ter como infelizes aqueles que, cavam escondido, ou abertamente semeiam e levam inimizades. 2. É gravíssimo perder um Reino; mais grave é perder a concórdia. Essa de fato pode recuperar um reino perdido, mas sem o sustento dessa um Reino não pode estar sano. 3. Digo que, aquele que perdeu a caridade, perdeu também Deus! Porque? A morte arranca um Reino do mundo, mas em seguida a Amizade consolida o  Reino do homem e o introduz na gloria. 4. Quanto mais é feliz o homem, que morre em paz no seu dia: mais é infeliz aquele, no qual morre a Paz. Aquela é a morte da carne, está é o apagamento do espírito e da alma. Quanto mais nobre é uma pessoa, mais cruel é estabelecida a morte da mesma, ou não? Assim São Basílio sustenta e afirma. Se a perda do que é bom, é um mal, certamente deve ser a pior de todas as coisas, a perda da Paz, que é a maior dos bens: como o é a Caridade e a concórdia. Essas coisas são de Deus. Dais à Deus, as coisas que são de Deus, e por isso cantais ao Senhor um Canto novo no Saltério.

A TERCEIRA RAINHA: A EXULTAÇÃO ESPIRITUAL.

Essa (Rainha) exulta pelos serviços e as escravidões divinas e é um fruto do Espírito Santo. 1. A habitação dessa Rainha é “Nos Céus”: aqui existe a pura exultação espiritual e nupcial. Assim Paulo: O nosso lugar de moradia é nos Céus! Quando, disse São Jerônimo, o nosso espírito repousa com exultação nas obras divinas, que assim vive na terra, como no Céu. O seu esplendor é limpo; todos os artistas usem arte e todos os materiais mais bonitos para realizar uma estatua: porém, não se aproximariam nem mesmo da sombra dessa. 1. Porque, disse Averroè, a arte não pode mais do que a natureza; porém o artífice da exultação é o Autor da natureza. 2. O Espírito Santo a produz da eternidade. É verdadeiramente a visão beata, segundo Agostinho. Nenhuma arte se aproxima da representação das Virtudes, porque essas são pintadas não com o pincel, mas com o dedo do Espírito Santo.
3. O haveis visto, disse Domingo, com o vulto róseo e em vestido púrpura, como, disse Avicena, a (cor) vermelha é o sinal da exultação, a (cor) amarela (é sinal) de tristeza. A sua coroa de ouro, que fazia evidenciar o símbolo da santidade, a vermelha Cruz de Cristo. Visto que, disse Santo Anselmo, a exultação dos Santos é sobretudo na Paixão de Cristo. Dez lírios de ouro eram trançados na coroa, por causa de observância exultante do Decálogo; as dez companheiras cantavam em todos os gêneros de musica: pois as exultações silenciosas provocaram em vós as lagrimas. Essas, como todas as Rainha, levavam Saltérios nas mãos, visto que a Saudação Angélica é o inicio de toda a verdadeira exultação.
Com essa acolhe e convida em si Deus: de fato Deus ama aquele que dá com exultação. Essa, disse Jerônimo, leva em si todas as riquezas dos bens celestes. Com uma pequena parte dos quais confere as maiores riquezas terrenas e a comparação será como a noite e as sombras, a argila e o ouro.
Por isso é apagada na alma de cada um: Essa é mais incomensuravelmente Rainha do Céu, do que o parricídio é incomensuravelmente um pecado. Existe quem provoque a peste no Reino, devastando à tudo: de quantas mortes julgareis isso digno? E se com os ultrajes haveis destruído a exultação do espírito de todos os justos? Que (exultação) é a vida da alma, a coroa e também a flor e a honra do corpo. Portanto na graça dessa, cantais ao Senhor um Canto novo.

A QUARTA RAINHA: A PACIÊNCIA.

Essa distancia todas as cóleras, blasfêmias e temores obscuros e concilia a paz com Deus; è superior à todos, seja aos homens, seja as coisas humanas: da vencedora ouve os Céus. Inimiga à essa é a Ira. 1. Exulta nessa moradia: “Seja Santificado”. E merecidamente, porque, diz Cipriano, a Paciência santifica os pecadores, aperfeiçoa as virtudes, obtém a vitória; é a armadura dos fortes e a coroa dos Santos. Em uma palavra: Na vossa paciência possuirás as vossas almas vossas. 2. A beleza dessa é tão grande, quanto deseja os corações de todos os homens, porém, não a poderiam nem mesmo imaginar nas suas almas. Em confronto a isso, a beleza da Sagrada Raquel, de Judite, etc… são sombras. Por essa beleza quantos desafios os Apóstolos, os Mártires, os Confessores e as Virgens não afrontaram? Toda a força tirana está contra essa, mas nenhuma está acima dessa. Essa manifesta-se da paixão do Senhor: é o espelho da divina bondade, disse Beda, e permanece eterno. 3. Vós a haveis vista, com dez amigas, purpúreas, cobertas de pedras preciosas e de estrelas, coroadas e assim adornadas. Acima delas nada pode existir. Os olhos não viram e os ouvidos não escutaram, as coisas que Deus preparou para aqueles que o amam. Prova disso é que as almas se acalmam diante dele. Mesmo que ninguém tenha maior caridade do que essa: porém não existe nem mesmo maior beleza e maior glória do que essa. Por isso a Paciência tem uma Aureola especial. 4. Os perfeitos, os normais, os medíocres, perderam (a Paciência). É digno de grande prêmio, porém, quem a manteve. É digno de grande condenação quem a expulsou: esse é um pecado indescritível, a ter cancelado é como a ter decapitado e nem mesmo infinitas mortes poderão fazer perdoar esse pecado.
É como se haveis arranhado a filha de um Rei, por mil vezes. A enormidade do delito é pequeno em relação ao cancelar da Paciência, como são todas as Rainhas mortais, em relação a Rainha imortal e claramente divina. Muitas catástrofes, porém, são planejadas contra a Rainha imortal nas almas dos homens. Por poucos essa é honrada e conservada! Talvez porque não se pede por essa ao Rei da paciência? Por isso cantais ao Senhor um Canto novo.

A QUINTA RAINHA: A MISERICORDIA.

Por essa, disse V. Agostinho, tenhamos compaixão das misérias dos outros, assim como das nossas. E justamente, porque somos irmãos e hospedes na mesma condição. Sem duvida, disse Sêneca, a Natureza é comum à todos, a Sorte é igualmente muito comum à todos. Essa dá aos outros generosamente as próprias coisas, restitui as coisas tiradas; docemente abraça a pobreza de espírito, mas a sua inimiga, a Avareza, profanadora, não se preocupa com todas as coisas sagradas, mas com os roubos, os sacrilégios, o Comércio, etc.
1. A Habitação da Misericórdia está no “Teu nome”, como o Nome do Senhor, disse Ambrósio, é a fonte de toda a natureza; por isso cada joelho deve dobrar-se a esse . O que de bom pertence aos fiéis, que não é dado à Igreja? 2. O que pedireis no meu Nome, será feito à vós: por isso, todos que invocam o Nome do Senhor será salvo. Oh! Nome rico, porque Misericordioso! Por isso o Rei dos Reis é Jesus. Grande Senhor e muito louvável. 3. Deus amedronta com a potência, mas glorifica si mesmo com a Misericórdia; porque com essa santifica e glorifica. Nessa vivemos, nos movemos e existimos. Por essa esperamos a Redenção e não existe no Céu ou na terra, quem se esconda do seu calor. Essa filha de Deus fez descer do Céu sobre a terra o seu Irmão, disse Bernardo. 4. Essa é mãe das obras espirituais e corporais, pelas quais misericordiosamente ensina aos ignorantes, aconselha os duvidosos etc., nutre os afamados, veste os nus, etc. 5. Essa fez servo o Rei do Céu, porque nos conduziu entre os Reis, disse Ambrósio. O mesmo Deus pela sua grandeza cria a luz material; porém, essa é ínfima diante da luz espiritual da Misericórdia, assim como o Espírito é superior ao corpo. A vistes vestida de puro linho, com o Nome Jesus e Maria, por todas as partes, porque aqueles são os Nomes de toda a Misericórdia, disse Bernardo. Levava o Saltério na mão, porque a sua Misericórdia começou na Encarnação do filho. A vistes distinta da tríplice Coroa, porque a Misericórdia de Deus está no Céu, na terra e sob a terra. Enriquecem as mineiras? Mas com bens terrenos, na verdade a Misericórdia, enriquece com os bens divinos. Como são míseros aqueles que não tem misericórdia, assim como são muito cruéis aqueles que são perseguidores e também assassinos dessa (Misericórdia); esses são todos duros e bárbaros nas almas. Então nas ditas cinco Rainhas e nas dez amigas de cada uma, foi possível à vós ver as primeiras Cinqüenta orações do Saltério; e então reconhecereis que essas são evidenciadas em Jesus e Maria e residem na Saudação Angélica; o que permanece, se não através da santa observação do Decálogo, através da graça auxiliadora das cinco Rainhas, cantais um Canto novo, a Deus e à Mãe de Deus no seu Saltério.

SEGUNDO GRUPO DE CINQÜENTA ORAÇÕES.

A SEXTA RAINHA: A ABSTINÊNCIA.

Essa (Rainha) renuncia as coisas licitas e supérfluas no comer e no beber, usa moderadamente as coisas necessárias, com alegria mista e dor. Se alegra com a generosidade de Deus, se entristece com a tristeza; foge do prazer. Submete a carne, para que o Espírito reine; está entre as Companheiras (Rainhas) e ao lado delas. Enquanto de uma parte prepara os espíritos, da outra desarma os carnais. Ao invés, como disse Sêneca, ela é o freio de todos os vícios, e Agostinho: Oh! Temperança, és suave e fina. Tu de fato conduzes uma vida Angélica, desprezes aquela bruta: és nutridora e custode das virtudes. A Rainha de Cipro é mais bela sob o Sol, mais elevada da Lua e mais agradável de disposição das Estrelas. Se opõe como sua inimiga a Gula. Estais naquela habitação do Rei: “Venha o Teu Reino”.

E visto que a abstinência conduz ao Reino de Deus, disse Ambrósio, merecidamente. De fato aqueles que reinam sobre o corpo através da (Abstinência), esses se mantém também no Reino das Virtudes; a esses se deve conceder o (Reino) do Céu.
A beleza dessa é Angelical: por isso nenhuma beleza humana ou terrena pode ser símile, mesmo que em parte, à ela.
1. De fato, a beleza nunca supera a sua espécie, assim cada coisa mortal e corporal é distante, acima das coisas imortais e espirituais. 2. O que não cumpre e suporta os fúteis, para aparecer graciosos? Como adaptam-se, preocupam-se, alimentam-se, maquiam-se, dissipam-se! Porém a Abstinência sai do jejum, mais gorda e mais bonita. Tornais a honrar os jovens, que se nutrem de forma moderada somente de pão, legumes e água. 3. Visto que então essa é vencedora dos vícios, e vencer os vícios é mais glorioso do que vencer os reinos; quem pode expressar em palavras a gloria da Abstinência? 4. Os outros celebram os Heróis, os reis, e os Heitores; eu prefiro essa Rainha a todos esses. Deus não fez deles seus servos, porque nada bastou à garganta deles. 5. Os outros se alimentam e enchem-se de comida, carregam-se desses e fragilizam-se; a mínima quantidade da Abstinência é mais robusta do que (a Gula). A fome, conquistadora das cidades, é a nutridora e a conservadora dessa. Haveis visto, que ela em uma mão leva o cetro e na outra leva o Saltério; a cabeça era coroada de pedras preciosas; com o vestido um pouco pálido, mas com coroas de todos as partes, não perde para ninguém em força; era luminosa e em companhia de dez Virgens. De fato sem essas, ninguém alcançou a santidade ou chegou na assembléia dos Santos. Os inimigos da Abstinência, bêbados e gulosos, a decapitam em si mesmos. É de fato a gula, como atesta Sêneca, o sufocar da razão e de todas as virtudes. Visto que o encadear-se das Virtudes é necessário, a sorte também é igual para todos; por isso, é necessário o cancelamento da abstinência para que as outras sejam vencidas e colocadas em fuga. Direis: não se vê, que aquelas coisas acontecem assim. Porque, eu digo, se tu não tens olhos, com os quais veja acontecer, talvez por isso não representam uma coisa verdadeira? Na alma se vêem e se verão assim representados, Deus, os Anjos e os Santos, as veras, também tu mesmo, mas mais tarde. Por isso, agora e sempre, cantais ao Senhor um Canto novo.

A SETIMA RAINHA: A CONTINÊNCIA.

Essa (Rainha) é a integridade da carne e do Matrimonio (a carne) não só pode, mas deve conservar-se santa; mesmo a Virgem sendo ausente desse , porém, é necessário que (no Matrimonio) a castidade seja presente. E essa é tríplice: da mente, da boca, da obra, como quer São Jerônimo. 1. Por isso São Gregório Nazianzeno (afirma): É a mais bonita de todas as coisas bonitas, a mais suave das coisas suaves, a mais elevada das qualidades morais e Deus e os anjos exultam por quem a defende. Essa ama o outro sexo, mas está atenta e evita a comunhão, odeia toda a ira, toda soberbia e cada ostentação. Ama, disse Aimone, as vigílias, os jejuns, as orações, os cilícios, os castigos e todas as coisas ásperas. Em relação à uma coisa só: o coração puro, para que olhe Deus nos olhos: Beatos os puros de coração, etc. A sua adversária é a luxuria. 2. A rainha nessa Habitação: “Seja feita a Tua Vontade”, porque, 1 Tes. 4 (afirma): Essa é a vontade de Deus: a vossa santificação. Portanto, a castidade procura agradar à Deus, para que seja santa no corpo e no Espírito. 3. A sua beleza então é digna de Deus, possui, leva e liga à si Deus, que a esposa. Deus tinha plasmado Eva, assim como a mais bonita de todas as coisas, porque são perfeitas as obras de Deus: nem, porém, a si mesma, mas a prometia em matrimonio à Adão.
Certamente a Virgindade e a sua vizinha, a Castidade, precedeu o casamento com Deus. Esse (Casamento com Deus) é espiritual aquele (Matrimonio com Adão) era corporal e não tinha valor superior à continência da alma, (Sir.26). Beatos aqueles que desejavam. 4. A haveis vista em um aspecto muito majestoso, acima do homem, coroada de lírios e de rosas; adornadas de flores, era admirável pelo candor puro; resplendente em modo incomparável, era circundada por dez virgens delicadas, Angelicais: a digna Esposa para o mesmo Deus, disse Crisóstomo. 5. Desespero, aquele que violentará a esposa do Rei: será condenado à Morte cruel. E bem, essa é o templo de Deus; porque quem a violará, será arruinado: e violar a castidade, significa arruinar: não existe vida em meio. Oh! Estais atentos às mesmas, é horrendo cair nas mãos de Deus, que não abandona a Esposa nos próprios abraços. A Virgem Castidade gerou Cristo; Cristo gera os Cristãos: essa claramente deveria ser chamada a mãe da Igreja de Cristo; onde a parte mais casta da Igreja é melhor e por isso maior por dignidade, também se não no número. Aquela parte é o sacro Clero, o coro dos Religiosos, pela Profissão, o numero restante dos Castos por vontade. Entre esses vive e reina a castidade e certamente também em um Matrimonio Casto. Por isso essa Esposa de Cristo é mãe dos Cristãos, os quais não dá vontade da carne, mas de Deus nasceram. Disse São Jerônimo: a geração da carne é a morte da Castidade e a sua corrupção. A corpórea destruição dessa realidade tão excelente, poderia ser correspondente à destruição da Virtude! Nenhuma realidade terrena é capaz de conservar a Castidade, ao invés (a podem) todas as realidades do Céu. Por isso louvais Maria, Mãe da Castidade no Saltério: Cantais ao Senhor um Canto novo.

A OITAVA RAINHA: A PRUDÊNCIA.

Essa (Rainha), por São Bernardo, é a constelação e a moderadora das virtudes e a glória das qualidades morais. 1. Reside nessa Moradia: “Como no Céu”. Visto que, disse Varro, é o Sol das Virtudes, que atravessará a noite da ignorância e o céu estrelado. As outras Virtudes, disse Jerônimo, são como as rosas e os lírios. A Prudência é o Céu, que esplende sobre todas as coisas. 2. A sua força e o seu máximo louvor é resposta na arvore da vida, mas ajudará aos corpos sós; a Prudência é mais digna, porque leva às almas a vida e também as mais altas coisas espirituais.
Haveis visto, por isso, como uma Rainha, residente em um palácio estrelado, a qual beleza, como revela Deus, não pode ser vista, nem compreendida pela mente. A haveis vista coroada de estrelas, revestida de estrelas e acompanhada de dez Virgens estraldas, símiles a essa. 1. É mais importante receber uma sua pequena graça, do que ter adquirido a ciência de todos os Filósofos, como pensa Santo Agostinho. É de fato a escola de todas as virtudes, sem a qual todas as coisas são sombrias. 2. Com quantas despesas e com quantos esforços, muitíssimos, uma vez se cansavam em procurar, mesmo que fossem valentes na humana e natural (prudência), porém, ignorando (a Prudência) divina. Por isso perderam-se nos seus pensamentos, porque não glorificaram Deus. 3. Cada pecador é estúpido: mesmo desejando aquilo que conhece o sábio, faz morrer (com o) pecado em si a verdadeira prudência. Vendo, é cego e vivendo, é morto. Mas certo, o prudente vive em meio à morte, em modo imortal. Por isso cantais ao Senhor um Canto novo.

A NONA RAINHA: A JUSTIÇA.

Essa restitui à cada um aquilo que o pertence: a obediência aos superiores, a instrução e o exemplo aos menores, a amizade fiel aos iguais. Assim (afirma) Sêneca. Por isso é a Rainha das virtudes, o decoro dos costumes, o limite das obras, a Imperatriz de todas as coisas: sem essa, todas as coisas são pura tirania. Beatos os Reinos, no qual reina a Justiça. Assim (afirma) Macróbio. 1. A sua Moradia é a palavra: “E na terra”. A Terra, disse São Basílio, é o nosso corpo e deve ser dominada, comandando assim a Justiça. É muito injusto, disse São Bernardo, que os servos comandem e que os patrões sirvam. A qual injusta posse muitos reivindicam sobre si mesmos, sobre os outros e sobre as coisas dos outros. 2. Me escutais, então, amanhã alguns de vós não poderão escutar; só, quatro que agora estão presentes e estão sãos, morriam antes que nasça o Sol. E o resultado corresponde. De fato, quatro ladrões injustos do Soberano não sobreviverão até amanhã. 3. Vós suplico, vos corrigíeis: desejais a justiça. O justo não se comoverá eternamente, para que a sua justiça permaneça para sempre. Oh loucura! Oh, coisas humanas que desaparecem, oh, coisas feitas de terra, privadas das coisas divinas, eternas, celestes! Não assim os justos. Os justos, viverão eternamente, junto à Deus é a recompensa deles. 4. Haveis visto essa insigne Rainha, com um vestido de todas as cores, com essa mão segura o cetro, com aquela segura a espada, circundada por dez virgens, as quais superavam grandemente a delicadeza do aspecto daquelas já ditas: eram todas as Virtudes, servas da divina Justiça. Para que nos mereçamos de ter os seus favores, cantais ao Senhor um Canto novo.

A DÉCIMA RAINHA: A FORÇA.

Com essa (Rainha), o homem permanece constante nas adversidades, intrépido nas coisas inesperadas. Com ela são freados o Temor e a Audácia, vem seguidos fortemente os Mandamentos e os Conselhos de Deus, são destruídas as tentações, os escritos tirânicos são despedaçados, se expulsa o relaxamento, o vicio vem erradicado, a virtude e a honestidade são honradas.
1. A sua Moradia está nessas palavras: “O nosso Pão cotidiano”. Como a força fortalece o coração do homem, assim essa fortalece a alma e o espírito. 2. O haveis vista Majestosa, quase em um palácio real, dotada de cetro e coroada por dez estrelas; que leva com a direita o loro, com a esquerda o escudo com uma lança, no qual como símbolo brilhava a Cruz de Cristo. O seu vulto é de uma graça maravilhosa e o decoro de tal aspecto, que é animada de zelo viril e heróico. Excelente pela força, mas mais excelente pela prudência e pelo conselho, pronta à trazer ajuda. Vedeis as suas dez virgens com pães e alimentos. 3. Ocorre que avalies cada uma dessas coisas, (como se) toda a força do corpo dos homens e dos animais fosse recolhida, em um único corpo. A sua altíssima força então, não teria alcançado a parte mais baixa da força espiritual. Essa aos muitos frágeis dá uma força imensa, aos fortíssimos (ao invés), com o soprar do seu espírito, fragiliza e aterra. Por isso não temeis, pequeno rebanho: Deus escolhe as coisas frágeis do mundo para confundir as coisas fortes. 4. Porém, não obstante isso, também (a força) pode extinguir-se, ou ser arrancada do homem; mas, (só) se ele mesmo o quer, por causa de um grandíssimo pecado. Desespero! Quantos tormentos, esses intensamente sofriam! Esses, não são mais, só, como os culpados de parricídios, não só como aqueles que ofenderam toda a força da natureza em todas as coisas criadas, mas também são como aqueles, que tem desprezado a graça da fortaleza divina, e o tem arrancada em si mesmos. Então é necessário recordar que, depois de ser abandonada por Deus, sem se arrepender de todos os pecados, esses são deformados pelo demônio. Isso não acontece com aqueles, que no Saltério, cada dia, freqüentemente, cantam ao Senhor um Canto novo. 5. Por isso, visto que todas as Virtudes, como atesta Agostinho, são dirigidas a colocar em prática os Dez Mandamentos de Deus; assim também são as cinco (Virtudes), agregadas com cura e esforço, para as adquirir: e com essas cinco (somadas) as outras virtudes, chegamos a dez, e completa-se justamente o segundo grupo de cinqüenta orações! Para que Deus vos dê a graça e a Mãe de Deus vos dê a ajuda, no Saltério, cantais ao Senhor um Canto novo.

TERCEIRO GRUPO DE CINQÜENTA ORAÇÕES.

A DÉCIMA PRIMEIRA RAINHA: A FÉ

Essa (Rainha) é o fundamento das coisas que se devem esperar, a prova das coisas que não se vêem. Essa, disse São Jerônimo, ensinou aos homens as coisas Divinas, instruiu os Patriarcas, rendeu estável aos Apóstolos e a Igreja. Essa, disse Santo Ambrósio, acredita nas coisas que não vê: julga as coisas que não conhece. Essa é a regra da Caridade, a Lanterna da Esperança, a Norma da Prudência, a Forma da Ciência, a Anunciadora da Santíssima Trindade e a Esposa dos Santos. Essa é a Escala dos viventes, a Torre dos combatentes e a Nave daqueles que encontram-se em perigo; a guia segura ao porto da glória. 1. A sua Moradia está em: “Nos dê hoje”. A Eucaristia, o Mistério da Fé, nos dá o Pão cotidiano espiritualmente ou sacramentalmente. É dada aos fiéis, aos filhos, não aos cães, que estão fora. 2. A Fé supera todas as Rainhas ditas antes, pela beleza e pela gloria, visto que essa é Teologal, enquanto essas são humanas. 3. Por isso o haveis visto com uma veste de três cores: cândida em baixo, púrpura no meio, áurea encima, certamente pela fé em relação à Encarnação, a Paixão, a Ressurreição e à gloria da Santíssima Trindade.
Era Majestosa, levava uma tríplice Coroa:Prateada, Preciosa e Estrelada. Na mão direita levava o Cálice com a Hóstia Santíssima e dando-a aos fiéis, os dava a vida; na mão esquerda levava a Cruz do Senhor, com as armas da paixão. 4. A sua beleza é maior do que a beleza natural das nove ordens dos Anjos. E com justo mérito. De fato, através dessa obtém-se o Bem divino da eterna gloria, que é maior do que toda a natureza Angélica. Por isso é mais agradável à Deus uma alma com a fé formada, do que só a natureza de toda a Hierarquia. 5. É necessário acreditar que, um pequeno ponto de Fé, é mais verdadeiro do que qualquer coisa compreensível, na natureza. Visto que a luz natural sem duvida é muita, sob a luz da fé; esclarece-se que a menor coisa da Ordem Superior é infinitamente mais perfeita, do que qualquer coisa da Ordem inferior. 6. Não se poderia calcular o dano na alma, se ousasse duvidar ou negar a crença na menor parte da fé, exceto se confessasse culpável em todas as coisas. Porque, se então o Senhor, disse: Pedro eu orei por ti, para que não diminua a tua fé, como mais devemos suplicar? Por isso, cantais ao Senhor um Canto novo.

A DÉCIMA SEGUNDA RAINHA: A ESPERANÇA.

Essa é a espera segura da futura alegria, segundo os méritos precedentes. De fato sem esses (méritos), seria presunção. 1. A Moradia da Esperança está aqui: “Remete a nós os nossos débitos”. Através da Esperança em Deus, existe a remissão dos pecados. Assim David esperou, mas ao contrario Caim desesperou. 2. Acolhe em si a Esperança, aquele que acredita, que o mínimo da Potência divina seja mais capaz de salvar, do que os pecados sejam capazes de condenar. Por quanto até agora tu tenhas pecado, até agora não recebestes o menor grão da Clemência de Deus. Porque qualquer coisa que esteja em Deus, é ao mesmo Deus. Blasfemasse, oh Caim, quando dizias: A minha iniqüidade é maior do que o perdão que eu possa merecer. Oh gloria verdadeiramente grande da Esperança! Exclama São Máximo. 3. Vós mesmos haveis visto a Rainha junto ao Rei Jesus Cristo, entre as dez Virgens companheiras, vestidas de ouro, ajoelhadas junto a Rainha suplicando pelo gênero humano, Deus (que é) bondoso com aqueles que tem fé. Haveis visto, também a Rainha, que escreverá os eleitos no livro da Vida. A sua beleza e a sua superioridade parecem símiles à Fé, sem duvida grande quanto ninguém é capaz de dizer. Por essa merecemos e mereceremos Deus, que assim quer e que se dá a nós. E essa maravilha dileta, assim podemos estar entre os filhos dos homens. Em conseqüência deve-se valorizar com facilidade, a desmedida desesperação, que induz a alma do desesperado ao ódio de Deus. Visto que Deus vos protege desse (desespero), cantais ao Senhor um Canto novo.

A DÉCIMA TERCEIRA RAINHA: A CARIDADE.

Essa (Rainha) tudo crê, tudo suporta, não é ambiciosa, etc., é a alma e o modelo de todas as virtudes, disse Santo Agostinho, sem essa a Virtude não vale nada, não vale nada o mérito: por essa, com o tocar a água fresca, ganha-se o Céu e o próprio Deus. Essa é a vida dos méritos e a justa recompensa é a santidade dos Santos, o fogo das almas, a veste dos nus e a veste nupcial. Essa dispõe todas as coisas e não existe quem se esconde do seu ardor. 1. A Moradia está nessas palavras: “Como nós perdoamos à quem nos tenha ofendido”: “E perdoai as nossas ofensas”. Como atesta o Cristo Senhor à pecadora: Sejam remetidos os seus muitos pecados, porque amou muito. Mas na medida com a qual haveis julgado verso Deus e o próximo, com a mesma (medida) também vos sareis julgados; perdoa então e serás perdoado. Temas o exemplo do servo indigno. E na verdade, porque não? Talvez vós todos não sois irmãos? E talvez que não está em todos Deus, através da essência, da potência e da presença? Porque então não reconhecemos de amar à todos e de perdoar ao próximo, no qual sabemos que está presente Deus? O que nessa vida negais ao próximo, o haveis negado à Deus. Escutais Santo Anselmo. Disse: Deus é tudo em todos, enquanto existem; por isso também deve existir para todos uma regra. São Gregório de Nice, disse: Oh! homem, já que amas algo, porque amaras menos à Deus, do qual derivam todas as coisas? Amas a doação e menos o bem? Porque não amas o Sumo Bem e Aquele que dá todas as coisas? Amarais também o próximo, como à ti mesmo, visto que disse São Gregório: é como tu da mesma natureza, participante da mesma gloria, e um único ser como tu em Deus, no qual vivemos, nos movemos e existimos. 2. Haveis visto a Rainha com três Coroas, para os três tipos de Amor. Era a auxiliadora de todos, circundada por dez próprias Virgens. 3. A sua beleza e o seu valor não podem ser medidos, se não pelo que disse São Máximo: O amor da Caridade é o Amor do Deus eterno. Quanto mais é medido o dano da caridade perdida, maior é o pecado mortal. Disse; nessa alma não o vejo, nem com a visão, nem com o sentido. Tu não vês o coração e não sentes a alma, mesmo se é sabes que ela está verdadeiramente em ti. E por que amais na perfeita Caridade, cantais ao Senhor um Canto novo.

A DÉCIMA QUARTA RAINHA: A PENITÊNCIA.

Essa é a dor colhida para pagar pelos pecados e se proteger deles. E essa é a ruína dos vícios, a recuperação da virtude, a confusão dos demônios, a exultação dos Anjos e a medicina do mundo. Se bem, disse São Gregório Nazianzeno, as outras virtudes devem ser amadas pelos homens, essa deve
ser mais amada pelos pecadores. 1. A sua Moradia essa nesse : “E não nos deixeis cair em tentação”. De fato disse São Jerônimo: Através da penitência, nos liberamos das tentações do demônio, do mundo e da carne. A haveis vista suplicando, com uma tríplice Coroa, por causa das suas três partes; com uma veste de cada cor, visto que a Penitência tem por companheiras todas as Virtudes. Levando, com a mão esquerda um chicote coroado de flores, com a mão direita uma taça de licor docíssimo; que fazia beber aos penitentes, cada uma das suas deformidades se transformavam extraordinariamente em um tipo de graça. Certamente o ódio do pecado é tão grande em Deus, que, se fosse possível, para apaga-lo da alma do homem, também (Deus) não hesitaria de morte. Visto que isso não é possível, ele levou ao cumprimento a natureza humana, que tinha assumido.
Através dessa, toda a força da penitência dos fiéis se difunde; assim como no Sacramento, ou ao menos quando existe um só ato de contrição perfeita93, os pecados são destruídos, como nuvens. Toda a força dos Reis está na boa sorte, mas a eficácia da penitência está na graça, a qual nada coisa pode ser símile em natureza. 3. Essa porém, é odiada por aqueles numerosíssimos, que odeiam os jejuns, as confissões e a fuga dos pecados habituais e tendo cumprido o mal, exultam nas no desastre: desespero aqueles que transformam em veneno o remédio da Penitência. E para que Deus mantenha vos distante desse mal, cantais ao Senhor um canto novo.

A DÉCIMA QUINTA RAINHA: A RELIGIÃO.

Essa é dúplice: consiste seja naquela (religiosidade) comum aos fiéis de Cristo, na observância dos Mandamentos de Deus; seja naquela particular, na observância dos Conselhos Evangélicos. E é antiqüíssima, era já poderosa em Moisés e até mesmo no povo dos Sacerdotes mais Santos; continuada por Samuel e pelos Profetas; cresceu de forma muito extraordinária sob Elías e Eliseu, também prosperou honrada; enfim aperfeiçoada e confirmada por Jesus, começou a florescer gloriosamente. Nenhuma outra Religião foi mais alta daquela que Cristo e os Apóstolos, conduziram entre os homens. Dessa certamente, (a religiosidade) comum dos Cristãos, é muito distante. Como a diferença da vida pode e deve levar à expressa observação dessas coisas: tornar participe da Pobreza, da perfeita Obediência e da integra Castidade, em relação aquela (observação) comum que existente em todos; dessa forma, essa pode ser só de poucos, pelas suas eminentes excelências. E resumirei à vós, essas quinze virgens, na Ordem das Rainhas. Essa décima quinta unidade, a mais alta de todas as outras, contém em si todas as perfeições dessas; essas a adornam em modo muito solene, acima do excepcional, próprio como uma sumidade. Essas então são:
Do primeiro grupo de Cinqüenta orações: 1. A excelência da suma perfeição na Religião consiste na disposição de quem se lança (na estrada) da perfeição. 2. Na continuidade de quem progride. 3. No exemplo dos mais anciãos e na disposição de educar os menores. 4. Na exclusão dos malvados. 5. Na mais evidente pureza da vida.
Do segundo grupo de Cinqüenta orações: 6. Na mais evidente adequação e perfeição da vida contemplativa. 7. No desprezo mais absoluto do mundo. 8. No cancelamento e no distanciamento do forte demônio. 9. Na mortificação e na imolação mais perfeita do corpo. 10. Em um melhoramento da (própria) condição.
Do terceiro grupo de Cinqüenta orações: 11. Na vida em comum mais santa e quase Angélica dos irmãos. 12. Na seriedade da penitência mais regular e mais durável. 13. No sacrifício maior da inteira humanidade, até o juízo, a vontade e a capacidade. 14. Na abnegação quase infinita da vontade e no bem infinito, que, se pudesse conseguir, queria para sempre. Pode não querer ou querer, bens infinitos, como uma (pessoa) livre, mas não pode os ter ou perseguir. 15. Na renuncia feita às mãos do próprio Senhor, ou seja de Deus, de possuir qualquer coisa, para que todas as coisas retornem à uma somente, da qual saem fora segundo aquela sentença: Quem não renuncia à todas as coisas que possui, não pode ser meu discípulo. E das quinze coisas enunciadas, aparece seguramente a diferença entre a Religião em modo especial Apostólica e aquela comumente cristã. É clara heresia querer afirmar que essa ultima seja de perfeição igual ou superior àquela.
Os Religiosos restituem à Deus todas as coisas, os seculares ao invés somente uma ou outra coisa, à seu prazer. O mesmo ocorre com os Bispos, que mesmo estando numa perfeição hierarquicamente superior de Poder, não estão numa superior (perfeição) de Virtudes, em relação aos Religiosos e esse frequentemente, mas não sempre. 1. A Moradia da Religião está nesse : “Mas livrai-nos do mal. Amem”. E justamente. Visto que a religião, segundo Agostinho, liga tanto ao bem: que afasta todos os males; assim também une à Deus, como livre do mundo; assim priva do próprio sentimento, como dá ao homem um sentimento Angélico. Por isso também, disse São Jerônimo, os homens obtém na terra com suma dificuldade, aquilo que os Anjos no Céu tem com facilidade. 2. Na Religião depois elevam-se duas coisas excelentes: a primeira, que é o gesto daquele que oferece à Deus a adoração; o qual ultrapassa todas as virtudes morais. A segunda, que professa a observação dos Conselhos Evangélicos: que se soma à Fé e a Esperança. 3. A haveis vista, levantada com uma tríplice coroa, por causa dos três votos, com um vestido pintado de varias cores, pela variedade das Ordens; levava na mão direita o Crucifixo: os Religiosos foram crucificados por Cristo e são mortos no mundo; na mão esquerda levava o livrinho, pelo fato que a Religião é ordenada para contemplar; com os pés esmagava o dragão. Isso é próprio da Religião, dominar o Diabo. As dez companheiras, Rainhas muito símiles, vigiam ao cumprimento da observação do Decálogo.
Visto que então não existe nada de igual à Religião Cristã ou Religiosa pela beleza, vastidão da glória, grandeza da excelência, certamente àqueles que a traíram com a Apostasia, lançando-se além da enormidade dos pecados; não existirá futuro: além de desesperados, serão jogados da vida mortal à morte imortal. Seguem de perto desses, aqueles que retardam a reforma necessária da Religião. Esses tais são símiles aos cruéis Faraós e Herodes e como esses será o futuro daqueles. Para não ser envolvidos um dia, participantes, nas penas daqueles, cantais ao Senhor um Canto novo.


EPÍLOGO.

Revogais então com as almas e colegais o futuro, comparais as coisas ouvidas e aquelas vistas. Depois entre vós mesmos, iniciais um raciocínio: cumprais as ações e o estilo da vida vivida segundo o modelo das Rainhas e só então, em previsão da futura eternidade, julgais entre a (vida) Beata e aquela Condenada.
Certamente agora recomendo esse exemplo, digo, o Saltério de Cristo e de Maria, do qual quinze Orações do Senhor são Rainhas: ao invés as dez Virgens, por quinze vezes, indicavam as cento e cinqüenta Saudações Angélicas: dessas, justamente se cumpre o Saltério: no qual, visto que todas as coisas são santíssimas, sejam as palavras, sejam as coisas significadas, em relação aquelas Rainhas deve-se saber que, o seu majestosos e digno palácio é disposto por Deus. Certo, eu verdadeiramente gostaria que vós também soubésseis dessa verdade e pensásseis que nada aqui sobre as Rainhas e sobre o cortejo delas é humano ou inventado.
E isso é manifesto, de verdade mais fácil do que se tivesse sabido as mesmas coisas por parte minha, somente com o ouvido. 1. Vós mesmos, com os vossos olhos, haveis visto a verdade: e observais dentro daquele Mistério (Eucarístico) divino e extraordinário, no qual não pode ter nenhuma ficção, nenhum suspeito. 2. Haveis visto também essas coisas, que são sagradas, que são santas e plenamente divinas. 3. E foi concedido de ver as mesmas coisas, não à um, nem a poucos, mas a mais de trezentas pessoas aqui reunidas. 4. Chamo como testemunha as vossos mesmas almas e as emoções das almas, maravilhosamente misturadas à alegria e tristeza. 5. Levo como testemunha a mesma Suma Verdade de Jesus, no qual haveis visto aqueles grãos maravilhosos. Quais são e de que gênero? A Humildade, a Paz, a Exultação, o Espírito, a Paciência e a Misericórdia. Esse é o primeiro coro das Rainhas. Na segunda Coroa estavam: a Abstinência, a Continência, a Prudência, a Justiça e a Força. Seguiam as maiores, a Fé, a Esperança, a Caridade, a Penitência e a santa Religião. Das quais, o que tem de mais alto a inteira Igreja de Deus?
XVI. Por isso que as Virtudes Rainhas estejam profundamente impressas nas vossas almas e honradas novamente a cotidiana memória dessa no Saltério. E se quereis, então me escutais. Vivamente aconselho isso, que cada um se entregue nos dias festivos para as ditas virtudes, nas quais se venerem em sucessão, todas as (Virtudes) praticadas. E que cada um disponha ou alcance os altares sagrados e dedicados à essas, sobre os quais as representem em altas estatuas, esculpidas conforme a índole. E que não sejam estimadas aquelas Virtudes (dignas) de um lugar inferior, às Sagradas Relíquias dos Santos, ao invés, as considere todas dignas de honra também mais alta. Mas para que nenhum erro se insinue sobre qualquer argumento na alma de alguém: experimentais as razões do conselho nas festas e eu digo, que as virtudes se honram no modo devido, com os altares. 1. Visto que as razões, pelas quais honramos os Santos, são as Virtudes. 2. Pois, nos Santos as mesmas virtudes são altíssimas e através dessas (Virtudes) que são grandes, esses mesmos são grandes. 3. Se acrescenta que a glória dos Santos se deve admirar e venerar, mas esses voam em alto glorioso através das Virtudes. 4. Se voltásseis as almas às origens das Virtudes, sabereis que essas provém da eternidade, da divina Providência. Assim as leis do pré-estabelecido desenho divino, segundo as quais (à Deus) agrada salvar com a estabelecida divina bondade. Ora pois: 1. Essas existem desde sempre em Deus e existiam, porque não creio que tais realidades sejam distantes do mesmo Deus, também com a só razão. Em conseqüência, então ninguém duvidará, até a tal ponto que a esse seja devido o culto de adoração, como únicas e mesmas com Deus. 2. Enquanto, na verdade na Humanidade de Cristo e na Mãe de Deus Maria, surgem beatas plenas e notáveis, pedem a veneração em modo superior. 3. E as mesmas enfim encontram-se em todos os outros Santos, que reivindicam para si justamente o próprio culto de veneração.
E nós não atribuímos àquelas Virtudes uma natureza humana, mas um modo de ser e isso não (atribuindo) à essa nenhuma existência, mas apenas uma força e uma símile eficácia. Recomendo uma só Oração do Senhor, e dez Saudações Angélicas, em memória e em honra da Humildade, outro tanto para a Paz, etc. e assim andando adiante com todas (as outras), devotamente e santamente, cumprirás inteiramente o Saltério. Então cantais ao Senhor um Canto novo, porque fez maravilhas.

Termina aqui o Sermão do Santo Pai Domingos, revelado ao Novo Esposo de Maria.

PEQUENO ANEXO.

E de minha iniciativa, acrescento algumas palavras, para confirmar o que foi dito por São Domingos. Escutei que uma santa rezava habitualmente desse modo. Conheci também muitos Santos, que orando assim, viram essas Senhoras belíssimas no aspecto, acima de todo valor. Assim para São João o Mendicante, apareceu a Misericórdia de Deus, à um outro apareceu a Graça de Deus. E verdadeiramente a Sagrada Escritura, conforme Deus, está toda nos louvores das Virtudes e nos desprezos dos vícios, como notou São Gregório.

CONTINUAÇÃO DA HISTORIA.

XVII. São Domingos pronunciou esse Sermão em três partes diferentes e todas as partes no mesmo dia. A primeira na parte matutina, logo apos as funções divinas; a segunda entorno à hora do almoço e a terceira na hora vespertina. Visto que São Domingos, enquanto dizia essas coisas, tinha frequentemente notado, que todos aqueles que vivem na graça de Deus possuem dentro de si as quinze Rainhas, junto com as cento e cinqüenta Virgens; essas comoveram a muitos, que as tinham visto no Santíssimo Sacramento. Por isso no dia seguinte, se reuniram e perguntaram como os justos podem ter em si tantos dons? O Santo Homem surpreendeu-se e no inicio, disse: Dentro de vós está o coração, as vísceras e a alma, mas nunca as haveis visto. Existem em muitos de vós numerosos pecados, desmedidos e porém, não os veis. Se vós olhais manifestamente à essas coisas, morrereis todos ao mesmo tempo. Assim não veis a Virtude nos justos; nem os presentes os vem. Superam de fato cada visível capacidade em beleza, graça, força e eficácia.
Depois voltou-se à Deus com uma oração secreta, em segredo e com energia, para que, tendo piedade da dureza do povo, realizasse aquilo que, segundo a sua divina Clemência, reputasse justo para os salvar. No mesmo momento, o Senhor Jesus, os disse: Tenhais fé, não temer. De à eles: se querem durante a quinzena fazer penitência com jejuns, orações e outros pios exercícios, e, purificados através da sagrada Confissão, quisessem receber a Santíssima Comunhão, acontecera que verão as virtudes em si próprios. Esses prontamente respondem e asseguram isso. A maior parte foi confessada pelo mesmo São Domingos no mesmo dia, o décimo quinto, esses de ambos os sexos, de quase todas as condições e ordem, recebera, das mãos do mesmo São Domingos a Santíssima Eucaristia, contra a opinião do Bispo Radonense e do Magistrado secular. E a maior parte, enquanto recebia o Santíssimo Corpo do Senhor, parecia ter recebido um carvão de fogo, assim como aos luxuriosos, aos não arrependidos, aos avaros (parecia ter recebido) uma pedra, aos não devotos uma massa de chumbo e isso em modo que não eram capazes de o fazer sair da boca ou de o fazer passar através da garganta. Por isso logo depois, com medo da morte e com as almas dilaceradas, confessaram-se com maior pureza e honestidade. Assim imediatamente puderam acolher a Santíssima Eucaristia neles, com suma consolação a visão tornou-se visível aos olhos, de cada um em si mesmo, assim como aos outros que se comunicaram santamente.
Ao mesmo tempo, colmos da graça da benção divina eram a tal ponto inspirados, que desmaiaram pela força da visão, perdendo os sentidos. Viam entre as Rainhas e as outras Virgens, o Senhor Jesus Cristo, que tinha recebido, o Esposo das Virtudes junto com Maria sempre Virgem, que era ali presente. E não é nem mesmo surpreendente, porque na Divindade da Eucaristia o mundo é mais verdadeiro, que em si mesmo. Por tal razão, aqueles que recebem a Santíssima Eucaristia no modo devido, recebem Deus, e qualquer coisa aconteça em Deus.
É maravilhoso que não só nos religiosos, mas também nas crianças e nos rapazes inocentes se manifestaram aquelas mesmas coisas e ao mesmo tempo, (viram) também, quase todas as Cortes Celestes. A razão é clara porque como Deus é tudo nos Beatos, por graça é tudo em todos.
Daquele tempo os fervores de todos voltaram-se somente para São Domingos O mesmo Comandante, todo o Clero e toda a nação, diziam que seriam beatos, se fosse possível ter São Domingos com eles, como Arcebispo da Bretanha. E visto que rejeitava continuamente essa honra, (o Comandante) criou um pretexto construído com a arte sem a força e a colocou em execução. Ele comandou severamente em todas as zonas da Bretanha, que ninguém permitisse a São Domingos de sair ou de se distanciar da pátria, obrigando-o a assumir o Episcopado. Mas inutilmente se joga a rede diante dos olhos dos pássaros: São Domingos entregou-se à vontade de Deus e tornou-se invisível, sob os olhos daqueles que o estavam em volta, saindo da Bretanha e naquele mesmo período foi visto na Espanha, da onde seu Pai era originário.
O Comandante ordenou que cada preparativo fosse predisposto para o dia seguinte, para que fosse eleito Pontífice Dolense: que faltava naquele tempo. Ao Comandante chegou primeiramente a noticia segura, que São Domingos (como) apareceu (assim) desapareceu e não se via mais em nenhum lugar. Esse Comandante colocou em movimento tudo, mandou buscas por todas as partes, em toda a Bretanha. A acurada procura já tinha durado um mês inteiro, quando soube-se que ele estava em meio aos Espanhóis e que durante aquele mês tinha pregado na Espanha, com varios milagres.
A esse ponto, verdadeiramente uma suma admiração se apropriou de todos, quando se descobriu que o Santo homem pelo dom da mobilidade e da ligeireza, no mesmo dia, foi transportado da Bretanha pela potência divina para a Espanha. Então a esperança e a coragem retornaram mais fortes entre os habitantes. As delegações, uma depois da outra, reuniram-se para suplicar à São Domingos de aceitar a nomeação de Superior. E a esse disse: O Senhor me mandou para evangelizar, não para ser Bispo. Andais, dizeis aos outros: se recordem do que virão e receberam: e permaneçam na graça e no temor de Deus. De fato se os infiéis conheceram aquela graça, abandonarão os erros e acreditarão no Senhor Jesus Cristo.
O nosso Frei João do Monte narra que São Domingos fez algo símile em Compostela, que foi Mestre de todos os dois direitos e da Sagrada Teologia, quando conseguiu o titulo de Bacharel. Ele foi companheiro de São Domingo, antes da fundação da Ordem dos Pregadores, quando aconteceram as coisas ditas por São Domingos, que então operava somente como Canônico Regular.

EXAME TEOLÓGICO DA VISÃO.

XVIII. Como viram com os olhos aquilo que foi dito não sei. Talvez tenham visto com a imaginação, com a simples inteligência ou com a visão corpórea. Sei que: uma pessoa vivente, Novo Esposo de Maria, viu frequentemente coisas parecidas. Não creio que pude ver todas as coisas pela visão corpórea: porém não nego (que possa existir) visões melhores que as outras. Nem a visão pode ser completamente uma imaginação, quando a imaginação não supera a medida, como disse Avicena! Ninguém negará que uma maior aparição da beleza, não poderia ser produzida pela imaginação nesse mundo. Por isso acredito principalmente, que aquelas coisas tenham acontecido por visão Intelectual, com o acréscimo de uma forte imaginação. Visto que a Inteligência pode compreender algo de maior, de mais bonito e de mais excelente, sem comparação aquilo que se acredita existente na natureza corpórea. De fato a mínima beleza da alma racional é melhor do que todos os limites, do que a inteira ordem de todo o mundo corpóreo.
Se perguntassem: Como as Virtudes apareceram, sob o aspecto humano, visto que as disposições intelectuais não são necessárias, mas contingentes? E porque sob o aspecto feminino ao invés do masculino?
Respondo: 1. As almas das mulheres e dos homens são esposas de Cristo, uma mulher é porém a razão do matrimonio: por isso aparecem sob o aspecto feminino. De fato o único Esposo de todos é somente Jesus Cristo. 1. Uma contingência espiritual então pode ter um aspecto a cor e os lineamentos corpóreos, visto que segundo Dionísio, Ilário e Agostinho, como aos profetas em uma visão de uma figura, através dos véus das coisas sensíveis, se revelará o infinito da divina inteligência e o raio da providência. A Imaginação dos Profetas não entendia esse raio, através do qual via figuras divinas. Assim também essas visões de imagens eram corpóreas, como acredito, mas, também houve a iluminação divina; através da qual as mentes daqueles que viam essas coisas, eram levantadas à observar imensos e divinos dons, representados através daquelas imagens. Assim Daniel, assim Jô, etc. Porém, a mente deles não permanecia entre as coisas corpóreas, mas era arrastada por Deus em direção das realidades mais altas. Por isso mesmo que as figuras parecessem vistas na sua beleza, eram limitadas em relação à imaginação, mas eram infinitas, em relação aos corpos, em base a mente e isso estava acima da divina iluminação.
São Domingos afirmou ao Novo Esposo de Maria, que essas coisas se cumpriram de forma maravilhosa.

FIM DOS SERMÕES DO SANTO PAI DOMINGOS


BEATI Fr. ALANI REDIVIVI RUPENSIS, TRACTATUS MIRABILIS DE ORTU ET PROGRESSU PSALTERII CHRISTI ET MARIAE EIUSQUE FRATERNITATIS.
1847

O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário.
B. ALANO DA ROCHA


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