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Saltério de Jesus e Maria


HISTÓRIAS – REVELAÇÕES - VISÕES
DO BEATO ALANO DA ROCHA
RETORNADO À VIDA.

CAPÍTULO I.

Prólogo de elogios do Saltério do Esposo e da Esposa, (ou seja) de Jesus Cristo e de Maria, Virgem Mãe de Deus.

Deus, cantarei a ti um Canto novo: cantarei a ti com o Saltério a dez cordas (Salmo 143). Quem o mesmo Salmodiante exorta também os adoradores de Deus: Cantais ao Senhor um Canto novo, porque ele fez (Sl. 97), com certeza na Encarnação, na Paixão e na Ressurreição do seu Filho. Tais (coisas maravilhosas), junto aos outros benefícios obtidos para nós junto a Deus, dão a ele claramente o lugar mais importante. Todo cristão é obrigado com toda a alma a Deus, por essas coisas maravilhosas. É importantíssimo que nós quase em competição, expandimos as nossas almas na presença de Deus, nos seus louvores com todo o coração, a palavra e a ação; e que não nos acusem de ter um alma ingrata. Quanto mais deve seguir o Salmodiante e cantar ao Senhor um canto novo.
I. Novo: visto que segundo São Bernardo, é divino o canto Nupcial do Esposo e da Esposa, a dúplice oração do Novo Testamento, saída da boca de Deus. Numa dessas (orações), expôs o auspício de Gabriel a Maria Esposa de Deus, noutra (oração) Cristo esposou a sua Igreja. E por isso, aquela é a Saudação Angélica e esta é a Oração do Senhor: ambas receberão o nome do mesmo acontecimento, e o titulo do Autor. 2. O mesmo Cântico novo, honra a Mãe de Deus, como uma agradável sinfonia aos ouvidos divinos. 3. (Esta oração) foi o início do Novo Testamento, e também a primeira palavra do Evangelho, que, como a menor das sementes de mostarda, gerou a maior árvore entre as árvores, o Evangelho. As pequenas partes e as concisas palavras de (tais orações) eram como numerosas sementes de uma flor de papoula. 4. A outra (oração) do Santo Evangelho, no Novo Testamento, foi o primeiro e único modo, novo e universal de rezar e de honrar a Deus entregue pelo Senhor dos discípulos: e esta se tornou na nova Igreja geradora, fonte e princípio de todas as outras fórmulas de celebrar que se seguem. Todas as coisas seguem a esta oração, assim como os rios, desembocam no mar.

II. É novo também: 1. Porque (esta Canção) é a nova ajuda dada pelo Céu aos homens, para pedir, com as divinas orações, o perdão das nossas culpas. 2. E isto é de uma eficácia extraordinária, de uma infinita utilidade, de um valor inenarrável e enfim de uma doçura inestimável diante de Deus. 3. Este flexibiliza as consolações divinas, procura as sagradas revelações e opera grandíssimos milagres. Este foi o início do Evangelho, a saudação do Anjo: O verbo fez-se carne: este é o dom dos dons por três vezes Santíssimo: é a luminosa direção de todas as revelações: é o mais alto dos milagres e a coisa mais alta de todas. 4. É novo enfim: porque a nova Igreja foi gerada por ambas as orações, e surgindo acreditou e cresceu também de todos os carismas de graça, e foi corroborada em espírito, vigor e sangue, agredida sem dúvida, mas por nada destruída.

III. Que Cristão não acolheria com alegria os dois Divinos Cânticos: aquele de Cristo, Esposo de Maria, e o da Esposa, como um celeste Hino nupcial? Nessas existe exultação beato dos Anjos, o Jubileu, a alegria de Cristo e de Maria; por isso exulta triunfante toda a Corte celeste, e a Igreja militante luta fortemente em campo aberto. O agradável espetáculo oferecido por Deus, aos anjos e aos homens! Quem seria capaz de tirar os olhos, a alma, o cuidado e o amor disto, por um só instante?

IV. Um cântico novo, entre muitos, harmoniza-se. 1. Como no Saltério de dez cordas de David, com o repetir, compor e cumprir as dezenas de orações até o número de cento e cinquenta. Desde o tempo dos nossos avós, queria-se chamar esta forma de rezar de Saltério de Cristo e de Maria. 2. Se olhardes muito profundamente ao mistério desta harmonia e dom do Saltério, podeis ver admirar e venerar os três grandes, santos, divinos e universais Jubileus da natureza reparada, da graça oferecida e da gloriosa promessa. A estas três acrescenta-se também a mais importante alegria: a salvação pessoal, (por causa) da Encarnação, da Paixão e da Ressurreição de Cristo na glória. 3. Todas sabem que o cinquentenário é um Jubileu também na lei de Moisés: todos sabem que, a cada cinquentenário, na cidade de Roma, as absolvições das Indulgências dos cristãos, realizadas pelo Papa, são e se chamam Jubileu: todos sabem que, completados cinquenta anos de Sacerdócio, o Jubileu solenemente afasta o Sacerdote do seu exercício. Como um juiz na Religião, depois de ter cumprido o seu mandato, ele pode gozar o Jubileu, sendo dispensado das obrigações sacerdotais até a morte. Assim também ocorria aos Levíticos, que como escravos, terrenos e campos após cinquenta anos, segundo a Lei de Moisés, tinham um repouso jubilar, durante todo o ano do Jubileu.
V. Cristo e Maria são para nós a causa e a origem dos Jubileus, e também dos Cânticos. É digno, justo e merecedor que um solene ano jubilar sagrado, santo e perpétuo seja celebrado em honra destes na Igreja.
Para que o Jubileu fosse vivido não apenas por um número limitado de servos de Deus por status, ordem e grau dever-se-ia fazer na Igreja de Deus e para Deus um Jubileu público. Desse poderia participar qualquer tipo de fiel Cristão. O Jubileu seria universal, para todos os lugares do mundo inteiro; contínuo e não interrompido nas horas diurnas e noturnas, por um ano. E verdadeiramente a divina Providência, como uma fundadora levantou sobre a Saudação Angélica e a Oração do Senhor, esta divina Esparta, como o reino da devoção oferecida a todos: assim também no Saltério de Cristo e de Maria, este Cântico repetido cento e cinquenta vezes, fez coisas maravilhosas, levantou aquela Esparta: como previu David em espírito, quando exclamou: Oh! Deus, cantarei a ti um Cântico novo, a ti celebrarei com hinos no Saltério a dez cordas (Sl. 143).

CAPÍTULO II
Origens, prática, revelação e difusão do Saltério.

I. Origem do Saltério. Eis, a Trindade três vezes Santíssima que inventou a Saudação, concebendo-a na sua mente divina: o Arcanjo Gabriel depois de tê-la recebido, levou-a para a terra e a anunciou à Gloriosa Virgem Maria; o Espírito Santo, através de Isabel, disse a terceira clausula e enfim a Santa Mãe Igreja acrescentou a última cláusula. Jesus Cristo deu vida a Oração do Senhor, ensinou os Discípulos a pregar, e os recomendou a oração. Estes como constituíam toda a Igreja, assim fizeram. Esta é a origem do Saltério.

II. A prática. 1. Conta-se que na vida de São Bartolomeu Apóstolo (como narra um Santo Doutor), ele sempre rezava as duas orações cem vezes por dia e outras tantas de noite, ajoelhado, quando orava a Deus. O Saltério de Cristo e de Maria é composto por estas cento e cinquenta pequenas orações até agora repetidas. São Bartolomeu, por devoção pessoal, acrescentou um quarto grupo de cinqüenta orações. 2. A Igreja, Sociedade dos fiéis de Cristo, desejando seguir o exemplo de orar na Sinagoga, como o Saltério de David (composto de cento e cinqüenta Salmos) optou pelo mesmo número de Orações do Senhor e Saudações Angélicas para a prática do Saltério. O fervor da fé, porém, diminuiu com o passar do tempo, porque a prática do Saltério era muito longa com a união da Oração do Senhor e da Saudação Angélica. A Igreja então diminuiu a forma do Saltério, voltando-o a sua dimensão anterior e acolheu a separação das orações.

III. Conta-se de uma revelação que aconteceu, por bondade de Deus, aos santos pais no deserto em relação ao Saltério da Virgem Maria.
1. Eles eram, há muito tempo, atormentados por tentações de demônios e doenças, e temia-se que houvesse um perigo ainda maior. Todos eles então passaram a rezar com zelo continuamente, pedindo com insistência a Deus, à Mãe de Deus e aos Santos do Céu, que fossem liberados das tentações satânicas ou que pudessem suportar e vencer estas tentações. 2. Não se suplicou em vão. Aqueles que oravam tiveram uma revelação, em que se devia praticar o Saltério de Maria, além daquele de David. Assim todos os dias eles recitavam louvores a Deus e à Mãe de Deus. Através dos louvores eles obtiveram todas as graças Celestes. Dedicaram-se a um Saltério continuo81, realizado por todos como competição, assim como uma ordem, com todo o afeto e religiosidade da alma: estes celebraram o Saltério de Cristo e de Maria, assim como aquele de David. O Saltério de Maria, porém, como é mais breve, era rezado com mais frequência. 3. O resultado foi equivalente ao esforço. O poder dos demônios diminuiu, placando a libido. As tentações acalmaram-se e houve uma grande tranquilidade, que foi acompanhada por muitas virtudes e graças. A Rosa da graça e a força da Coroa de rosas tornam-se visível a estes: aquele perfume das santíssimas orações aproximou-os de Deus, por intercessão da Virgem Maria. Eles praticaram maravilhosamente a religiosidade e a santidade. A ordem e a sociedade dos eremitas, também pelos milagres obtidos, tornaram-se digna de admiração e de veneração por todos. 4. Com o passar do tempo, porém, cancelou-se a memória dos próprios Pais. A prática do Saltério diminuiu e pouco a pouco o nome, a instituição e o número de eremitas também reduziu-se tanto que, precipitou no descrédito e enfim na destruição. A grande árvore da Igreja caiu, ferida e abatida pelas feridas de Maomé: João o Grego testemunha na vida dos Pais da Igreja. Deus, porém, não permitiu que se arruinasse o Saltério e o replantou.

IV. A difusão do Saltério aumentava com o tempo. São Basílio Magno no Oriente juntou os monges dispersos nos desertos e nos lugares solitários. Os agregou em sete comunidades de mosteiros e os organizou com novas instituições. São Benedito fundou e tornou célebre no Ocidente a vida de monge que já existia no oriente e tornou-se ilustre Patriarca da nova instituição. Ele difundiu entre seus discípulos o Saltério de Maria, ao qual era habituado há muito tempo, não como um preceito, mas como prática. Este fato se deu seguindo um santo costume, desenvolvido e implantado na Ordem Religiosa: como testemunha, muito tempo depois, João do Prado, um seguidor de São Benedito. 2. Seguiu o Venerável Beda, Anglicano (que homem admirável!), que fez prosperar e pregou o Saltério de Maria em toda a Ânglia, Bretanha e França. Ele levava e disseminava esta prática muito saudável para regiões longínquas. O culto foi seguido pelas demais gerações e manteve-se especialmente na Ânglia. Onde houve menos força no tronco, também os ramos secaram.

E hoje existem muitos testemunhos; graças à santidade do Venerável Beda, a antiga devoção do Rosário permanecia em alguns templos, junto a objetos votivos de uso comum ou mesmos as Coroas para rezar. 3. São Bernardo, que também difundiu o Saltério, seguiu Beda. Que outra coisa podia ter feito o apaixonadíssimo Marido de Maria? Nem o seu ardor parou por aqui. Ele ao Saltério de Maria deu o mesmo número de orações do (Saltério de David), segundo o conteúdo dos Salmos. Isto eu vi e toquei com as minhas mãos. Este grande homem teve em si muita graça, ao ponto de tornar-se diante de Deus, maior do que muitos santos na terra. Ele foi promotor e fundador de uma Ordem santíssima e vastíssima, através do Saltério, superando muitos grandes (homens). 4. Santo Otto pleno do Espírito de São Benedito deu esta disciplina à mesma Ordem sagrada e tornou-se posteriormente Bispo e Apóstolo dos Eslavos. Ele difundiu naquele povo, assim como a fé cristã, o Saltério. Aquele povo absorveu o suco colocado gota por gota pela Divina Rosa. Homens e mulheres levam o Saltério pendurado no pescoço até hoje. 5. Santa Maria de Egniaco, que rezava por costume todos os dias o Saltério de David, ao final de cada Salmo colocava a Saudação Angélica, rezando assim o Saltério de Maria. Este é apenas um exemplo do exercício das sagradas Virgens e ao mesmo tempo é uma prova real do costume de grande parte dos fiéis.

V. De São Domingos falaremos também no próximo capítulo. 1. São Francisco como muitos testemunharam, recebeu o Saltério de Maria, e o entregou à sua Ordem Sagrada para que fosse rezado. Ele o aconselhou através de seu exemplo, rezando, não sendo necessária nenhuma ordem escrita. Tenho certeza que vi um dos Rosários que ele usou.

O que dizer dos homens ilustres, sucessores das Ordens Sagradas? O que dizer dos inumeráveis santos, como São Ludgardo, Santa Cristina de Colônia, Santa Cristina da Vaga, ou dos milagres, junto às muitíssimas outras coisas, que não temos tempo de enumerar? E se o fizesse não ficaria muito longo? Retorno a uma antiga lembrança. 2. Santo Agostinho, incomparável Doutor da Igreja, usou o Saltério. Nunca se ousaria dizer que este grande homem não conheceu o grande Saltério, que nós conhecemos e que a Igreja prega e reza. 3. Sabemos através do testemunho de São Jerônimo, que a Beata Virgem revelou o Saltério a Santo Agostinho. A forma de rezar, com cento e cinquenta contas, era uma defesa em relação aos heréticos. Com a prática deste ele excedia qualitativamente em cada tipo de ciência, maravilhando o mundo. 4. Sabemos, pela revelação das três vezes Bendita Mãe de Deus, que Santo Ambrósio e São Jorge conheceram a santíssima dignidade deste Saltério, e deste conheciam a necessidade, a grandeza e a qualidade. Quem poderia acreditar ou pensar, que eles fossem culpados de negligência e de omissão em relação a esta forma de orar?
VI. Os Santos Certosinos, digníssimos servos, através do Saltério de Cristo e de Maria, oravam muito pelo povo de Deus. Eles sempre honraram e honram esse Saltério, em primeiro lugar pela sua secreta e privada devoção. Isto será explicado com exemplos mais tarde.

CAPÍTULO III

A história conhecida do Pregador do Saltério, São Domingos.

I. O Santíssimo Domingos enobreceu a ilustre estirpe dos pais da igreja, com uma brilhante santidade de vida, que não tiveram os seus seguidores, tanto que o esplendor da sua glória se espalhou por toda a Igreja. Sem dúvidas as chamas da sua primeira infância eram já o sinal da luz da santidade. Ele lançou-se com ternura e ardor na fé a Cristo e à Mãe de Jesus, quando tinha apenas dez anos de idade. Desde então ele deliciava-se com o Saltério de Maria, não apenas rezando, mas o tendo entre as mãos e orando com assídua devoção. 2. Encontrava alegria em rezar e tê-lo consigo pendurado na cintura, mais do que se tivesse um colar de ouro ou de diamantes. Aprendeu a rezá-lo desde o leite materno e teve ainda como reitor e mestre de sua infância, um sacerdote que também o incentivou. A índole da criança, mais elevada do que de um homem, foi usada por Deus como digna professora para uma experiência mística. 3. Quando ele tinha aproximadamente dez anos a Virgem Maria o revelou o Saltério e desde então ele sempre o levou e pregou. 4. Quando se tornou mais velho e sábio, seguindo a regra de Santo Agostinho, dedicava a Deus, em horas diferentes, três Saltérios por dia. O rezava como uma de suas outras obrigações, atrelado a si como uma corrente de ferro. Nem as muitas e importantes atividades, para a salvação das almas, o tiravam do duplo sacrifício da oração e do flagelo. 5. Quando obtinha qualquer graça especial rezava nove ou até doze vezes o Saltério, passando frequentemente as noites acordado. 6. E foi também de grande importância, que esse grande homem tenha podido instaurar tão grande familiaridade com Cristo e Maria. Graças a esta familiaridade ele recebeu admiráveis, grandes e numerosas Revelações e Visões: das realidades divinas e do Saltério. Ele foi capaz de realizar muitas coisas extraordinárias, como pregações e milagres. 7. E eram várias as razões que aumentavam o seu zelo no pregar e no rezar o Saltério junto ao povo: instituir (o Saltério), já foi uma estrada de santidade, pela sua dignidade divina; a prática (do Saltério), universal do mundo, a facilidade de tal oração, a sua brevidade, a sua comodidade, a anunciação (à Maria) de Deus através (do Arcanjo Gabriel), a Igreja que o recomenda, o fruto: os extraordinários resultados nas coisas espirituais e materiais, como testemunham muitos livros. 8. E não bastou o ardor de Pregar, ter difundido os Saltérios para atingir o espírito, ter realizado assembléias para falar ao povo; pregava também doutrinas, Rosários, prodígios por todo o lado, percorrendo todos os lugares.

Com o seu exemplo e conselho, incentivava os nobres e numerosos homens e mulheres a distribuir em doação os Saltérios. 9. A sua sabedoria era reconhecida e observada por muitos e, se lhe parecia que pregar doutrinas dava menos frutos às almas, lançava-se com o espírito e esforço recomendando o Saltério. Com este argumento, mesmo falando de coisas simples, acendia e fortificava de forma maravilhosa os ouvintes, atormentava, criticava e confundia os hereges e os hunos. Aliviava os sofredores e estes se enchiam de veneração e admiração por ele. Não é possível dizer quem, quantas almas e lugares, ele tenha feito retornar a Deus através de milagres, sinais e prodígios. Porém, pela excepcionalidade do fato, acredita-se que tenha sido logo depois da conversão dos habitantes de Toulouse, onde ele instituiu uma fraternidade, prelúdio do nascimento da Ordem Religiosas.

HISTÓRIA

II. Os habitantes de Toulouse (ilustríssima cidade da Gália, famosa pelo domínio do principado), combatiam com grande força e autoridade a heresia dos Albigenses, em defesa das Igrejas e das famílias. 1. Estes preferiam morrer a ceder à maldade. São Domingos com a sua pregação (e Deus com os seus milagres), já tinham divulgado o Saltério em toda a Itália e Espanha, com uma maravilhosa conversão das almas e costumes. Assim atesta Gregório IX na Bula de Canonização do mesmo, dizendo: Ele transpassando os prazeres da carne e fulgurando as mentes de pedra dos pecadores, fez tremer cada seda dos hereges e exultar cada Igreja de fiéis. Mas o Beato Domingos nunca foi capaz de entrar na cidade, apenas nas almas dos Tolousenses. 2. Por isso, atormentado de preocupação e dor, retirou-se em uma gruta numa selva próxima dali para suplicar, mais intensamente, a potência da Mãe de Deus. Acrescentou à oração, jejuns e rigorosos flagelos pedindo para si as penas pelas culpas dos Tolousenses. Com eriçados de pontas de arame, e galhos com espinhos, maltratou o seu corpo, até que sem forças, desmaiou. 3. A poderosa Patroa e Rainha dos Céus aproximou-se do discípulo caído e ensangüentado e com o vulto, as palavras e as caricias, o despertou. Próximos à Santa Rainha dos Céus estavam três Rainhas, que a acompanhavam, semelhantes no vulto e no ornamento, mas abaixo dela. Em torno a cada uma das três rainhas havia cinqüenta Virgens, quase a seguindo, todas de aspecto tão majestoso acima da natureza humana, esplendente nos vestidos. São Domingos ficou encantado com a visão. 4. A Benigna Virgem Mãe de Deus o disse: Domingos, filho e intimo Esposo, porque combates fortemente contra os inimigos da fé, se Jesus te chamou e eu te socorri. Tu me invocastes e eu venho ao teu socorro. Estas palavras também foram ditas contemporaneamente pelas três Rainhas. Domingos foi recolhido do chão quase morto, pelas três rainhas. Estas o levaram, com grande veneração, à Maria que o acolheu com abraços virginais, o beijou carinhosamente, e aproximando-o aos seios do casto Peito, o saciou com o seu Leite e o restabeleceu completamente. A suprema Rainha então disse: Do fundo do meu coração, caríssimo filho Domingos, sabes me dizer bem, quais armas a Santíssima Trindade usou por três vezes, quando decidiu renovar todo o mundo? E ele disse a ela: Oh Senhora do mundo, tu o sabes muito bem: através de Ti vem a salvação no mundo, e sendo Tu a própria mediadora, o mundo foi renovado e redimido dos pecados. E ela sorrindo ao íntimo Esposo disse: A Beata Trindade para aniquilar todos os delitos do mundo escolheu entre as principais armas a Saudação Angélica, da qual é composto o nosso Saltério, fundamento de todo o Novo Testamento. Por isso se queres que o teu pedido seja atendido, pregues o meu Saltério: e imediatamente sentirás viva a ajuda das três vezes Santíssima Trindade.

ESTRUTURA DO SALTÉRIO

III. A suprema Rainha também o disse as seguintes coisas: Tenho como testemunha disto as três Rainhas que estão comigo. Elas representam a Santíssima Trindade. 1. A primeira destas, como vês, que esplende pelas roupas branquíssimas, designa a Potência do Pai, que se manifestou na Santíssima Encarnação do seu Filho, nascido de mim. Estas cinqüenta Virgens, igualmente dignas de veneração pelo esplendor, designam o primeiro Jubileu de graça e de Glória, a Potência que está no Pai e que provém do Pai. A segunda Rainha avermelhada pelas vestes de púrpura, indica a Sabedoria do Filho, a qual no mundo se manifestou pela Redenção na sua Paixão. As cinqüenta Virgens suas companheiras, reconhecíveis pelas roupas de igual púrpura, recordam o segundo Jubileu do cinqüentenário ano de graça e de glória, que deriva dos méritos de Cristo sofredor. A terceira Rainha revestida de estrelas representa a Clemência do Espírito Santo, e indica a santificação do mundo Redimido pela misericórdia; as cinqüenta virgens que a assistem, cintilantes de estrelas, prometem o terceiro Jubileu de graça e de glória, que flui no Espírito Santo e do Espírito Santo. 2. Deves saber que eu, como sou a Rainha das três Rainhas, também sou a Rainha dos três Jubileus, ao longo desta vida e em Pátria: sou a Rainha da Lei Natural, daquela Escrita, e daquela da Graça, as quais são eternas pela felicidade dos Beatos. Este é o motivo pelo qual a Beata Trindade que (neste mundo) me intitulou e conferiu um Saltério, com o santo número de cento e cinqüenta, o qual nas primeiras cinqüenta orações sobre a Encarnação resplandece branquíssimo; no segundo grupo de cinqüenta orações sobre a Paixão do Filho, reflete-se a cor púrpura; no terceiro grupo de cinqüenta orações sobre a sua Ressurreição e a glória dos Santos, cintilam as estrelas. 3. Portanto, pegues este Saltério e ora-lo constantemente à mim.82 Entra corajosamente na cidade e entre as legiões dos inimigos, onde se reunirá tanta gente, o louves e recomendes; aconselhes a Oração e crês: verás logo as maiores maravilhas da potência divina. Disse e se afastou, em direção das estrelas.

IV. 1. São Domingos crê na promessa, obedece ao comando e entra na cidade de Toulouse; ao mesmo tempo os sinos da Igreja principal, por intervenção divina, tocam nas torres, com um som diferente do conhecido. O terror, a emoção e o estupor assaltam a alma de todos, assim como a curiosidade de saber o que era aquilo que ouviam e a sua origem.
Quase toda a cidade vai imediatamente à paróquia principal, e eis aparecer diante de todos, o tão odiado, o intrépido e divino pregador do Saltério, São Domingos, o martelador dos corações: ele é, então, escutado e visto com admiração. O estupor foi maior pelo som dos sinos do que pela pregação. Todos ficaram temerosos e maravilhados pela presença do Santo, mas mesmo assim não se dobraram a obstinação herética. Verificou-se então uma intempérie no céu, bastante forte e assustadora. 2. Ouvem-se os trovões, os raios relampagueavam um depois do outro, repercutem os raios que se abatem: a cidade agita-se, todos os habitantes tremem pelos flagelos que se aproximam. Parece que a terra torna-se menor e mistura-se com o céu, com as ondas e as chamas. E como se não bastasse: abate-se sobre a cidade um terremoto e parece que todos serão sugados em uma imensa voragem. Nem mesmo as águas permanecem no seu curso, pois se retiram e inundam todas as coisas; e toda a força dos ventos, espalhando um horrendo fim de mundo, range e estala. 3. Coisas horríveis ocorreram, mas entre todos os flagelos não abaixava a voz de Domingos, que era escutada por todos, pregando o Saltério. Essa, que vencia cada coisa, vencia também os corações hereges. Os agita, os adoça, os transforma e, entre outras coisas, diz: “Esta é a mão direita do Excelso: é a voz de Deus que ouves cidadão. Deis um lugar a Deus: ele está na porta do vosso coração e bate. É Deus que fulmina e trovoa entre as nuvens. Amedronta para corrigir, não pune para matar. Porém, a punição supera as cabeças: eviteis a pena e tenhais medo da última pena, aquela eterna. Prendeis como exemplo aqueles que crucificaram Jesus Cristo, que foram amedrontados por estes acontecimentos. Espereis a salvação de Jesus e da Mãe de Jesus. Vamos, peçais tudo à Virgem Mãe do Salvador, advogada Mãe da misericórdia, porque o amado Filho não nega nada à amada Mãe. Amais a oração de ambos, utilizais o Saltério. Honrais Deus e Maria, rejeitais com juramento, a heresia. E confiais: prometo a salvação, a graça da Mãe de Deus confirmará esta minha promessa. Uma inesperada calma e tranqüila segurança, por vontade de Deus, os libertará destes tormentos. Acreditais: Vejo aqui os cento e cinqüenta Poderes, os Anjos executores da punição de Deus, mandados por Cristo e pela Mãe Virgem de Cristo do Céu contra vós, para castigar-vos pelos vossos pecados”. 4. Durante essas palavras do Santo, sentem-se arruinadoras vozes, e se escutam os confusos lamentos dos demônios: Deus! Estamos presos com correntes de fogo, por causa da potência infinita do Saltério e somos enviados para longe deste mundo, ao Inferno, infelizes. Escutavam-se os seus enormes gritos, parecia que cobriam a voz do Pregador do Saltério. O teriam coberto se Deus não tivesse dado um tom maior à voz de Domingos. 5. No final um acontecimento terrível e maravilhoso somou-se aos outros. Por acaso na Igreja maior estava exposto uma estátua da Mãe de Deus, em um lugar elevado e visível. Todos viram Nossa Senhora levantar a mão direita apontando para o Céu e repetir por três vezes as advertências, como se dissesse: Se não seguires as ordens, apodrecerás. São Domingos interpretou assim, imediatamente o gesto da estátua dizendo: Não se cessarão as punições e os terríveis sinais, se não afastais a obstinação e pedires com o Saltério, a salvação através da Advogada de misericórdia.
Por isso placais a sua ira com as sagradas orações do Saltério e Ela dobrará com a misericórdia o braço levantado ameaçadoramente.

V. 1. Deus já tinha estremecido as fibras do coração de todos, e Domingos as tinha ferido. Estavam todos desesperados e ajoelhados, com as mãos suplicantes estendidas a Deus e à Mãe de Deus. Apavorados, tremiam-lhes os braços e todo o corpo. Podiam-se escutar os gemidos provenientes do fundo dos corações, soluços, gemidos confusos com gritos e urros. As lágrimas de homens e de mulheres misturavam-se. Todos estavam banhados de lágrimas, vestidos com roupas sujas, agrediam-se os peitos, jogavam-se na lama e arrancavam os cabelos, todos juntos invocam a misericórdia, como se tivessem acompanhado o próprio funeral. 2. São Domingos diante deste espetáculo passional voltou-se para a estátua da Mãe de Deus e ajoelhado suplicante rezou: Senhora do céu e da terra, Virgem potente, olha, escuta os penitentes suplicantes, a vergonha do passado e a dor do presente, promete coisas melhores para o futuro. Abandone a ira, afaste as ameaças e recoloque o braço no seio da tua clemência. A Amada Mãe escutou, moveu e redobrou o braço da sua estátua. Os ventos, os trovões e os terremotos acalmaram. 3. Todos os Toulousenses que experimentaram aqueles terrores e perigos colocaram as suas mãos e as suas almas na mão do único Deus e sob a orientação de São Domingos. Veio a paz e uma profunda calma, com a admiração e a mudança total das almas. Eles abandonaram os seus erros, rejeitaram as sombras das heresias e se abriu a luz da fé católica. 4. No outro dia, os cidadãos novamente repetiram o espetáculo. Usaram roupas brancas, levaram nas mãos velas acesas, e rezaram na mesma Igreja do dia anterior. Para todos aqueles que se reuniram, São Domingos iniciou o ensinamento do Saltério e Deus continuou a realizar milagres através do seu servo.

VI. 1. Estas coisas aconteceram aproximadamente três ou quatro anos antes da criação da Sagrada Ordem dos Pregadores. 2. Em memória do acontecimento, o Bispo de Toulouse Fulco, doou a sexta parte do dizimo da sua Igreja, para sempre, a São Domingos e aos seus Frades. 3. E assim teve inicio a Sagrada Ordem dos Frades Pregadores, na Igreja, dita de São Romano, fundada e dedicada à Santíssima Trindade e à Beata Virgem Maria. 4. Este foi o inicio não apenas da Ordem, mas também do Saltério, a ser difundido em outros lugares. Por esta estrada o Saltério entrou na Ordem, e nesta se transmiti até hoje sem interrupção. 5. Desde a fundação da Sagrada Ordem na Igreja e do Saltério, é evidente o quanto são grandes as coisas feitas por Deus e pela Mãe de Deus. É notório o resultado por onde se estende o nome cristão.

ATESTADO

Todas as palavras amabilíssimas, a Virgem Maria, Mãe de Deus referiu-se àqueles que Ela esposou com um anel feito de seus cabelos e com o (presente de um) Saltério maravilhoso, que está pendurado no pescoço do Marido. Esses fatos são verdadeiros, visíveis e reais.

CAPÍTULO IV

O Beato ALANO, Esposo da Mãe de Deus, renovador do Saltério, segundo a narração atestada na Apologia ao capítulo dez.

I. Clemente Deus de toda Misericórdia e de toda consolação, da abundância da sua indulgente piedade e eterna caridade, revelou o Saltério de Cristo e de Maria a um Padre, Frei da Ordem dos Pregadores. 1. Através dele, com a ajuda da graça de Deus, foram realizados inumeráveis e inesperados milagres; esse Frei Pregador era particularmente devoto ao Saltério de Deus e da Mãe de Deus. 2. O mesmo Padre antes de conquistar a vocação divina, a graça de extraordinária pregação, por muito tempo rezou o Saltério de Maria, em assídua devoção quotidiana a Deus. Liberado das tentações do diabo, da carne e do mundo, e imune a estas através do Saltério, ele transcorria uma vida segura com Deus na sua vocação. Ele foi liberado de algumas tentações, mas foi muito torturado e teve que combater uma luta cruel, contra muitas doenças. 3. Deus permitiu-o sair da tentação após ter sido tentado cruelmente por sete anos inteiros pelo diabo. Durante esse período São Domingos agrediu-se com esferas, e recebeu duros golpes com açoites, tentando libertar-se das tentações. Foram tão cruéis aqueles golpes que a benigna Virgem de Deus, com piedade, levou socorro e remédio ao aflito, para que ele não caísse em desespero. 4. A grande força oculta do impetuoso torturador, o fez muito frequentemente aproximar-se do desespero. Pensou em se matar, separando a alma do sangue através de uma faca ou renunciando a vida com qualquer outro tipo de morte. Em um de seus momentos de desespero, na Igreja da sua Sagrada Ordem, Santa Maria o salvou, aparecendo-lhe inesperadamente, dissipando as tentações. 5. A mão, embora ainda não decidida, já segurava a faca para tentar o suicídio. Quando ele dobrou o braço e lançou faca contra a própria garganta, em um golpe mortal, aproximou-se, misericordiosa, a salvadora Maria, e com um ato decisivo agarrou o seu braço, não o permitindo de suicidar-se. Deu um tapa no desesperado, e disse: O que fazes, miserável? Se tu tivestes pedido a minha ajuda, como fizestes outras vezes, não estarias em tão grande perigo. Ouvindo isto o miserável desmaiou e permaneceu sozinho.

II. 1. Depois de pouco tempo, ele foi vítima de uma gravíssima e incurável enfermidade corporal e todos aqueles que o conheciam, acreditavam que ele fosse o próximo filho da morte. 2. Quando saia da Igreja e entrava na sua cela monástica, ele era perseguido por demônios, perturbado psicologicamente, maltratado por uma nova doença, e jazia miseravelmente com ardentes gemidos, enquanto orava e invocava a Virgem Maria: Colocaram-me como filho da morte. O que farei? As coisas celestes me são hostis: para mim o céu é de ferro. As coisas infernais me atormentam; as coisas humanas me abandonam. Não sei o que pensar, o que dizer e aonde ir. Eu esperava Maria Auxiliadora, que eu fosse mais forte e mais seguro com a tua ajuda: e eis, dor! Cai em uma maldição maior. Por que nasci? Por que infeliz vi esta luz? Por que entrei nesta Religião, também a possuindo? Por que me destes um tão longo e difícil serviço de vocação? Onde está, por favor, a verdade daquele que diz: a minha escravidão é suave, e a minha carga leve? Onde está à verdade, que não permite sermos tentados acima do quanto podemos? Verdadeiramente, dando a Deus a reverência e também a ofendendo, preferiria não existir, ou ser uma pedra, do que transcorrer assim os dias da minha vida. Assim ele suplicava como Jó e Jeremias: e inseguro perguntava-se se deveria abandonar pelo resto da vida o serviço ao Senhor ou continuá-lo.

III. Em meio à dúvida, surgiu subitamente, a Santa das Santas. 1. Enquanto ele se debatia entre os estados da alma, e se inclinava a uma ou à outra coisa, quase a metade da noite tempestuosa, entre a décima e a décima primeira hora, na cela monástica onde estava, renegou o esplendor de Deus com uma luz improvisada, e nesta apareceu majestosa a Beatíssima Virgem Maria, que o saudou de forma muito doce. 2. Depois de muitos santos colóquios a Virgem disseminou o seu Leite puríssimo sobre as muitas feridas mortais dos demônios e as curou totalmente. 3. Ao mesmo tempo, na presença do Senhor Jesus Cristo e de muitos Santos, que estavam ao redor, esposou esse seu servo, e deu-lhe o anel da sua Virgindade, feito cuidadosamente com os seus cabelos Virginais.83 É inexplicável e inestimável este anel de glória que se usa no dedo, e (com o qual) esposa-se de forma tão admirável sem ser visto por ninguém. Ele sente profundamente, através deste, indubitáveis ajudas contra todas as tentações diabólicas. 4. Da mesma forma, a Bendita Virgem Mãe de Deus pendura no pescoço dele uma Corrente com tranças de Cabelos Virginais, sobre a qual estavam atacadas cento e cinquenta pedras preciosas, e (entremeadas por outras) quinze, segundo o número do seu Saltério. 5. Depois de tudo isto, Ela disse que estas coisas faz em modo espiritual e invisível, àqueles que rezam
devotamente o seu Saltério. O mesmo número de pedras é contido também no anel, mas de forma menor. 6. Depois destas coisas, a mesma suave Senhora lhe deu um beijo, e o permitiu sugar dos Virgens Seios. Sugando avidamente destes, ele se sentiu revigorado em todos os membros e forças e transportado ao Céu. Assim muito frequentemente a benigna Mãe o deu a mesma graça do aleitamento.

IV. Narro coisas (dignas de) serem admiradas por todos os mortais. 1. Essa Rainha de ambos os mundos, depois do Matrimônio, aparecia-lhe frequentemente e deixando estupefato, recompôs divinamente a sua força, e o revigorou, para que levassem coragem aos outros devotos, através do Saltério da Mãe de Deus. Uma vez Ela disse: “Caro esposo não deves considerar-me, nunca mais, separada de ti e não deves separar-te da confiança a mim e do meu serviço. A união entre mim e ti é tão grande, que nem mesmo o Santo Matrimônio corporal (se tivéssemos nos unidos tantas vezes, quantas mulheres existem no mundo) poderia me unir tanto a ti, quanto o Matrimônio espiritual que temos. Sou unida a ti, sem união carnal porque esta é sem valor diante da união espiritual e divina. Na união espiritual consiste a procriação virginal e a celeste fecundação das almas, que ninguém com a razão ou erudição consegue compreender, somente aquele que a recebe. 2. Então, coragem caríssimo esposo. É necessário que, por direito matrimonial, seja compartilhado entre nós todas as coisas. Por isso quero comunicar-te pelo Matrimônio espiritual, as graças conferidas a mim. 3. Saibas que o Matrimônio corporal é um sacramento Santo na Igreja, porque simboliza o Matrimônio espiritual entre o Cristo e a Igreja. 4. Eu te esposei através do Saltério Angélico, assim como, Deus pai me esposou através da Angélica Saudação, para a geração do seu Filho. Eu, Virgem puríssima e incorrupta, fui unida a ti, pela vontade de Deus para renovar o mundo, como fez o (meu) Filho, através dos Sacramentos e das Virtudes. 5. Que ninguém pense nada de impuro nesta (união). A geração espiritual é mais pura do que o sol, mais limpa do que as estrelas, contendo o abraço da Trindade infinita. Nesta consuma-se este Matrimônio, no qual estão todas as coisas, do qual provém todas as coisas e através do qual existem todas as coisas. 6. Alegra-te, Esposo, visto que me fizeste tantas alegrias, quantas vezes me saudastes no meu Saltério. Por que quando eu estava infeliz, tu estavas angustiado, fortemente atormentado ou duramente aflito? Eu tinha prometido te dar coisas doces, mas por muitos anos, te dei coisas amargas. Então alegra-te agora. Da abundância dos meus dons, te dou quinze Jóias, como os quinze Lírios do meu Saltério Virginal”.

CAPÍTULO V

As quinze Jóias dadas pela Esposa, ao Esposo BEATO ALANO.

I. Primeira Jóia: é a remissão final dos pecados. “Obtive para ti, Esposo, a remissão de todos os pecados, mesmo dos mais graves: não morrerás na culpa do pecado, mas se cometeres um erro, neste mundo serás punido, visto que frequentemente me saudastes com “Ave”: sem culpa”. Ela deu este perdão, porque ele foi um grande pecador, e tinha vivido rodeado de diversos e numerosos tipos de pecados. Isso foi exemplo para os outros, para que os pecados sejam perdoados (Nela).
Então Maria não escolheu um inocente, assim como, Cristo escolheu para o Matrimônio Espiritual uma (discípula) Madalena, cheia de gratidão, por acreditar em seu arrependimento. E a mesma Madalena participou deste Matrimônio, como auspicio e iniciadora, junto com a sua filha Catarina Mártir, que também esposou Jesus Cristo.

II. Segunda Jóia. A Presença de Maria: “Eis, porque frequentemente ofereceu-se a mim ‘Maria’, iluminada (da Graça): “por isto dou a ti este clarão celeste, para que tu tenhas sempre em mim uma luz presente, e sempre me terás e me verás, como tua Assistente e Auxiliadora. “E isto é mais forte e verdadeiro pelo espírito do que pelos sentidos corporais”.

III. Terceira Jóia. A graça de obter as coisas pedidas: “Visto que oferecestes frequentemente a mim a oração de “Graças”, pela qual eu agradei a Deus e mereci a vantagem do mundo, por isso dou a ti a graça de obter toda e qualquer coisa. Reze e peça no modo devido, que assim terás coisas ainda maiores do que aquelas que desejas”. E isto foi comprovado.

IV. Quarta Jóia. A ajuda do Céu. “Visto que frequentemente oferecestes a mim o lírio do “Cheia”, eu, enquanto sou cheia em todas as minhas potências, obras e graças, concedo a ti que (da cabeça aos pés, dentro e fora), não exista parte ou potência, que não sinta a divina ajuda na alegria e na tristeza, como em cada ação”. E assim aconteceu. Ele sentiu profunda e frequentemente em todos os membros certa luz que se insinuava, de modo inexplicável e o conduzia à vontade da Beata Trindade

V. Quinta Jóia. A Presença de Deus. “Visto que muito frequentemente oferecestes a mim o lírio do “Senhor”, que é a mesma Beata Trindade, eis que para ti obtive que o Senhor Deus esteja sempre junto a ti”. Desde então ele via em si sempre a Beata Trindade, que o assimilava. Ele não via mais a si mesmo, mas apenas ela. E ao lado dela estão três Pessoas distintas: uma dentro da outra. Todas as coisas presentes em uma, estavam presentes também nas outras. Mas esta visão não é ligada à imaginação, e não é material, mas é própria da fé, luz mais alta do que de toda a ciência criada.

Assim ele sentia e via, de acordo com a sua maior ou menor disposição e devoção. Se às vezes ele não era devoto, ou era ocupado em coisas mundanas, ou era ocioso, a visão desaparecia por um pouco de tempo. Após obras de devoção e penitência esta vagarosamente voltava a ser como antes.

VI. Sexta Jóia. A Presença dos Santos. “Visto que oferecestes a mim frequentemente o “Contigo”, pelo fato que fui ao Tabernáculo da Santíssima Trindade. Eis, eu te concedo ver dentro de ti e sentir toda a Corte Celeste, de forma clara”. E assim aconteceu. Viu dentro de si os Santos, as Santas e os Anjos, que invoca-se com muita devoção. Ele também escutou coisas especiais e (viu) uma luz que o iluminava, com grande alegria, mas também com grande arrependimento.

VII. Sétima Jóia. O modo de expressar-se dos Santos. “Visto que oferecestes a mim o “Bendito”, porque foi bendito o modo de expressar-me, eis, concedo a ti o modo de expressão meu e dos Santos, de modo que tu ouças a nossa língua”.
E assim aconteceu. Escutou frequentemente palavras do Pai, do Filho, do Espírito Santo, de Maria ou dos Santos. Aquela voz não era ligada à imaginação e nem era material, mas era de outro tipo, clara e distinta, que influiu na sua mente e o instruiu. Não conheço, na natureza, uma coisa semelhante a esta.

VIII. Oitava Jóia. Uma certa Onipresença. “Visto que me oferecestes frequentemente o “Tu”, como os Doutores ao expor, referir, sustentar as doenças do povo; dou-te a ciência não conquistada com a capacidade humana, mas concedida pela minha graça”. Desde então ele foi especialista e formado em toda a ciência divina, moral e humana: não foi necessário livros para pesquisar. Através da oração, podia encontrar-se com a Beata Maria e aprender muito mais do que se tivesse estudado todo o dia em uma ótima Biblioteca. Ao mesmo homem a Beata Virgem revelou as origens e as sutilezas das ciências: se os homens as conhecessem, desprezariam as ciências humanas, pela grandíssima imperfeição que estas têm.

IX. Nona Jóia. A Inocência das mulheres. “Visto que me oferecestes o lírio: “Entre as mulheres”, subentendidas Santas; visto que não é um louvor, ser bendita entre as cativas; concedo-te esta graça: as mulheres não te incomodarão, nem mesmo minimamente. E visto que me aceitastes como Esposa, te concedo além da presença, a ajuda e o favor das minhas Jovens, ou seja, todas as Santas”. Ele frequentemente viu Santa Ana com a filha Maria, Santa Madalena, Santa Catarina Virgem e Mártire, viu aquela de Siena, e Agnese, assim como muitas outras, com grande devoção e amor angelical.

X. Décima Jóia. A Eloquência. “Visto que frequentemente me oferecestes o “E bendito”, que é a Palavra da Sabedoria, te concedo a Graça que na tua expressão e no teu discurso sintas a glória celeste e vejas as grandes coisas de Deus. Isto que vês em ti mesmo, o verás também na palavra”. E assim via e sentia. A SS. Trindade era vista por ele como um todo, e toda em qualquer parte desta, igualmente potente, igualmente perfeita. A estas coisas acrescentou a Beata Virgem: “Terás esta graça para que, quando pregues ou ensines, tenhas a devida fé e devoção. Sintas Cristo em ti, que diz o que deves (dizer), e (sintas) também a mim, que te respondo para que ores, ensines ou leias”. E aconteceu assim. 1. Ao se expressar, ele sentia uma alegria inexplicável e isto (acontecia) especialmente depois da assunção da Santíssima Eucaristia. 2. Ele sentia inexplicável e extraordinariamente um homem inspirado e que absorveu idéias e sentimentos, em todo o seu corpo, como disse Santo Agostinho: Tu não me mudarás em ti, mas tu te mudarás em mim. 3. E este homem, assimilado nele, fazia todas as coisas, falava, caminhava, etc., como o ditado: Não sois vós a falar, mas o Espírito do vosso Pai que fala em vós. Este modo é difícil e cansativo, sobretudo quando faltam as devoções e uma grande Fé.

XI. Décima primeira Jóia. A Presença de Cristo: “Visto que me oferecestes o lírio da Virgindade, o “Fruto”, que é o meu Filho, que está dentro de cada fruto do Espírito Santo, e quer para si, entre as primeiras coisas, o coração e a alma: de fato com o coração, mais do que com a carne, concebi: a Deus ofereci (a Virgindade) e a recebi no coração de Deus, que se veste da minha carne. Por isso concedo ao teu coração a benção da Virgindade, para que tu sintas claramente a vida do meu Filho”. E aconteceram estas coisas: 1. De fato, no seu coração sentiu como um globo, dentro do qual olha com maravilha a vida do Senhor Jesus, ou seja, a Encarnação, a Paixão e a Glorificação. E em seguida a isto, o seu coração é orientado seja para a alegria, seja para a compaixão. 2. Da mesma forma na profundidade do próprio coração, teve claramente uma luz extraordinária, da qual é maravilhosamente confortado no fazer todas as coisas boas, em suportar a adversidade e se afastar dos males da ira, da preguiça e das outras paixões. 3. Se esta luz apaga-se, então ele logo se sente incapaz de fazer qualquer coisa. A décima segunda, terceira, quarta e décima quinta Jóia, o esposo não escreveu. Não se sabe por quê: acredita-se que existam tantos segredos sublimes, que preferiu não manifestá-los aos mortais.

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CAPÍTULO VI

Como olhar para a Beata Virgem Maria, durante a oração.

Revelação Mariana ao BEATO ALANO.

I. A Beata Virgem Maria apareceu ao seu Novo Esposo quando ele perguntou: “Qual é o melhor modo para honrar a Mãe de Deus e os Santos do Céu?” A ele a Esposa respondeu: "Esposo meu, põe diante dos olhos da tua mente a minha figura e contempla-a, não na sua existência puramente humana, que é uma realidade mínima, mas em um modo diferente de existir, que tem quatro aspectos. Escuta:
1. O Estar na graça, visto que eu sou o Templo de todas as graças de Deus, cada uma das quais supera grandemente cada graça dos Santos. 2. O Estar na glória, através do meu Cristo, que supera a glória de todos os Santos. 3. O Estar, em parte, em Deus, porque sem dúvidas na minha alma mora a Santíssima Trindade por essência, presença e potência: assim como nas outras criaturas. Mas em modo mais alto está em mim, através da graça, pela qual eu me tornei o Triclínio da Santíssima Trindade, por isso concerne a Natureza, a Graça e a Glória. 4. O Ser (em si), “porque sou a mãe de Filho de Deus”.

II. “Visto que em modo absoluto, as almas de todos estão em Deus, assim no mesmo (homem) está a minha imagem no modo mais absoluto. Esta alma, assim como está em Deus, não é outro que uma imagem da realidade do mesmo Deus, mas com uma natureza diversa. Por isso se tu me visses no Paraíso, contemplarias em mim a existência segundo a Natureza humana, a Graça e a Trindade. Em cada uma destas realidades, a primeira é superada completamente por aquela sucessiva. Por isso a figura de Maria é igualmente quádrupla: Natural porque é uma realidade belíssima: Graciosa, porque é uma realidade ainda mais bonita: Gloriosa, porque não existe nada mais divino do que esta. E enfim Divina pela perfeição, porque a Santíssima Trindade que é a perfeição, existe em mim.
Maria é a Senhora de todas as coisas existente, conservadas e governadas no mundo inteiro. Ela é a primeira em perfeição e respeito a todas as criaturas. Maria é aquela, que penso, conheço e amo em modo especialíssimo, e quero que seja pensada, conhecida e amada pelos seus servos. Ela é, sobretudo, a Mãe de Deus, do Verbo Encarnado, para que a sua natureza estivesse em mim.84 A ela em primeiro lugar se refere à Saudação Angélica, visto que, a minha natureza teve a benção de ter Maria Mãe de Deus, vivente em mim. Esta minha realidade humana é bastante importante, e primeiramente deve ser entendida pela mente, como a imagem de Cristo e dos Santos. Por isso observa verdadeiramente, o meu dileto Esposo85, o seguinte modo de orar, memorável pelos séculos e maravilhoso a ser seguido, do meu Unigênito Filho Jesus Cristo, para o progresso da tua alma”.

MODO DE ORAR

Meditações sobre as partes do corpo de Cristo e de Maria, de acordo com o ensinamento da Mãe de Deus.

Nas primeiras cinquenta orações. “Em relação à mente, medites ao máximo: 1. É a Senhoria real, que mede os méritos e os prêmios, porque a Santíssima Trindade mora nesta, como no seu Triclinio. 2. Em relação aos olhos, medites a luminosidade de todos os conhecimentos, de acordo com o mérito, o prêmio e a natureza divina. Onde também se manifesta a visão que tens de ti. 3. Em relação ao olfato, medita a fragrância de todas as graças. De fato está em mim toda a graça de vida e verdade. 4. Em relação à boca, medites a suma abundância, a suavidade, o sabor e a eloquência de todos os dons de Deus. 5. Em relação a garganta, medites o som e a modulação do falar e da voz, do qual Deus e todos os Santos se agradaram”.

No segundo grupo de cinquenta orações. “1. Em relação ao ouvido, medites sobre o porquê as tuas palavras ressoam sempre nos meus ouvidos, como o acordo de todas as virtudes e os dons de graça. 2. Em relação ao estomago, medites que esse seja o deposito de toda a suavidade e prazer. 3. Em relação aos seios, medites que esses contenham cada consolação e doçura. 4. Em relação ao braço esquerdo, (medites) que nesse esteja contido toda a vantagem de graça e de glória natural. 5. Em relação ao direito, (medites que neste esteja contido) os infinitos tipos de todas as alegrias”.
No terceiro grupo de cinquenta orações. “1. Em relação ao ventre, medites a potência imensa de parir e o quanto é máximo o respeito materno. 2. Em relação aos fêmures, (medites) a grandíssima força. 3. Em relação aos joelhos, (medites) a graça incansável de salvar e de libertar dos males. 4. Em relação as tíbias, (medites) a unção, que está em quase todos os Sacramentos. 5. Em relação aos pés, medites o dom da agilidade, da constância, etc. E estas coisas (medita também) sobre o corpo beato”.

IV. “Em relação à Alma, depois, em maneira apropriada, podes meditar e ao mesmo tempo orar, voando pelo Intelecto, a Vontade, a Memória, a potência Irascível e aquela Desejável: ao mesmo tempo (voando) pelo sentido comum a todos, à Imaginação, à Fantasia, ao Discernimento e à Recordação. Assim as potências dos cinco sentidos interiores. Em cada um destes venerarás as coisas espirituais, que são infinitamente melhores, mais dignas, mais verdadeiras, mais sanas, mais puras, mais claras, etc., do que as coisas criadas neste mundo”.

V. Ao esposo que pensa: Aquelas coisas podem ser pura fantasia e imaginação? A Senhora responde: “São verdadeiras por três motivos. 1. O revelo com a razão. De fato, a Santíssima Trindade é por toda a natureza, potência e presença: por isso é também em cada imagem criada, especialmente na figura de Santa Maria, à qual, desde a eternidade foi concebida na mente divina, e esposada com Deus. E assim a Santíssima Trindade é mais presente em todas as coisas criadas, do que a forma dentro da matéria, ou a posição em um lugar. Aqui existe um ser divino, no qual não existe falsidade. 2. Eis um exemplo evidente. Logo depois o Esposo observava na Esposa Mãe de Deus, e também em cada parte (do corpo) dela, todo o mundo e inumeráveis outros mundos, e parecia que uma coisa, estava contida em outra. Esta é a visão do corpo. 3. Em relação à alma, o Esposo acreditava que todas as partes da alma tinham sido absorvidas e levadas ao espírito da Beata Maria e mais do que antes, a mesma Maria viu, sentiu e pode cada coisa. Então o Esposo obteve o beijo e dos seios divinos foi alimentado, etc.

VI. Da mesma forma, por intercessão da Mãe de Deus, viu as mesmas coisas na imagem de Cristo e dos Santos. Os Santos, porém, pareciam evitar serem honrados e imaginados nas mentes humanas na pura natureza humana, que não estimam por nada. Devem, porém, ser honrados assim e o fazem por disposição da Santíssima Trindade.

VII. “Observa então o seu grau e diferença, diz a Esposa. Desejam ser honrados com o culto, a Santíssima Trindade, Cristo, eu e os Santos, e este em duas formas. 1. A (forma) principal é a submissão à Santíssima Trindade, que deve ser adorada. 2. Logo depois, ou seja a segunda (forma) é que pelo culto, Cristo escolheu a mim antes de todos:86 Eu então estou antes de todos os outros, em modo absoluto. Adora-se a (Santíssima Trindade), e venera-se a (mim). E a Santíssima Trindade, por conta da alma de Maria, é a Esposa de todos os Beatos e de Cristo: assim também Cristo, que é o Esposo de todos aqueles que devem ser salvados”. Nesse modo, aquele novo Esposo frequentemente teve um colóquio verdadeiramente habitual com Cristo e com Maria.

CAPÍTULO VII

Breves revelações feitas por parte da Mãe de Deus ao BEATO ALANO

1. À Santíssima Trindade os homens não podem oferecer nada de mais agradável do que o Louvor do Saltério; seja com (o Saltério) de David, onde em cada Salmo está contido todo o Pater e a Ave; seja com o nosso (Saltério) de Cristo ou de Maria. Por isso louvais o Senhor e a Senhora através do Saltério. 2. Porque este agrada muito a Deus, o revelou a Mãe de Deus ao Venerável Beda, a São Domingos, à Santa Catarina de Siena e ao seu Esposo, que costumava recitar o Saltério há muito tempo. 3. Também assim no Coro recitava os Salmos, visto que se imaginava que Cristo estivesse à direita do Altar, e a Beata Maria à esquerda do mesmo, aos quais dirigia com ardor em alternância os Salmos.
Assim também São Domingos normalmente orava os salmos. 4. No (recitar o) Saltério de Maria depois, aquele Esposo era particularmente luminoso, de uma admirável alegria unida a uma inexplicável exultação. Em tal circunstância aconteceu uma vez, que a Beata Esposa Virgem Maria se dignou de fazê-lo brevíssimas Revelações. E estas são expostas em seguida, assim como as palavras são da Mãe de Deus.

I. “Maria Santíssima, qualquer coisa que tenha pedido a Deus, certamente a obterá: qualquer coisa, por maior que seja e por quanto Deus possa ser contrário ao pedido”.

II. “Assim ordenou Deus, que a ninguém será concedida a misericórdia, a não ser pela forte oração de Maria Santíssima”.

III. “O mundo há muito tempo já teria se perdido, se a Beata Maria com o seu socorro não o tivesse defendido”.

IV. “Ela ama a tal ponto a salvação de qualquer pecador, que se Deus o permitisse, estaria pronta há suportar cada dia as penas do mundo e do Inferno (exceto o pecado), pela reparação de cada um. Por isso que ninguém despreze os pecadores, porque eles valem muito para a Mãe de Deus”.

V. “O menor ato de piedade oferecido à Beata Maria, também com uma única Saudação, vale mais de mil vezes do que a devoção oferecida a outros santos (fazendo uma comparação entre um Santo e a mesma), por quanto o Céu seja maior do que qualquer estrela”.

VI. “Dentro dela existe mais misericórdia, do que em todos os Santos”.

VII. “No Novo Testamento não existe nenhum Santo, a qual maior obra não tenha buscado o louvor da Mãe de Deus. Por isso São Domingos, São Francisco, São Vicente, São Tomás, São Bernardo, etc. viviam devotos em relação a ela na devoção do Saltério”.

VIII. “Aqueles que a serviram constantemente no Saltério, receberam qualquer graça especial. Assim São Domingos, São Francisco, etc. tiveram o mérito de se tornar Fundadores das Ordens Sagradas e São Domingos mereceu ainda ser chamado Filho de Deus, Irmão de Cristo, Filho e Esposo de Maria”.

IX. “O Senhor Jesus, quando se toma a Santa Comunhão, não deixa de estar naquele que a tomou quando a hóstia consuma-se, permanecendo a graça. Em uma alma pura a (presença de Cristo) é maior, do que na hóstia: visto que a finalidade e a razão do seu estar na hóstia é de estar na alma. E esta (presença na alma) é tanto melhor (do que a presença nas Sagradas hóstias), quanto à alma o é em confronto às simples hóstias. De certa forma está (nas hóstias) e em outra alma. O novo Esposo, depois da Comunhão, sensível e espiritualmente sente Cristo, vivo em si. Do mesmo modo também Santa Catarina de Siena e muitos outros Santos”.

X. “A nossa Advogada, ama mais do que qualquer um possa jamais (amar) algum (outro)”.

XI. “Uma só Ave dita é mais preciosa do que qualquer coisa sob o Céu ou mais preciosa do que qualquer dom temporal do corpo, da alma, da vida, etc.”

XII. “O culto aos Santos é como prata, o culto a mim é como ouro, a Cristo é como ornado de pedras preciosas, à Santíssima Trindade é como o esplendor das estrelas”.

XIII. “Como no mundo o sol tem mais valor do que todas as estrelas, assim eu socorro os meus pequenos servos, mais do que os Santos”.

XIV. “Os favores feitos aos Santos são quase nada, se não são animados, depois de Cristo, dos meus méritos e da minha luz”.

XV. “Os meus verdadeiros Salmodiantes moram fortificados pelos Sacramentos: não perdem a palavra ou o uso da razão”.

XVI. “O serviço demonstrado a mim, procura alegria a todos os Santos”.

XVII. “Os nomes de Jesus e de Maria são dois fornos de caridade, nos quais estão ardentes e derrotados os demônios: e as mentes dos devotos são purificadas por estes, a devoção é inflamada, a carne é castigada”.

XVIII. “Como pela geração do Filho de Deus e a reparação do mundo, Deus escolheu a Saudação Angélica, assim, aqueles que se dedicam com zelo a gerar e renovar os outros, ocorre que me saúdem com a Ave”.

XIX. “Como Deus, através de mim, assim como através da Estrada, chega aos homens, é necessário que também estes, logo depois de Cristo, cheguem através de mim, às virtudes e às graças”.

XX. “Saibas, que Deus Pai me tomou como Esposa, o Filho como Mãe, o Espírito Santo como amiga, a Santíssima Trindade como Triclínio, e assim amo ser venerada”.

XXI. “Os meus verdadeiros Salmodiantes superam a maior parte na glória: em geral são postos na primeira hierarquia, dita Epifania”.

XXII. “No mundo glorioso existe a unidade espiritual dos Santos, e se verá todas as coisas em qualquer outra coisa; mas em mim (esta unidade) é máxima. E qualquer Esposo e Esposa são unidos espiritualmente na castíssima alegria do Amor de Deus”.

XXIII. “Todos os dias liberto alguns do Purgatório”.

XXIV. “Se os homens soubessem e meditassem sobre a visão beatífica, chegariam a brevíssimo tempo a mais alta caridade, fé, esperança e temor de Deus”.

XXV. “Meu Esposo, quero que tu penses que Cristo é todo em ti, a sua testa na tua testa, o pé no pé e assim também os outros membros. Visto que não posso te ver em tal modo, na verdade te abraçarei docemente, e tu vencerás todas as adversidades”.

XXVI. “A Missa é a memória da Paixão do meu Filho, e queria ainda sofrer por aqueles que escutam a Missa, outras tantas vezes, quantas vezes pudesse: substituir com o seu mérito infinito”.

XXVII. “A Beata Maria, todas as vezes que viu que o novo Esposo se revestiu de Cristo, gozou em o chamar de forma docíssima e em respeito com o nome de Esposo. E então ele sente nos seus membros uma maravilhosa potência”.

XXVIII. “Aqueles que celebram a Missa devem ter tanta caridade, a ponto de querer ser crucificados por aqueles pelos quais oferecem o Sacrifício”.

XXIX. “Muito frequentemente, em certo modo concebo e parto Cristo, por motivo das virtudes operadas pelos meus servos, e abraço Ele e estes, etc.”.

XXX. “É um ato bastante devoto, se elevar com a mente pela verdade da fé, a escada para Deus, e imaginar os degraus um a um, como se fosse verdadeiramente visível”.

XXXI. “É espiritual o matrimônio entre os anjos e os homens: por isso se deve (tributar) a eles, uma grande reverência, são de fato os Custódios de cada um, e Eu sou a Custódia universal de todos; e os meus olhos, assim como os olhos de Deus, estão acima dos bons e dos maus”.

XXXII. “Deus é o Esposo amável de todos os devotos e de cada um. O matrimônio depois acontece, não considerando si mesmo e maximamente sempre Deus: e devolvendo si mesmo a Deus, até ao ponto de existir, compreender, querer, agir, sofrer, poder e toda a outra coisa”.

XXXIII. “O novo Esposo, era um grande pecador, eu preguei por ti com o desejo de afrontar por ti, se fosse possível, todas as penas, para que te salvasse. Porque os pecadores convertidos são a minha gloria”.

CAPÍTULO VIII

Visão que o BEATO ALANO teve da Beata Virgem Maria Assunta.

I. O Saltério de Maria se opõe a todas as maquinações e às sujeiras do diabo, da carne e do mundo, porque através da Saudação, o Verbo de Deus, que se fez Carne veio ao mundo. Onde São Jerônimo disse: Com razão Maria é rainha de todos, porque gerando o Verbo de Deus, regenerou todas as coisas do mundo. Esta (verdade de fé) é proclamada no prelúdio da Assunta.
O novo Esposo de Maria, na festa da Beata Virgem Maria Assunta nos Céus, depois de ter recebido os celestes Sacramentos, brevemente contemplou a maravilhosa Assunção da Virgem Maria. Viu como ocorreu, quando ela em Jerusalém acalmou-se, entre os apóstolos que a circundavam como uma coroa. 1. Viu a alma dela, sete vezes mais esplendente do que o sol, enquanto avançava pelo Templo do corpo, e se lançava com admirável celebridade entre os braços do filho Esposo Jesus Cristo, estando presente a Igreja triunfante, e, sobretudo o Coro dos Anjos, destinado para a proteção dos homens. Apenas chegou às portas do Céu, se ouviu a voz de Jesus; Levantais as vossas portas principais, e elevais as portas eternas; e entrarão o Rei e a Rainha da Glória: no mesmo tempo entrava o Senhor forte e potente na batalha com a Esposa, que se apoiava sobre o seu Esposo. 2. Aqui manifestam-se de repente as exultações celestes, e ao mesmo tempo as Legiões Celestes se encontraram, e tendo se ajoelhado, com uma harmonia melódica de diversos sons, aclamam a Angélica Saudação, com um indescritível triunfo, reverência, felicidade e solenidade. Nenhum dos Celestes era visto sem um Saltério musical, não ouvindo nada que não fosse a Saudação Angélica, com uma suavidade de admirável melodia. 3. Entre as outras coisas, etc.

ESQUEMA DO SALTÉRIO.

II. (O Saltério) era similar a um instrumento grandíssimo, que sozinho continha cento e cinquenta Saltérios, cada um dos quais era composto igualmente de cento e cinquenta bastões. Em cada bastão, de uma forma maravilhosa, tocavam novamente cento e cinquenta modulações, em grandes acordes.
O Santo Arcanjo Miguel se divertia nisto, como um Músico e os estavam ao redor cento e cinquenta concertistas; próximo a estes, estava o Anjo que servia Cristo, quando era peregrino.
Parecem que, por fim os mortos pudessem ser ressuscitados pelo canto. O Esposo que ali escutava, sentia que era levado pelo maravilhoso amor de Cristo e de Maria. 4. Os coros se alternavam e depois que tinham cantado sobre aquele glorioso Saltério: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco”, respondia a inteira corte dos Céus: “Bendita seja vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre Jesus Cristo”. Deste nome acontecia uma única repetição, e (iniciava) súbito uma nova melodia, e assim continuamente: nem nunca se repetia o mesmo significado e compreensão das palavras. Parecia que este Saltério tivesse recebido a infinita Sabedoria de Deus. 5. O Esposo depois sente que a sua Guia o dizia: Todo o mundo através desta sentença foi perdoado, e o Rei dos Céus se encarnou e foram reparadas as ruínas dos Anjos. Por este motivo os espíritos angelicais cantaram eternamente, este Cântico novo a Deus. Aproximando-se depois de todos os Celestes de Maria nas várias legiões (em cada uma das quais o número não era superior a cento e cinquenta), cada um o oferecia este próprio Saltério. 6. Visto que o Esposo era bastante surpreso, um dos que estavam presentes disse: Do que te surpreendes? Este número é santíssimo e é representado na Arca de Noé, no Tabernáculo de Moisés, no Templo de Salomão: e este através de vários números de dez, que muito frequentemente se repetiram diante deste mistério; este (é o numero) da medida do templo novo, visto por Ezequiel. Com os Salmos de David, o número cento e cinquenta é de uso comum: e (os Salmos) profetizam a todos em volta a Cristo e à Mãe de Cristo. Este é de fato o verdadeiro e vivo Saltério da Santíssima Trindade, e por isso de toda, e as Igrejas87. Por isso se oferece no Saltério dos homens, orações em igual número, àquelas que alegram os Celestes, e é honrado Deus. Deus quis, por isso, que tu aqui escutasses e visses coisas tão grandes, para que tu pregues a todos que estas orações agradam tanto a Deus.

III. (Sobre o) pregar: “O grande momento crítico do mundo pede o Saltério, por causa dos males que o perseguem. Qualquer um que o pegar, sentirá a força e o sustento destes: aquele que o desprestigiar, será arrastado pelo males futuros. Uma miserável devastação ameaça o mundo: e somente o Saltério Angélico, que já recuperou o mundo, agora pode novamente salvá-lo”. O Esposo ouviu isto e, orientando por acaso os olhos ao mundo a ele inferior, viu três coisas bastante desmedidas avançarem contra esse. 1. Das extremidades viu um abismo de imensa profundidade, do qual uma fumaça misturada com fogo obscuro se levantava e levava devastação ao mundo. E se ouviu então a voz de uma águia que voava e gritava: “Maldição à carne e ao sangue, no incêndio, todo o mundo arde em fogo”. 2. Em outra região viu uma horrível preparação para a guerra se expandir e se desencadear, gerando uma imensa devastação, junto com tempestades, raios e trovões em todo o mundo. E entre estas coisas uma voz de mulher gritava: Os males geram desgraça ao mundo. E gritava ainda: Visto que não existe misericórdia no mundo: não peçam mais clemência ao Céu, visto que se aproxima o fim, se aproxima o fim. 3. Em uma outra região, ele via inumeráveis grupos de demônios, que com duas chagas faziam precipitar quase todo o mundo no abismo do inferno, com cento e cinquenta fornos, além de infinitos tormentos de todos os tipos.
Que fim de mundo! Que horror provinha dali! Sente que as três chagas ditas, eram devidas aos três males do mundo, à Luxúria, à Avareza, à Soberba, e contra estas tinha eficácia o Saltério.

IV. Entretanto o Rei Jesus fez a Rainha do Céu subir acima dos Coros dos Anjos e a disse: “Minha Mãe, Esposa e Virgem Rainha, é justo te apresentar a Santíssima Trindade, e os teus méritos, por ter vindo em socorro ao mundo. Aqueles que chegam da terra, consagrando si mesmos a Santíssima Trindade, oferecem os seus dons e méritos à mesma (SS. Trindade). Serei eu a tua Guia: estais para entrar na posse, de fato, dos Reinos Celestes”. Disse: e depois de ter dito isto, eis imediatamente, o novo Esposo viu diante dele uma coisa espetacular.

A (PRIMEIRA) VISÃO DO SALTÉRIO.

Apareceram quinze rainhas bastante majestosas, acima dos mortais: e ao redor de cada uma estavam as próprias Servas. 1. As primeiras cinco rainhas, junto com suas cinquenta servas, levavam diante (de Maria Santíssima) cinco Rosas de beleza maravilhosa: se via escrito em letras de ouro sobre a primeira destas: “Ave”, sobre a segunda: “Maria”, sobre a terceira: “Cheia”, sobre a quarta: “Graças”, sobre a quinta: “Senhor”. 2. Outras cinco rainhas, junto com suas cinquenta servas, levavam cinco Gemas de grandíssimo valor: sobre a primeira destas estava escrito “Contigo”, sobre a segunda: “Bendita”, sobre a terceira: “Tu”, sobre a quarta: “Entre as mulheres”, sobre a quinta: “E Bendito”. 3. As últimas cinco rainhas, junto com suas cinquenta servas, levavam diante da Mãe de Deus, cinco estrelas. Sobre a primeira destas estava escrito: “Fruto”, sobre a segunda: “Teu”, sobre a terceira: “Ventre”, sobre a quarta: “Jesus”, sobre a quinta: “Cristo”.
Então seu Filho dizia à Mãe: “Docíssima Mãe, Esposa caríssima; três são os sumos Impérios dos Céus, e os três são Um só (Império): aquele Paterno, aquele Filial e aquele Espiritual, e cada um (desses) possui cinco reinos próprios. É justo que tu sejas a Rainha dos Céus, não somente participante e consorte, como são todos os Santos, mas também que Tu sejas a Senhora dos Impérios. Coragem: eis a ti”.

O PRIMEIRO: O IMPÉRIO DO PAI.

V. Desse, cinco são os Reinos que estão de acordo com o Pai: 1. A Paternidade; 2. A Unidade; 3. A Potência; 4. A Eternidade; 5. A Criação. Estes, isoladamente e juntos, são imensos, adoráveis, divinos. Então a Santa Virgem Mãe, suplicante, com muita humildade, disse ao Imperador e Pai Onipotente: Ave Pai, Ser dos Seres. Eis por mim e por todos os meus salmodiantes ofereço esta Rosa, precedentemente doada na tua graça. Ao mesmo tempo, da mão da primeira Rainha, ela recebeu a Rosa ornada da inscrição “Ave” e a ofereceu ao Pai pelo Reino Imperial da Paternidade. Recebida a Rosa da Paternidade, o Pai disse: Esta rosa é digna e gloriosa! Por causa desta, serás para sempre Rainha do Reino do Pai, como Mãe única de todos os Seres. Visto que diante da Ave gerou meu Filho, o Criador de todas as coisas. Ao Esposo parecia que toda a Corte Celeste escrevesse em um Livro esta doação, feita à Maria e aos Salmodiantes dela.
II. Apresentando-se ao Rei, e ao Reino da Unidade, Maria, oferecendo uma Rosa, disse: Ave, Rei das Luzes, eis a Rosa da unidade infinita, da qual derivam todas as coisas; eu, Maria, ofereço por mim e pelos meus, como tu sabes e queres.
Recebida, o Rei disse: Tu serás a Rainha bendita no Reino da minha Unidade. Quero que as Unidades dos Seres, juntas e isoladamente, estejam sob o teu poder.
III. Ela oferecendo uma Rosa, escrito “Graças”, se apresentava ao Rei e ao Reino da Potência, dizendo: Ave Gracioso Rei: eis esta doação por mim e pelos meus servos Salmodiantes. Espero que tu gostes e te acalme. O Rei disse a Ela: Eu gosto me acalma, e me acalmará. És tu a Rainha do meu
Poder; e que tu sejas Rainha sobre cada poder no Céu e na terra. Visto que tu geraste o Filho, Potência do Pai, que é a Graça do mundo.
IV. Introduzida pelo Rei no Reino da Eternidade, suplicante dizia: Rei receba a Rosa “Cheia” de mim e dos meus servos. O Rei disse a Ela: Tu Mãe da Plena Eternidade, em recompensa do teu mérito, recebes, Rainha, este Reino da Eternidade.
V. Oferecendo do mesmo modo a Rosa ao Rei, e ao Reino da Criação, o Senhor disse: A Rainha recebe o Reino da Criação, visto que gerou o Filho Criador. Depois disto quanto é grande a exultação de todos?

O SEGUNDO: O IMPÉRIO DO FILHO.

A este Império pertencem cinco Reinos da Exultação, conforme as propriedades do Filho: 1. A Filiação; 2. O Verbo; 3. A Sabedoria; 4. A Redenção; 5. A Providência. A Virgem que se devia apresentar ao Rei e ao Reino de cada um destes, seguia humildíssima o Guia.
I. Por isso falando normalmente, ofereceu por si e pelos seus salmodiantes a Pedra preciosa “Contigo”, ao Rei da Filiação, para o Rei dos Filhos de Deus.
II. Igualmente dá ao Rei a Pedra “Bendita”, pelo Reino do Verbo Encarnado; e a Rainha o recebe.
III. Para o Reino da Sabedoria, dá ao Rei a Pedra “Teu”, e se torna Rainha da Sabedoria.
IV. Para o Reino da Redenção, dá a Pedra: “Entre as Mulheres”, e se torna Rainha da Sabedoria.
V. Para o Reino da Providência, dá a Pedra: “E Bendito”, e recebe o Reino. Aqui novamente cantam novas exultações dos Celestes e louvores maravilhosos.

O TERCEIRO: O IMPÉRIO DO ESPÍRITO (SANTO).

Este Império possui igualmente cinco Reinos, conforme as propriedades do Espírito Santo: 1. O Espírito Santificador; 2. Os Dons; 3. A Missão; 4. A Bondade; 5. A Custódia.
I. Ao Rei Espírito Santo, a suplicante oferece a estrela em que estava escrito: “Fruto”. E o Rei a disse: Amiga caríssima ocupa o Reino de todos os Espíritos: que seja feita a tua vontade sobre esses. Porque concebestes com boa vontade o Fruto do Espírito Santo.
II. Ela então oferece a estrela em que estava escrito: “Ventre”, para o Reino dos Dons. Diante desta o Rei disse: Sim Rainha dos Dons de Deus; e a ninguém será dado algum dom natural, moral, de graça, e de glória se tu não és cooperadora e mediadora.
III. Ela oferece a estrela em que estava escrito: “Teu”, para o Reino da Missão. Então o Rei disse: Assim como através do teu Ventre bendito foram dados ao mundo todos os bens: igualmente a minha aparição, suma Missão, foi conhecida através da Missão dada a Ti, de gerar o Filho.
Por isso tu serás Rainha de todas as Missões nos dois mundos, e nenhuma mudança acontecerá sem o teu consenso.
IV. Ela então dá a estrela em que estava escrito: “Jesus”, para o Reino da Bondade, e o Rei disse: Tu serás a Rainha da Bondade. E eu a ninguém a comunicarei, sem a tua mediação.
V. Ela que entrega a estrela em que estava escrito: “Cristo”, para o Reino da Custódia, e o Rei disse: Não quero que seja tutelado sem ti, nada, do que está na natureza, nem na graça. Tu de fato, Rainha Conservadora, gerastes o Salvador do mundo.
Depois disto, novamente ocorreram imensas exaltações.

EIS A CONCLUSÃO.

VI. Enfim, (Maria SS) oferecia si mesma, à Santíssima Trindade, por si e pelos seus servos Salmodiantes. E a Ela Deus disse: Disponho e quero que as doações a ti feitas sejam válidas eternamente. Tu serás o nobre Triclínio da Santíssima Trindade: Eu assim serei inteiramente em ti, e tu serás inteiramente em Mim: não pela Assunção, mas especialmente pela glorificação. Nunca negarei nada à tua vontade. Depois destas coisas: Porque ligaste aquelas quinze Doações aos meus dez Preceitos, as minhas dez principais Virtudes contrárias aos dez Vícios do mundo, as dez subdivisões da natureza a renovar: por isso quero que no Céu e na terra, sob este número tu sejas louvada no Saltério. No final a Esposa, voltada ao Esposo, disse: Prega as coisas que vistes e que escutastes. Não tenhas temor: eu estou contigo; ajudarei a Ti e a todos os meus Salmodiantes. Eu castigarei aqueles que se opõem a Ti: iremos à ruína; como vistes que muitos morreram através de uma forma ruim.
Agora, porém, presta atenção.



CAPITULO IX

Segunda parte da Visão. A luta entre a Misericórdia da Rainha e a Justiça, etc.

NOTA.
A Beata Virgem, no final do capítulo, recorda ao BEATO ALANO: no Céu existe uma suma paz, nenhuma discórdia, não existe mudança em Deus: mas à inteligência humana, assim se apresenta nos diferentes tempos, da Lei, e do Evangelho; a ira de Deus a eliminará com a sua Graça.
I. O Saltério de Maria é a Chave e o Vaso da Misericórdia: é como o vaso d’água de Rebeca, que refresca os viajantes da Fonte da Mãe da Misericórdia (Gen. 24). Assim ensina a segunda parte da Visão, e a afastar os males através do Saltério, assim como também e principalmente, a pedir as coisas boas. Àquela visão claríssima tida pelo Novo Esposo, se seguiu outra, bastante severa e confortante. Eis a nova (visão).

A (SEGUNDA VISÃO) DO SALTÉRIO.

Maria já tinha sido instituída Imperatriz dos três eternos Impérios nos Céus e Rainha dos quinze Reinos, e estava para iniciar de forma feliz o seu Império da Misericórdia.
Eis, (aparecer outros) três (Impérios) maiores, do lado oposto, (que são os Impérios) do homem, do mundo que caiu e do mundo usurpado (de Deus); com grande agitação estes impérios se movem, e surgem contra a extraordinária Misericórdia de Deus e da Mãe de Deus. Assim pareceu acontecer a coisa. Deus, irado pela queda dos primeiros homens, tendo assim colocado de lado a Clemência, iniciou a governar quem o era submisso com o cetro de ferro do seu Poder, Justiça e Verdade: agora, como o homem recebeu a reparação do Filho, foi acalmado liberou os freios da Misericórdia no mundo do seu Império; mas para isso, o novo tríplice Império, foi necessário que fosse suprimido o Antigo Tríplice Império usurpado (por Deus). Portanto as Três (servas) dessa Imperatriz, a Potência, a Justiça e a Verdade, juntas dizem: A Soberana Misericórdia sozinha governa todas as coisas? Se cedermos, pereceremos. Será destruída a Lei, cessará a Potência de Deus sobre os maus, e também a Justiça contra estes, e mesmo a Sentença da Verdade sobre a condenação dos cativos. Então: queremos combater? Todos estavam de acordo. Coisas a serem vistas com admiração! Ao Esposo (isto) aparecia praticamente diante dos olhos, como se as visse:

A POTÊNCIA DO IMPÉRIO DO PAI.

II. Esta Imperatriz se move com a sua grande dimensão, e avança em batalha. A seguem cinco pérfidas Rainhas: (1. Maldição; 2. Ignorância; 3. Dureza; 4. Pobreza; 5. Escravidão). Inumeráveis legiões ameaçadoras semelhantes a estas eram presentes, desordenadas e com grande confusão. Estavam ali. Estava também naquele lugar a Soberana Misericórdia de Maria, junto com a Potência. Esta, confiando nas armas da Misericórdia e das Virtudes, e nos Méritos de Cristo, dela (Maria SS) e dos Santos, e daqueles que estavam sentados sobre os cavalos brancos; depois de ter enviado bandeiras contra o exército inimigo, veio, viu e venceu. Pegou aquela severa Potência do Pai, juntou às suas Rainhas e a todas as milícias. Eram todas de gigantesca grandeza e de uma força invencível. Aquelas que tinham as mãos presas nas costas, a Rainha Maria disse: “Soberanas potentíssimas, é justo que a vontade de Deus seja observada, que a Sabedoria seja cumprida, que a bondade seja mantida? Visto que ele me chamou, eu que não sou merecedora da sua graça especial, (me tornei) Imperatriz de Misericórdia, era necessário que o meu Império fosse defendido por mim com todas as forças. Vós, ameaçadoras, a mais de quatro mil anos afastam a misericórdia do mundo, fechada somente nos Céus. Agora (assim parece justo a Deus) Eu, Rainha vossa e de todos, pela Autoridade da Santíssima Trindade vos libero e declaro que sois livres. Ao mesmo tempo vos nomeio Soberanas da Misericórdia, e vos restituo aos Reinos. I. Por isso tu, Maldição, te retires: que se aproxime a minha Benção no Reino da “Ave”, que é sem Culpa. II. Ignorância, por muito tempo poderosa no mundo, desapareça: iluminação, avances no Reino de “Maria”. III E tu Dureza, fujas: Boa Graça te aproximes ao Reino da “Graça”. IV. Ah, gigante Pobreza, que eliminastes até agora todas as coisas boas, te afastes: e tu, Plenitude, entres na penúria e reines “Plena” no Reino. V. Cruel Escravidão, porque persegues? Desapareces: Te aproximes, Liberdade dos filhos de Deus, e reines no Reino do “Senhor”. Escutem: todos vós Salmodiantes, meus súditos que servem a Cristo e a mim, escutais, pegais os vossos privilégios.
Quero que os meus Salmodiantes na vida, na morte, e depois da morte, tenham a Benção, Iluminação, Graça, Plenitude e Liberdade e reinem ilesos e seguros da Maldição, Ignorância, Dureza, Pobreza e Escravidão.

II. A JUSTIÇA DO IMPÉRIO DO FILHO.

III. Esta Imperatriz, quando soube da prisão da irmã, se precipitou às armas e chamou às armas as suas cinco Rainhas aliadas. Voaram estas cruéis, com uma massa de males (1. Peregrinação; 2. Infâmia; 3. Severidade; 4. Impiedade; 5. Má Sorte). Agrupam-se e partem para a ofensiva no combate contra a Mãe de Deus, Rainha da Misericórdia. Acontece o assalto e a força de Maria vence a Violência e a Justiça, capturando os seus exércitos. Com a cabeça ferida, as mãos e os pés amarrados, a Justiça disse à Misericórdia de Maria: Feristes o meu coração, minha irmã: de fato os teus raios aguçados e os carvões que disseminam desolação penetram, e avançam. E a esse disse a Clemente Maria: Por muito tempo e muito duramente dominastes sobre os filhos de Adão, ordeno o final e a conclusão ao teu Império. Eu desejo que comande a Misericórdia, (e quero) que de agora em diante as tuas pérfidas Soberanas façam desse modo. E tu, I. Peregrinação pare de maltratar os exilados e fugitivos sob o céu, os míseros mortais e os estrangeiros sobre a terra e no limbo. Afastados: Aproximes-te minha Rainha Hospitalidade e pegues o teu Reino “Contigo”. II. Infâmia, ignorante e hostil ao nome humano: vá embora. Entre a Boa Fama e pegues o Reino, “Bendita”. III. Severidade, ora infere cruelmente: afaste-te do Reino: por longo tempo rejeitastes e retardastes o Mediador. Tu, Conciliação, pegues o Reino “Tu”. IV. Impiedade te afaste e evita os Reinos, (vem) tu Piedade, no Reino “entre as mulheres”. V. Má sorte te afaste: aproximes-te, Boa Sorte, ao Reino “E Bendito”. Aqui Maria: Escuteis vós todos, os edito. Quero que no meu Saltério os Salmodiantes tenham em mim o Triclínio da Santíssima Trindade: 1. Hospitalidade. 2. Boa fama junto a Deus. 3. Mediação minha, do Filho e dos Santos. 4. Piedade e 5. Boa Sorte; “e sejam libertos por todas as coisas contrárias a estas, porque obedecem a mim nos Reinos: contigo, Bendita, Tu, entre as mulheres, e Bendito”.

III. A VERDADE DO IMPÉRIO DO ESPÍRITO (SANTO).

IV. Conhecida estas coisas, se lança na batalha, junto às cinco aliadas e todo o Reino, inventa novos (planos), que se acrescentam àqueles de antes. Maria invade, combate e com a ajuda do Espírito Santo a vence e, a trazendo junto aos seus, na porta do tribunal da SS. Trindade, onde Maria disse do alto: “Essa é aquela que até este momento privou da verdade os filhos do nosso pai Adão, e os manteve amarrados na sombra tenebrosa, saias agora, e abandones o Império. Afastes-te também das suas Soberanas: (1. Esterilidade; 2. Infecundidade; 3. Pobreza; 4. Prisão; 5. Morte ruim). Te afastes dos nossos Reinos: o Fruto, do Ventre, Teu, Jesus, Cristo.
No lugar destas entrais vós, exultante Rainha do Espírito Santo: 1. Frutificativa. 2. Fecundidade. 3. Abundância. 4. Liberdade 5. Saúde e Vida Beata. Quero que os meus Salmodiantes gozem destas coisas, e sejam privados das coisas contrárias a estas.

A CONCLUSÃO
V. A SS. Trindade, expectadora de tão grandes conflitos, suplicada pela Potência, pela Justiça e pela Verdade, que eram prisioneiras, responde: Filhas caríssimas, a minha filha Paz, seja árbitra entre vós. Escutem-na. Aqui estava a belíssima Paz e disse: “Seja dado a cada um aquilo que é seu e seja feita Paz na sua Virtude. Três vezes SS. Trindade, eu estabeleci uma dúplice Sentença. A primeira: Maria escolheu a melhor parte dos quinze Reinos, que é a Misericórdia. Por isso cada um, no Saltério de Cristo e de Maria, deve servir submisso ao Império das outras (Rainhas) já derrotadas: mas (deve) exultar beato no Reino de Maria”. O Onipotente aprovou e toda a Corte do Céu aplaudiu. Novamente com voz terrível, a Paz proclama a segunda parte da Sentença para os prisioneiros. “A Potência, a Justiça e a Verdade voltam a exercer o (seu) Domínio: mas impõe a dura submissão àqueles que, nos Reinos da Misericórdia, rejeitam de ser submissos à bandeira do Saltério de Cristo e de Maria pelo desprezo da soberba, pela negligência da preguiça ou pela eternidade”. A voz dos Santos juntos gritava: “Seja feito, seja feito. Amém, amém”. A Verdade, sorrindo, acrescentou:
VI. “Certamente, três vezes Beata Maria, Imperatriz digníssima, o teu Reino será pequeníssimo, o nosso grandíssimo. Visto que uma parte muito pequena se dobrará a bandeira do pregar, do levar e do difundir o Saltério. Estreita é a estrada que conduz ao Céu, e poucos entram através dessa. A maior parte geme, é servida, se purifica sob a nossa sumidade, e esta purificação é incessante”.

UMA NOTA DE CAUTELA.
Enfim, voltando-se ao seu Esposo, a máxima Santa avisa: “Não acreditem que nos Céus se faz a guerra e se semeia a discórdia. Não acreditem nisso. Aqui a paz é infinita. Vistes essas coisas, como se tivessem acontecido, para a vantagem tua e dos homens que devem ser instruídos por ti, para anunciar aos homens, a Graça de Deus e do Saltério, que veio para mudar a Ira em Graça”. Ela Disse e ao mesmo tempo o deu um beijo e o amamentou através de seu Seio para confirmar a verdade. E depois de ter sido amamentado, regurgitou de tão grande exultação, que parecia ser desgostoso de todas as coisas humanas e terrenas. Assim aquele Esposo, restituiu as coisas humanas e a sua humanidade, compreendidas então que é por esta visão que a Igreja canta na Assunção: Hoje Maria ascende aos Céus, vos alegrais: visto que com Cristo Reina em Eterno.

CAPÍTULO X

As preciosidades da Saudação Angélica reveladas por Jesus, ao Esposo de Maria.
O novo Esposo de Maria, sem merecer viu e ouviu o que se segue: Jesus disse à Mãe:
Docíssima Mãe e Esposa, muito me agrada que tu sejas louvada na Saudação Angélica. Por isto, me alegra revelar ao teu Esposo os louvores contidos na tua Dignidade. Voltando-se a ele (ao novo Esposo) Jesus disse: Filho meu: aparecendo a ti visivelmente, explico que coisa inconscientemente oferece à Mãe de Deus quando a dizes, muito devotamente, a Ave. O Esposo responde: O amor e a alegria dos corações, docíssimos de Jesus: te agradeço pela tua suma graça e piedade, com a qual te dignasses em visitar a mim indigno pecador, restituo não quanto deveria, mas quanto sou capaz; ao mesmo tempo te peço muito humildemente: ensine-me as coisas que não conheço. Jesus disse: meu Filho escuta através das grandes coisas do mundo, quais são as preciosidades na Mãe de Deus.

AS SETENTA E DUAS SUPERIORIDADES DA SAUDAÇÃO ANGÉLICA.
PRIMEIRO SALTÉRIO.

Primeiras cinquenta orações. “Ela é o Paraíso, no qual o novo Adão e Eva, Cristo e Maria foram colocados para a regeneração dos homens (Bernardo). 2. Ela é o Céu esplendente de estrelas das Virtudes, das Graças, das Ciências e dos Méritos Agostinho. 3. É o Sol que adorna o mundo, o qual é guiado, iluminado, e inflamado pelo fogo da castidade (Anselmo). 4. É a Fonte da vida na Igreja, na qual os pecadores se lavam, os doentes se curam, os sedentos matam a sede e se regam as hortas das ciências (Agostinho). 5. É a arvore da vida que ressuscita os mortos, cura os doentes e salva os vivos. (Jerônimo)”.
Segundo grupo de cinquenta orações. “6. É a arvore do conhecimento do bem e do mal, o qual provar me ensina a fazer o bem e a fugir do mal (Anselmo). 7. É o jardim da amenidade com as flores das virtudes, das quais é possível realizar perfumes para a salvação dos vivos e dos mortos (Anselmo). 8. É a Mineira dos metais, para enriquecer e defender os meus servos, e para expulsar os inimigos (Alberto Magno). 9. É a mineira das pedras preciosas, ou seja das virtudes, para coroar as almas (Agostinho). 10. É a Estrela do mar, entre as ondas do mundo e as sombras dos pecados, da qual somos guiados e iluminados, para que cheguemos no Porto (Bernardo)”.
Terceiro grupo de cinquenta orações. “11. É o Coro de Glória, que é composto pelas pedras preciosas dos méritos, e do ouro da caridade, com a qual a minha Mãe é Coroada quantas vezes é Saudada (Agostinho). 12. É a Veste Real de Maria, com a qual são cobertos os pecadores, e são ornados os justos (Bernardo). 13. É o Castelo Celeste, não de pedra, da Trindade (Bernardo). 14. É o Jardim arborizado da amenidade com as ondas da graça e da virtude. Neste repousa a Pomba do Espírito Santo, se nutre o pintinho das graças, medita o rouxinol da consolação espiritual, perfumam a fama e a virtude (Bernardo). 15. É a Cidade construída com as pedras preciosas e com o ouro da Igreja militante (Bernardo).”.

SEGUNDO SALTÉRIO. Primeiras Cinquenta orações. “16. A Ave é o Templo de Salomão, no qual são oferecidos a Deus: Vítimas, Votos, Sacramentos, são destruídos os pecados, são afastadas as tribulações, são obtidas as ajudas dos Santos, são escutadas as melodias dos Beatos e se encarna o Filho de Deus (Agostinho). 17. A Ave é a Vida de Engaddi, que ofereceu ao mundo o bálsamo, com o qual são curados os doentes, são iluminados os cegos, se servem os vivos e são untos os mortos (Agostinho). 18. É a Escada e a estrela de Jacó, com a qual se vai e se torna do Céu (Jerônimo). 19. A Arca do Testamento, na qual estão as Tábuas da Lei da Sabedoria de Deus e o Maná da Consolação (Bernardo). 20. É a Arca de Noé, com a qual o mundo é livre do dilúvio dos pecados e é protegido da inundação dos sofrimentos (Anselmo)”.
Segundo grupo de cinquenta orações. “21. A Ave é o Arco-íris da Clemência, que dá o perdão à soberba, que dá ao ouro à avareza, à cor verde dá alegrias vãs, dá inconstância, etc. (Agostinho). 22. É o Monte de Deus, onde são abandonadas as coisas terrenas, ressurge o coração, se foge do incêndio de Sodoma. (Jerônimo). 23. É o Campo das sementes das virtudes (Basílio). 24. É o Órgão para alegrar os Céus: a Cetra da alegria para levantar a Igreja. A melodia para colocar em fuga os pecados. (Ambrósio; Beda). 25. É a Selva da devoção solitária, onde as feras estão sob a submissão da penitência e com rápido passo fogem do mundo (Damasceno)”.
Terceiro grupo de cinquenta orações. “26. A Ave é o Prato da amenidade, no qual pastam os rebanhos de Cristo (Anselmo). 27. É o Rio da suavidade e da fertilidade, do qual é nutrida e irrigada a terra da Igreja (Basílio). 28. É o Mar da riqueza, sem tempestades, através do qual com segurança se vai às Estrelas (Alberto Magno). 29. É a Casa e Hotel e o Triclínio da Trindade (Ricardo de São Vitor). 30. É a Balança das obras humanas (Damasceno)”.

TERCEIRO SALTÉRIO. Primeiras Cinquenta orações. “31. A Ave é a Biblioteca das ciências divinas e humanas (Ambrósio). 32. É a Sala dos Tesouros de Deus: da qual os Bens do Céu, de Cristo, etc. são dispensados aos necessitados. (Damasceno). 33. É a Oficina do mundo regenerado (Agostinho). 34. É a Vale, de onde nós procuramos a humildade (Hayimo). 35. É o Celeiro da Misericórdia, do qual se nutrem as almas”.
Segundo grupo de cinquenta orações. “36. É o Altar de Deus Vivo, a nossa quiete (Orígenes). 37. É o Perfume da santa fragrância, junto do qual ofereciam as nossas obras o odor da suavidade (Beda). 38. É o Livro da Vida dos Justos (Damasceno). 39. É a Estrada do Céu, pela qual se chega à Pátria e à Recompensa (Anselmo). 40. É o Escudo, com o qual se apagam os dardos de fogo de cada mal, se vencem as adversidades (Bernardo).
Terceiro grupo de Cinquenta orações. “41. A Ave é o Arco e a flecha para ferir os inimigos, para alcançar o triunfo do Imperador (Basílio). 42. É o cinto da Castidade, o Véu da honestidade, a Cinta da dignidade, o Anel do Matrimônio Celeste. 43. É a Coroa de flores, para coroar os Beatos (Agostinho). 44. É a Porta do Céu, para salvar as almas (Alberto Magno). 45. É o Forno onde o alimento é o Pão dos Anjos, que dá a vida ao mundo (Bernardo)”.

QUARTO SALTÉRIO. Primeiras Cinquenta. “46. A Ave é o muro e o tapume da Cidade contra os inimigos (Anselmo). 47. É a Nuvem de orvalho, da qual o mundo é irrigado, floresce e frutifica (Agostinho). 48. É a Dispensa dos carismas, para curar as doenças (Bernardo). 49. É o Espelho da pureza, no qual contemplam as Coisas Celestiais (Anselmo). 50. É o Mundo, com os quais o Mundo externo foi renovado”.
Segundo grupo de cinquenta orações. “51. A Ave é o Vaso da Potência do Pai, da Sabedoria do Filho, da Bondade do Espírito Santo (Bernardo). 52. É a cidade Seráfica dos Beatos (Agostinho). 53. É o Trono dos tronos da Justiça dos Santos, junto com o qual aconteceu a Paz. É o Domínio das Dominações (Basílio). 54. É a Potência dos Poderes, contra o poder das sombras (Pier Damiani). 55. É o Diretório dos Principados, com os quais somos guiados ao Céu (Blesens)”.
Terceiro grupo de cinquenta. “56. A Ave é a Providência maior, com a qual as Províncias se apropriam de grandes bens (Agostinho). 57. É como a primeira Inspiração dos Anjos, para exaltar a Humanidade de Cristo, contra a soberba de Lúcifer (Bernardo). 58. É a primeira Esperança dos Patriarcas, que leva à Encarnação (Agostinho). 59. É a Rainha dos Profetas, para a qual eram endereçadas as Profecias (Jerônimo). 60. É a Fé dos Apóstolos, mediante as quais tem cumprido coisas maravilhosas (Ambrósio)”.

QUINTO SALTÉRIO. Primeiras cinquenta orações. “61. A Ave é a força dos Mártires, com a qual vencerão todos os suplícios (Alberto Magno). 62. É a Ciência dos Doutores, mediante a qual dirigem a si mesmos e julgam (Dionísio). 63. É o Poder dos Pontífices, que esses receberam acima dos Sacramentos da Igreja: visto que mantém viva a Encarnação (Alberto Magno). 64. É a perseverança dos Confessores nos sofrimentos, enquanto obtém o Reino (Raban). 65. É a vida dos Religiosos, com a qual morrem no mundo os mais perfeitos em Deus (Cassiodoro)”.
Segundo grupo de cinquenta orações. “66. A Ave é a Glória dos sacerdotes: através da qual receberam no Corpo do Senhor o verdadeiro e místico poder (Beda). 67. É a Pureza das Virgens, que se casaram em Deus, recusam os outros amores, se conservando angélicas (Jerônimo). 68. É o princípio e a regra do Mundo, com o qual se aprende a medir em relação a Pobres, Ricos e Nobres (Bernardo). 69. É a tolerância daqueles que se arrependem, através desta, muitos fizeram penitência, e foram salvados (Agostinho). 70. É a Auxiliadora daqueles que iniciam. 71. É a Força dos progredidos. 72. É a Contemplação dos perfeitos”.
O Esposo suplicante, depois que Jesus terminou, dá graças por todas aquelas coisas, e confessa ter visto que Jesus era tão grande, que para ele é um contínuo martírio não poder encontrá-lo até o dia do Juízo. Expressa especiais agradecimentos a Jesus que fala: visto que aquelas mesmas verdades, São Jácomo o Maior revelou a São Domingos, quando ele, na Espanha, estava próximo a morte: porém, depois daquela Revelação se renovou tanto no espírito e no corpo, que súbito se curou.

CAPÍTULO XI

Revelação sobre a Bandeira da salvação e da perdição.
Era este o particular modo do Novo Esposo de recitar a Angélica Saudação: Ave Maria, Misericórdissima, para nós se tornou Virgem Mãe de Deus, cheia de Graças, o Senhor é contigo, Bendita és tu entre as mulheres, e Bendito o Fruto do teu Seio Jesus Cristo: homem verdadeiro e verdadeiro Deus, nascido pelos pecadores, que sofreu, ressuscitou e é honrado nos Sacramentos, o qual, Virgem, concebestes através do Senhor Santo, quando respondeu a Gabriel esta palavra muito humilde: Eis a Serva do Senhor, venha a mim segundo a tua palavra. Amém. Às vezes aparecendo a ele, a Beata Maria recomenda esta fórmula que é muito apreciada por ela: visto que nesta estão contidas outras tantas qualidades e excelentes perfeições da Mãe de Deus, além das palavras trazidas. Enfim a Santa termina com estas palavras, dizendo: “Doce Esposo, agora te explicarei o segredo da divina Providência”.
I. Saibas, e com segurança compreendas isto que tu, aos outros, deves também manifestar sem demora: isto que é sinal provável e próximo à perdição eterna: se horrorizar, sentir tédio e descuidar da Saudação Angélica, capaz de renovar todo o mundo. II. Para quem tem esta devoção, essa será o sinal grandíssimo da disposição e da designação à glória. III. Por isso, quem se dirige a mim com essa Saudação, se dirigirá sempre: até me alcançar no Paraíso.

CAPÍTULO XII

Revelação de Jesus, sobre a inexplicável Paixão de Jesus Cristo.
I. O Saltério da Santíssima Trindade conforta maravilhosamente a consciência perdida: dirige quem está no erro e confirma aquele que se aperfeiçoa através dos Méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Beatíssima Virgem Maria, visto que estes (Méritos) adornam as consciências dos fiéis com as flores das virtudes, e as fecundam com os frutos dos dons do Espírito Santo. Onde narro um suavíssimo e admirável exemplo, revelado aos nossos tempos.
Um cristão, uma vez, enquanto orava muito devotamente o Saltério de Cristo e de Maria, foi seqüestrado em espírito, não com o corpo, nem com a imaginação, mas com um verdadeiro milagre e com a permissão de Deus. Neste êxtase ele sentia ser absolutamente absorvido por Cristo e quase mudado neste, sentindo sobre a testa a Coroa de Espinhos, nas mãos e nos pés (advertindo) sensivelmente as Estigmas do Senhor Jesus. O próprio querer e saber o foram subtraído e o vinha dado o querer e o saber de Cristo: como, aconteceu depois desta, via estar já no Céu e, porém observava também a si mesmo enquanto orava sobre a terra. Coisa que é extraordinária para um homem, mas não para Aquele, que só cumpre grandes maravilhas.

II. O Senhor Jesus assim dizia ao Espírito dele: “Tu e numerosos outros, maiores de ti, dizes normalmente: Eis, o Senhor Jesus Cristo somente por uma meia jornada suportou a Paixão e, visto que era Deus, facilmente era capaz de fazer isto. Ao invés, se tivesse quisto, teria podido suportar coisas muito mais duras; porém, não o fez. Nós em verdade seus servos, por muitos anos, em modo pesadíssimo somos atormentados pelo mundo, pela carne, pelo diabo; nem somos Deus, nem somos de ferro. Porque então nós, assim tão pequenos, sofremos com coisas tão duradouras, enquanto Cristo completou a Paixão em um exíguo espaço de tempo? Vem então, e olhe aquilo que estou para te mostrar”. Disse. E eis, repentinamente estavam no palácio Real, e na sala Real. Aqui era presente uma jovem de inexplicável beleza, humildade, e todas as virtudes, e diante a ela estava o Anjo Gabriel, que respondia: “Eis a Serva do Senhor, faça de mim segundo a Tua Palavra”. No mesmo instante no qual terminara de pronunciar estas palavras, o Marido com os olhos, naquele momento mais luminoso do que o sol, penetrando com o olhar a parte mais íntima das vísceras de Maria Virgem, viu que tinha sido concebido improvisadamente uma criança, de natureza pequeníssima, parecia um pequeno pássaro, absolutamente verdadeiro homem em todas as partes. Enquanto Jesus exortava: “Observa atentamente”. Ele via que em cada parte da criança era presente todo o mundo e ainda, em qualquer parte do mundo, que estava dentro da criança, existia a cidade de Jerusalém, na qual ele sofreu.
E neste momento, como também mais tarde constantemente, o jovem tão pequeno não sofreu diversamente, de como teria sofrido no fim da vida. E dizia: Assim, desde o início da minha Concepção, até a hora da morte, continuamente atormentado, sofri por ti e por todos os filhos de Adão. Observou atentamente.

III. E no mesmo instante, via o jovem Jesus na Cruz, que parecia uma árvore imensa, em um espetáculo tão miserável, que parecia que cada criatura, não só natural, mas também celeste, podia morrer pela compaixão do Crucifixo. Então a ele que olhava aquelas coisas Jesus dizia: “Eis quantas coisas sofri por ti. Que tu as saiba e as anuncie aos outros: 1. Eu por qualquer pecado particular, contínua e separadamente, sofri assim e tão asperamente, que se eu tivesse tido tantas vidas, quantas criaturas vivem sobre a terra, outras tantas vezes em todos os momentos eu poderia morrer, se Deus não me tivesse conservado em vida. 2. Suportava assim aquelas coisas, por todos os teus bens, pela perfeição moral e pela Ordenação a ser instituída em vantagem da Igreja. 3. Do mesmo modo, eu sofria tantos tormentos por cada dom de glória, quantos são o grãos de areia, quantas são as estrelas no céu, como se me fossem bastadas, e me tivessem pertencido toda a vida, assim como aqueles Anjos imortais. Eu não teria sobrevivido se o poder de Deus não tivesse me mantido (em vida). A razão é que, eu era o Verbo de Deus, que tanto amava a salvação, e sentia dor pela perda de cada um, e sobretudo pela ofensa a Deus. Aquela grande dor foi tão forte, ao ponto de invadir o meu corpo, somente depois de ter possuído todos os meus pecados, naquilo que permite a Divindade. A minha glória, de fato, era tão forte, que não cabia no meu corpo, assim (assumiu) também a pena. E como a glória, assim, também a pena era igualada à esta, e também os meus méritos e virtudes”.

IV. Entretanto, vendo e sentindo essas coisas, mesmo que dentro de si sentisse Cristo, ao mesmo tempo, também se sentia dentro de Cristo, como (se fosse) guiado e movido por ele. Aproximou-se mais da Árvore da Cruz, e sentiu em um breve espaço de tempo, não sabendo como, que ele estava dentro da Beata Virgem Maria, como numa fortaleza e num Templo: se via todo este mundo mais resplendente e mais bonito, de quanto o é realmente. Escutei o Jovem que grita na Cruz: Tenham piedade de mim, filhos de Adão, pelos quais sofro tanto. Agora peço que todos escutem a Paixão do Senhor Jesus Cristo; para que acolham as verdades expostas com consciências sinceras, contra os males presentes e iminentes, para que os desprovidos não sejam esmagados. Eis:

A (TERCEIRA) VISÃO DO SALTÉRIO.

V. Era uma vez uma árvore de grandeza infinita, cheia de todos os frutos e sobre esta (estavam) todos os Beatos. Dividia-se em três partes, de um só tronco com três ramos. Cada um dos três ramos se dividia de novo em cinco ramos, e sobre cada um tinha um Jovem crucificado, que assim dizia a quem o olhava: “Eis quais e quantas coisas sofro. Compreendes então as coisas que vistes sobre a minha Encarnação. Três eram as realidades Infinitas nesta: 1. A Essência, ou o Verbo de Deus. 2. A União entre a natureza finita e aquela infinita do Verbo. 3. E a Soberania da Graça e da Glória. Mas além destas, desde o instante da minha Concepção, estavam três Crucifixos de infinito tormento: 1. Do Verbo, quanto ao Desejo e à vontade infinita de dar reparação ao Pai, pelo infinito Amor aos homens, ao ponto que, se Deus fosse mortal e se tivesse podido, teria desejado morrer infinitas vezes.
Mas visto que Deus não pode morrer, por isso quis morrer em mim, enquanto era possível, em amor a vós. Homens, não reconheceis esse amor? Vós todos, devotos, considerais a dor e o amor como a minha dor e amor.

VI. Primeiras cinquenta orações. A serem recitadas pela infinidade da Paixão do Senhor no Verbo. Esta grande Árvore é a Oração do Senhor e a Saudação Angélica: os cinco Ramos são as primeiras cinco palavras de ambas, segundo a descrição do Senhor Jesus Cristo.
Primeiro ramo: “Ave”. “Visto a vossa liberação, de cada desastre da maldição de Eva, eis, assim eu morro na Cruz, desde o tempo da Concepção. Morro eu, o vosso Pai, seja por Criação, que por Redenção. Mesmo que se juntem os amores de todos os Pais que foram, são e serão, porém, não chegam à mínima parte do meu amor. E o crucificais ainda com os pecados, então a eles pedidos: “Pai Nosso”.
Segundo ramo: “Maria”. “Visto que, depois da Saudação (do Anjo) à Maria, para dar luz ao mundo, sofri crucificado. O Ser dos seres, aquele que existe em todas as coisas, através da essência, da presença e da potência, na forma mais verdadeira de quanto a vossa alma exista em vós. Admitido que a morte do corpo seja dolorosa, mas o quanto é ainda mais a da alma? A minha foi infinitamente mais cruel. Onde está a vossa compaixão?”.
Terceiro ramo: “Graças”. “Visto que, para obter a Graça ao mundo, fui crucificado, com dor e por amor. A Luz e a Glória dos Céus. Se surgisse a morte nos Céus, todos os seres vivos morreriam: Eu sou mais necessário na vossa vida: Eu em relação a vós sou inflamado pelo fogo do Amor, mais do que, se todas as coisas criadas fossem um só fogo e é deste modo que vós devolveis o afeto?
Quarto ramo: “Cheia”. “Visto que, sendo Crucificado, sofro com a infinidade absoluta da dor, do amor e do mérito, para distanciar a vossa futilidade com os bens, e para dar a minha plenitude de Graça e de Glória. O Santo dos Santos, “Seja santificado”. Unidas as mortes de todos os mártires, de todos os seres vivos, os tormentos e as cruzes em uma só, não haveria comparação à minha, será semelhante ao infinito. Haveis compaixão de um animal sofredor e moribundo: onde está a compaixão por mim?”.
Quinto ramo: “Senhor”. “Visto que, pela liberação dos homens da escravidão do diabo, pela aquisição do Reino e do Domínio assim Eu sofro. Quem são? O vosso Senhor nobilíssimo, liberalíssimo, amabilíssimo, ao qual dizes: “Il Tuo Nome”, ao qual todas as coisas se ajoelham, no qual fostes batizado, e tivestes o nome e o dom Cristão, e a inscrição no livro da vida. Em nenhuma língua se poderá pronunciar, a sua morte, nem menos naquela de todos os Anjos. E vós porque não ouvistes a mim que me lamento sobre a Cruz? Tenhais piedade de mim ao menos vós, meus amigos. Vês os inumeráveis tormentos e as mortes, na (minha) única morte, e no meu tormento. Observais estas coisas. Assim sou atormentado ao máximo em cada um dos cinco Ramos, pela vossa violação dos Dez Mandamentos de Deus. Eis os cinquenta tormentos, e as mortes de infinito amor, dor e mérito.
Porque então não me honrais ao menos com cinquenta Saudações Angélicas? Assim me re-amais? Assim, vós haveis se tornado culpado junto comigo? E como podereis reinar e exultar junto comigo?”

VII. Segundo grupo de cinquenta orações. A ser recitado pela infinidade da Paixão do Senhor, derivada da união da natureza divina com aquela humana. “Prestes atenção ao gênero e a suma perfeição da minha Crucificação, a partir do gênero da união acontecida”.
Primeiro ramo: “Contigo”. “Eis, o Verbo Encarnado aqui Crucificado, para que o mundo tenha consigo o Deus pedido, depois de ter renegado o Diabo. Qual Verbo? Aquele ao qual se pede: “Venha ao vosso Reino”. É o Rei dos Reis. De qual morte morrerei? Inexplicável, inestimável, incessante até o fim do mundo. Se o servo de um Senhor, ou de um Rei, que são (seres) mortais, não sofressem junto com ele, o servo seria considerado um traidor. E quem sofre junto comigo? Muitíssimos ainda me crucificarão novamente”.
Segundo ramo: “Bendita”. “Aqui sofro pela união entre o homem e Deus, para que o gênero humano receba a benção. O Senhor da liberdade, da qual recebeis a liberdade Natural, Moral, Espiritual dos filhos de Deus. “Seja feita a vossa vontade”. A morte foi maior do que todas as vontades criadas de cada um e unidas em uma só. Desgraça àqueles ingratos, que não honram o libertador! Desgraça àqueles que o ultrajam! Serão escravos eternamente no Inferno à disposição dos demônios.
Terceiro ramo: “Tu”. “Aqui sofro pela união entre Deus e o homem, para que se conheça a divindade, manifestada abertamente a eles. Sofro com aquele que primeiramente move, e dá impulso a todas as coisas; se este parasse, pereceriam todas as coisas, a ele pedidas: “Como no céu”, no qual está Aquele que primeiramente move todas as coisas que tem impulso. Se alguém desde o início até o fim do mundo tivesse que suportar todos os raios, os trovões, as tempestades do céu, não chegariam, porém, ao mínimo da minha pena”.
Quarto ramo: “Entre as Mulheres”. “Aqui sofro por causa da natureza humana unida com a Divina, para obter para os mortais, a amável misericórdia. Aquele que mantém a terra, forma todos da terra, “Assim na terra”. Se todas as coisas que estão na terra se incendiassem, fossem submersas pela água, fossem mordidas pelo corvo, esquartejadas pelos animais, etc., até ao fim do mundo, isto seria nada em confronto com a minha Paixão. Por isso os cruéis, que não sofreram comigo, serão devorados como Datan e Abiro; serão incendiados como Sodoma, etc.”.
Quinto ramo: “E Bendito”. “Aqui sofro, como homem Deus, como um maldito, para obter a todos as oito Beatitudes. Aquele que nutre todo o mundo e cada um com “o nosso pão cotidiano”. A fome e a sede de todos, até o fim do mundo, não seria nada em relação ao meu tormento pela sede. E não tens compaixão por aquele que te nutre? Tu, então, trazes a mim o segundo grupo de cinquenta orações, com aquele número e medida mínima (do Saltério), visto que, naqueles cinco gêneros e graus supremos da Crucificação, eu sofri e estou morto para dar aos homens as Dez Virtudes: isto é, as três Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade e as quatro Virtudes Cardeais: Prudência, Justiça, Temperança, Força; as três Virtudes Morais: Humildade, Alegria espiritual, Liberdade, em relação a Deus e aos pobres”.

VIII Terceiro grupo de cinquenta orações. Orar pela incomensurável Paixão do Senhor, sofrida pela Alma de Cristo. “Triste é a minha Alma até a morte, assim como a morte na Cruz, e este é o objetivo da minha Concepção, na parte inferior (da alma); de fato a parte superior da alma sempre foi feliz na Visão e incapaz do contrário. A causa da minha dor era a infinita caridade, a graça e a virtude, a piedade e o ódio do pecado. A minha alma quis conformar-se em todo o Verbo e a União (entre a natureza divina e aquela humana), porque sentia compaixão, por quanto era possível à vontade. Ora, vice-versa, o Verbo levava à Alma uma dor infinita, que a minha infinita Vontade trazia, desejando sofrer muitas coisas também maiores. Então compreendi os graus supremos da Paixão”.
Primeiro ramo: “O Fruto”. “é a permissão, para ter no mundo os doze frutos, que são: Alegria, Paz, Paciência, etc. Aquele que dá todas as coisas e ao qual orais: “Nos dê hoje”. Se todas as mentes exaltadas por todos os tiranos inventassem tormentos diversos e cruéis, estes todavia em confronto aos meus nada seriam. De fato, nada do que é material pode ser comparado ao espiritual. Se uma maçã ou um pão de pouquíssimo preço, pudesse salvar uma vida, não o negarias, e à minha alma não dás o teu afeto e a tua força?”
Segundo ramo: “Ventre”. “Eis a passagem, para regenerar todos como filhos adotivos de Deus. Aquele que tem a chave de David para amarrar e para desamarrar, etc., ao qual oras: “E perdoe os nossos pecados”. É tão grande cada falta que, se cada tormento da alma fosse transformado em tormento do corpo, todas as coisas corpóreas morreriam. Se tivesses sofrido tanto com os demônios, terias podido se salvar, e não temerias sofrer na minha Graça”.
Terceiro ramo: “Vosso”. “Eis, é a Permissão para arrancar os homens da escravidão do pecado e do Inferno. O Rei da Misericórdia, ao qual oras: “Como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”. Com uma (justiça) maior, do que aquela (dada) a todos os condenados. A Glória de Cristo, por natureza, supera aquela de todos os Beatos, assim como a tristeza da minha alma supera qualquer outra. Alma ingrata aquela dos homens, que retribuem (a minha) compaixão (com isto).
Quarto ramo: “Jesus”. “Eis, é a Permissão, para que o mundo se salve através de mim. Quem sou eu? Aquele que livra de toda a tentação e sofrimento ao qual oras: “E não nos deixais cair em tentação”. Recolhe todas as tentações, tribulações e mortes que foram, são e serão, todas são nada, em confronto com a minha (morte). A minha (morte) é de fato, de maior dignidade, consideração, amor, etc., as quais não tem nenhuma medida nem limite”.
Quinto ramo: “Cristo”. “Eis, é a Permissão, para obter de mim as unções dos Sacramentos. O forte e potente na batalha contra todo o mal, ao qual oras: “Mas livrai-nos do mal”. Com aquela imortal, visto que é infinita a vontade, o amor e a dor de morrer por cada pecado, para o pecador e para o mundo”.
Verdadeiramente tão pequena é a compaixão dos homens por mim, que estou presente, governo, imploro, sirvo, salvo todos em todas as coisas. Ingratos! Eis as coisas que sofrerei sobre estes cinco ramos da Cruz, para reparar os vários Coros dos Anjos, para salvar uma décima parte dos

homens. E não deveria ser saudado cinquenta vezes mais devotamente e assiduamente nas cinquenta orações do Saltério? A Saudação Angélica foi o início da minha Paixão, como também da Encarnação e do Evangelho. “A minha Paixão material não pode ser maior, em base a Potência de Deus”.
IX. Ditas estas palavras, eis, ele via que inumeráveis almas eram levadas do mundo, na voragem, por inumeráveis demônios. 1. Ouvi terríveis gritos. 2. Vi a Justiça divina, transportada por um cavalo vermelho em corrida, voar para devastar o mundo. A ele foi dito que esta, desde então, ameaçava o mundo. 3. Por isso a Clemência de Deus indicou os remédios, no Saltério de Cristo, a serem pedidos com as orações através da Mediadora Mãe de Deus, a qual Deus nega. 4. Enfim uma voz muito terrível soou com estas palavras: Uma vez só através da Saudação Angélica regenerei todas as coisas através do Filho; através da mesma (Saudação), também agora quero regenerar todas as coisas através do Filho; através da Saudação, também quero regenerar o mundo depravado, através daqueles que querem louvar-me no Saltério e conservar as consciências.

CAPÍTULO XIII

Sobre as penas do Inferno: Revelação (feita) ao Esposo de Maria.
I. Visto que a oração, segundo Santo Ambrósio, é o melhor remédio para reconciliar os homens com Deus, e a Rainha das orações é o Saltério, por isso nesta oração existe uma grandíssima força: tendo especialmente a força da Vida, da Paixão e da Glória de Cristo, com o acréscimo dos Méritos da Mãe de Deus e dos Santos.

II. Um devoto no Saltério de Cristo, principalmente à Paixão, sentiu forte e frequentemente no seu corpo, a Paixão de Cristo. Ele, enquanto celebrava a Santa Missa, viu na Sacra Hóstia, Jesus Crucificado, e o ouviu, dizendo: “Tu me crucificas pela segunda vez. E ele disse: Senhor Jesus Cristo, como posso cometer um delito tão cruel? E o Senhor disse: Os teus pecados me crucificam. Prefiro ser crucificado, a ver Deus ofendido pelos pecados, com os quais tu já o tinhas ofendido. Mas, ainda agora, me crucificam se não com o ato, mas com a omissão. Tens a ciência, a faculdade e o dever de pregar: és culpado dos males que podias proibir, se pregas o meu Saltério. Mas te tornastes um cão mudo, incapaz de latir, enquanto o mundo está cheio de lobos. Se não corrigires, juro pelo Pai Onipotente, continuarás a comer o errôneo alimento dos mundanos.

III. Depois desse discurso, eis, viu se abrir uma voragem infinita, e nesta estavam deitados Eclesiastes, Religiosos, Príncipes, Soberanos e muitos outros; e fogo, pedra, neve, gelo e o vento das tempestades eram uma parte do cálice deles, do mesmo modo, (eram) serpentes e aquelas coisas que o mundo entende muito desagradáveis. Nessas coisas, estavam submersas, até a sumidade, os impunes, que gritavam ferozmente.
Em torno a eles estavam demônios, com a aparência de mulheres e não se pode imaginar nada de mais torpe já que estes monstros com lanças ardentes, queimavam, depois de ter ferido, os órgãos sexuais daqueles que estavam deitados, e nos corpos nus deles entravam serpentes ardentes, najas, sapo, etc.; e vinham outras larvas que os atormentavam, mais ferozes do que as outras. Ele reconheceu muitos, que antes trabalhavam entre os vivos. E a ele Jesus disse: “Este (será) o teu repouso, se deixares de pregar. Anuncies o meu Saltério: e juro: eu lutarei, com toda a Corte celeste, contra todos aqueles que se opuseram a ti. E faças aquilo que pregas, para que não ti tornes como estes que dizem e não fazem”.

CAPÍTULO XIV

Visão estática da compaixão em relação a Cristo sofredor.

I. Uma vez o dito Esposo de Maria viu que todas as coisas estavam para morrer com Deus, como se todas as criaturas, no céu e na terra, tivessem compaixão por Cristo sofredor, com um luto e um choro, digno de admiração. Aquele que viu tais coisas ficou tão desorientado, que acreditou que deveria morrer. Mas a mão do Senhor o confortou e o levou ao alto, e uma voz disse: “Temos tanta compaixão do Senhor: não só a compaixão da sua vontade e do (seu) desejo”.

II. E aparecendo a ele a Santíssima Trindade, como se chorasse largamente, disse estas palavras: “Vistes estas coisas, não para que tu acredites que dentro de mim estejam tristeza e dor, mas para que tu entendas que, se eu tivesse um corpo mortal, podendo conter a Divindade, também choraria e sentiria a mesma dor, junto com o Filho sofredor. E se tu como os Beatos, me observaste com uma elevada compaixão, certamente não tolerarias a ti mesmo, e sentirias uma grande dor por Jesus sofredor, (embora sempre menor) em relação àquela da sua Mãe, quando ele em lágrimas estava na Cruz”.

III. Depois se voltou a Jesus, com uma grande amabilidade, o perguntou: “Jesus, e tu sentistes dor?” E Jesus (respondeu): 1. “Não pelo evento em si, de fato, este passou uma vez a favor dos pecadores, para que se salvem. 2. Então, mesmo não Crucificado na carne, estou nos membros, na Igreja e nos pecados cotidianos, que estão mais enfraquecidos do que a crucificação sobre o Calvário; o afeto deriva da vontade, não dos sensos, e assim queria sentir dor, se ainda tivesse um corpo mortal. Porque Eu, Advogado dos pecadores, facilmente acalmaria a Justiça Divina se os miseráveis usassem o meu Saltério, e participassem deste modo aos meus méritos!”.
CAPÍTULO XV
Porque quinze Orações do Senhor no Saltério?
São Bernardo, caríssimo Esposo de Jesus e de Maria, orava muito a Jesus, na compaixão a Cristo sofredor, por conhecer, o que era mais necessário para se conformar a Cristo, e, entre todos ele destacou-se por ser amabilíssimo na reverência (a Jesus sofredor).
Ele tocou as estrelas (feridas) da paixão do Senhor e durante o êxtase, com a abundância da mente, viu Cristo, com o rosto e o vulto, de quando foi conduzido à morte. Um espetáculo de compaixão e de lágrimas, até para as pedras! Depois São Bernardo, que chora junto a todos, ouviu uma voz: Bernardo meu, me ajude porque sofro tantas penas por ti. Ele socorrendo levava a Cruz nas costas: Permita-me, Senhor, que eu sofra isto, disse. E a ele o Senhor disse: Qualquer um que ame levar a Cruz, comigo que ore todo o dia por mim que sofro, quinze Pater e Ave, por um ano inteiro, e terá cumprido o número das minhas feridas. O número de feridas seria cerca de cinco mil quatrocentos e sessenta e cinco.

CAPÍTULO XVI
Porque no Saltério existem cento e cinquenta Saudações?

Revelações da Beata Virgem Maria.
Exaltamos ao escutar isto da Beata Virgem Maria, que nos deu vinte razões. “1. Visto que no Saltério de David existem cento e cinquenta Salmos, nos quais estão contidos simbolicamente o Pater e a Ave, como o fruto está contido na flor. 2. Visto que recebi cento e cinquenta exaltações espirituais, de enorme valor, durante a concepção (imaculada) e a gestação do (meu) Filho, com êxtase, visão, revelação e inspiração. 3. Visto que tive cento e cinquenta exaltações, durante o nascimento e aleitamento do (meu) Filho. 4. Visto que tive cento e cinquenta exaltações durante a Pregação do (meu) Filho, pelas suas palavras e obras. 5. Visto que suportei, durante a Paixão do (meu) Filho, cento e cinquenta mil grandíssimas dores, de todos os tipos. Por quanto, de fato, amei, também senti a dor da compaixão. 6. Por causa dos cento e cinquenta principais dons, que Cristo trouxe ao mundo, desde o seu ingresso neste, até a sua saída. 7. Morri das cento e cinquenta Dores, que Cristo sofreu, cada uma das quais teve dez referimentos: I. A Deus; II. À própria alma; III. Ao corpo; IV. Aos Santos; V. A mim; VI. Aos Discípulos; VII. Aos Judeus; VIII. A Judas; IX. Aos povos; X. Às almas do Purgatório. Depois sofreu sumamente em quinze coisas, ou seja, nos sentidos: nos cinco interiores, nos cinco exteriores e nas cinco potências superiores, que (são) o Intelecto, a Vontade, a inclinação à concupiscência e à ira, e a força motriz. 8. Pelas cento e cinquenta exaltações do (meu) Filho, e também minhas, por causa da sua Ressurreição. 9. Pelos cento e cinquenta Frutos da Paixão do Senhor. 10. Pelas cento e cinquenta Virtudes Principais pela Salvação, que são as (Virtudes) Teologais, Cardinais, Capitais, Morais, as oito Beatitudes, etc. 11. Pelos cento e cinquenta mil Vícios opostos àquelas Virtudes. 12. Pelas cento e cinquenta misérias do mundo, que são: fome, sede, frio, calor, nudeza, infâmia, injúria, doença, discórdia, fogo, inundação, feras, escravidão, ignorância, etc. e as coisas parecidas com estas. 13. Pelas cento e cinquenta ameaças de morte, que são: enfermidade, tristeza, terror, hesitação, sarcasmo dos demônios, remorso da consciência, perda dos bens, privação do uso do membro, impaciência, enfraquecimento, e as coisas semelhantes estas. 14. Pelos cento e cinquenta terrores do Juízo que são: terror do Juiz, terror daqueles que assistem o insulto dos demônios, a manifestação dos pecados, a infâmia infinita, o temor, o medo do remorso, a desesperação, a malvadeza, o desejo da morte, a ira que nasce das criaturas; e as coisas semelhantes a estas. 15. Pelas cento e cinquenta maiores penas do Inferno, diante de outros vícios, e coisas parecidas (estão também no Purgatório. Tais realidades são imensas, a alma, o corpo, os demônios, Deus, o lugar, o fogo, os sentidos, a glória perdida, a eternidade da condenação).
17. Pelas cento e cinquenta exaltações completas da Beata Maria e de Cristo, no Céu. 18. Pelas cento e cinquenta principais Ajudas que serão dadas aos Salmodiantes. 19. Pelos cento e cinquenta dias, ou outras horas, de premonição sobre a morte, que serão dadas aos devotos Salmodiantes: durante as quais, se dispõem a demora da sua alma. 20. Pelas cento e cinquenta exaltações especiais que serão concedidas aos Salmodiantes, em nome da reverência demonstrada no Saltério: “as quais jóias, corresponderão iguais prêmios (para os devotos) da Coroa”.
A estas palavras, o Esposo (disse): Maria, docíssimo júbilo do coração, que considerasse estas coisas, gastaria tudo nos louvores do teu Saltério. E a ele a Esposa: Digo a ti: os Beatos na Glória, sem parar repetem o Pater e a Ave, em maravilhosas exultações, agradecendo Deus pela glória dada, e orando pelo mundo.

CAPÍTULO XVII

Nascimento, Estatutos, Frutos e Estado da Fraternidade. Revelação de Maria ao Esposo.

I. Aparecendo uma vez, a beatíssima Maria ao seu Novo Esposo disse: “Doce Esposo, observa com atenção que revelarei a ti coisas belas, diversas, úteis, e certamente que devem ser conhecidas. Algumas dessas revelei ao teu Beatíssimo Pai, o meu Esposo Domingos, no dia festivo da Anunciação do Senhor, com milagres. Para que todos no mundo saibam a Revelação que ele teve, faças com que todos escutem a Mãe da Verdade, que narrará do caríssimo Esposo Domingos e da Confraternidade. O início do Saltério está sob o meu Nome, através de (São Domingos): os Irmãos da Confraternidade eram chamados Irmãos de Jesus Cristo e da Virgem Maria, pela figura do Saltério Angélico, que era pregado”.

NARRAÇÃO

A origem da Confraternidade do Saltério.
II.1. São Domingos, revestido de Virtude do alto, e se tornou um homem verdadeiramente Apostólico, pregando, percorreu as terras da Espanha (nas quais já antes o Sarraceno, inimigo do Nome Cristão, se difundiu), e ensinou as suas doutrinas saudáveis: quando já olhava aos outros povos que estavam em torno. Quase quinze anos antes do glorioso dia da sua morte, ainda não tendo iniciado a Ordem Sagrada dos Pregadores, enquanto era ainda um professor Canônico, sob a Regra de Santo Agostinho, com o companheiro de peregrinação Frei Bernardo, perto de São Tiago de Compostela, caiu nas mãos dos piratas. Estes conduzem o excelente as riquezas roubadas, tendo sido ambos raptados, na frota das naves deles. Depois de tê-los interrogado várias vezes, e depois de tê-los maltratado com flagelos, os entregaram aos serviços mais baixos, os remos. Estes como cordeiros entre os lobos malvados, confiando no Nome de Cristo, e confiantes de suportar todas as coisas, sendo o Espírito superior de um homem, suportam corajosamente, mas não renunciam por nada aos costumeiros louvores de Deus, (os quais faziam) de noite e de dia, se bem estivessem em meio aos chefes bárbaros dos traiçoeiros piratas.

2. Depois de três meses de duros trabalhos nos remos, com os (piratas), os tendo suportado com uma extraordinária paciência: Quando eis, Eu (estas são as palavras da Santíssima) Mãe de Misericórdia, olhando o meu caro esposo, me comovi por ele, com todo o íntimo da Caridade. Estando eu irada com os malvados, do momento em que quis e dispus, enquanto os mesmos atravessam rapidamente o mar, o céu mudou totalmente e recobriu-se de nuvens pretas, veio uma noite amedrontadora; fiz soprar os ventos, que se lançaram sobre o mar: se desencadeou uma tempestade terrível, os raios relampejaram, os céus ecoaram; os mares se revoltaram; todas as coisas flutuavam. Uma densa chuva se descarregou sobre os malvados: terias dito que o céu estava vindo abaixo. Entanto o mar também está profundamente agitado; e furiosamente se revolta completamente. Quaisquer coisas fizessem os inimigos, com as velas, com os remos, não obtinham nada, enfim desesperados se lamentavam do destino. 3. Ao contrário só São Domingos junto ao companheiro, não estava confuso nem aflito com estes acontecimentos; eles, tendo uma alma viril, e tendo sido confortados pelo Espírito, São Domingos tenta revigorar as almas dos piratas, com a habitual pregação. “Irmãos”, disse, “a coisa é feita por Deus, que está irado. As ameaças sobre todas as coisas terrestres e celestes; a ira tão grande dos ventos e das ondas, são manifestações da ira de Deus. Se acalmamos a Deus, se acalmará todo o resto. Os vossos crimes impulsionam fortemente a Direita vingadora de Deus, e incomodam os mares. Desprezáveis são as vossas almas e estão condenadas; peçais perdão a Deus: invocais e suplicais a auxiliadora Estrela do mar, Maria Mãe de Deus; tenhais fé; aprendereis a conhecer (nesta) o Senhor, maravilhoso e a vós propício”. Disse isto, mas em vão. 4. A crueldade destes desesperados se torna fúria, e agem com ira, contra quem os ensinava coisas justas; ultrajaram São Domingos e seu companheiro com escárnio, como se si tratassem de um delírio; alguns os bateram com chicote; e aconteceu então o que é de mais grave podia ocorrer: ofenderam a Deus e à Santa dos Santos com grandes blasfêmias, e então acontece que os exemplos, ao invés de arrepender-se, se mancham com sacrilégios. Alguns destes, de fato, cegos pelo caráter Sarraceno, tinham repudiado a Fé, outros ao invés, cobertos de crimes, tinham abandonado a penitência. O homem de Deus, que exaltava Cristo, com satisfação recebia pancada e ofensas, enquanto se voltava a Deus. Com a alma e as orações, ele pedia perdão pelas blasfêmias dos ímpios. 5. Na (segunda) noite, aumentou a tempestade (era o dia anterior à Anunciação Beatíssima, que seria o dia sucessivo), e a mesma (festividade) estimulava o zelo de Domingos, em tentar levar novamente a veneração de tão grande rainha da piedade, com um delicado Sermão, os corações cruéis dos malvados, que já choravam a ruína deles. O zelador das almas e o salvador dos desesperados começa falar, muito humilde e devotamente, para acalmar os violentos. No que foi possível, os convidou a orar a Deus, o Salvador Jesus e a Salvadora Maria. 6. Quando os piratas ouviram os doces Nomes se iraram ainda mais e tornaram-se ainda mais violentos, e blasfemando Jesus e Maria ainda mais do que antes. Domingos, porém, não teve o tempo de proferir as últimas palavras, quando uma onda enorme irrompeu com ímpeto, surpreendendo a todos, e ameaçava uma ruína iminente. Então o encontro dos vencidos, os furacões, o tumulto das ondas e a dúplice noite, joga fora (dos navios) os mau resolvidos. O capitão foi lançado fora do barco e pereceu entre as ondas; os remos caíram e se quebrou o timo: a proa da nave se rompeu e o barco naufragou: e a espera pela morte foi mais cruel do que a própria morte.
7. Estes então foram vencidos pela violência da tempestade, como se as ondas não quisessem os engolir: era iminente a solene vitória da Virgem da Anunciação, enquanto o sol surgia e já iluminava a escuridão. São Domingos enquanto isso se dedicava às orações à Anunciada com diligência. A preocupação com a salvação dos piratas desventurados o tornava inquieto; enquanto orava a Ela, eis a sua Advogada Maria, que apareceu somente a ele, e na luz do dia, se aproxima resplendente ao Esposo, e diz: Força Domingos: para o bom êxito da salvação lute fortemente; os piratas estariam perdidos, se tu não os salvasses. Coragem, visto que se tu quiseres, graças as tuas orações, eu guiarei o navio com os indignos salvos através deste ventinho: pelo teu amor, perdoarei os sacrílegos, que não perdoam nem a mim, nem a ti. Um tipo de castigo será (para estes) ter retardado o castigo, dado que sobre este se abaterá ainda mais grave. Darás a eles uma escolha livre: que apodreçam pela eternidade ou que acolham o meu Saltério e conduzam uma vida mais honesta, iniciando, junto contigo, que é o fundador, uma Confraternidade que se intitulará a Jesus e à Maria. Se isto agradar aos malvados, parece justo dispor que, após o sinal da Cruz, a tempestade se acalme. Eu mesma acalmarei o Filho em relação a eles. Se não for assim, só tu com o teu irmão, avançando sobre as ondas, saireis delas e do mar, e os outros serão engolidos pelo Inferno. “Anuncia com segurança a estes o quanto eu te digo”.
8. Assim São Domingos, contou as ameaças e as ordens aos piratas: explicou sobre a ira que os ameaçava de morte e a força do Espírito diminuiu a resistência dos piratas à palavra divina: se rompeu os corações duros como o aço, os desnuda, e depois de tê-los vencidos, contentemente os abraça. Enfim com um discurso melhor, ensina os ignorantes, sobre Jesus, Maria, o Saltério de ambos e a Confraternidade; ensina a fazer penitência e os convence, enquanto Deus penetra devagarzinho no íntimo dos que choram. Com este final a grande tempestade se acalma, através da Cruz e da palavra. As palavras e os desejos de todos os suplicantes passam a ser unânimes: executariam as ordens, e ele só os deveria comandar. Renunciando a perfídia, aos crimes, a vida passada e a também si mesmos, com um grande lamento, se obrigavam à penitência. Eles recebem da mão de seu Salvador, o Saltério, o aceitando e reunindo-se, em uma só e nova Confraternidade, sob o sinal de Jesus e de Maria, e sob o Saltério. Humilhados, cheios de lágrimas, cobertos de trapos desolados, jogavam-se aos pés de Domingos, enquanto ele os tirava (da água), e invocava perdão e ajuda. 9. De fato, depois desta palavra: Em nome de Jesus Cristo e da sua devota Mãe, tudo o que estava em volta silenciou, realizou-se o silêncio e a segurança; mas dentro do navio, notava-se que a morte tinha sido deixada entrar. A tal ponto que a proa roda, os flancos do navio foram destruídos e o fundo foi quebrado, pela colisão com uma rocha. Ondas abundantes entravam sobre o navio como no mar e os piratas nadavam mesmo estando dentro do navio. Todos ficaram surpresos pelo milagre que: com a chuva, a tempestade das ondas, a água que penetrou pelos buracos no casco do navio, nem mesmo uma gota de água tinha tocado Domingos, o único que tinha permanecido enxuto. Então, com a certeza da presença de um Santo e seguros que o navio não afundaria, não deixavam de pedir ajuda. Mas improvisamente todos assistiram a um espetáculo celestial.
10. A Augustíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, passa sobre todos brilhante em uma intensa luz e maravilhosa em sua majestade, amável na graça, notável no vulto e na nobreza. Ela provocava maravilha e horror: os corações palpitavam com esperança e medo e enquanto estavam com os rostos atentos e com os olhos fixos, assim fala a Santa: Homens com sorte nesta desgraça! Tenham confiança! Escutaram o meu Domingos! Escutem-me! De Domingos aprendeis a fé em Jesus e em Maria: a piedade e a virtude do homem recebem a recompensa divina. Assim Eu salvo, aqueles que se recolhem sob as insígnias do meu Saltério. Antes, somente ele me via, eu estava escondida de vocês porque não eram dignos, não me reconheceram, e me tratavam hostilmente: agora, vos agrada que eu seja visível e seja reconciliada, que esteja (aqui) e que esteja em paz com vocês, para ser acreditada! (E este) porque mais diligentemente executou os meus comandos, e mais devotamente cumpriu as promessas. Após estas palavras ela, voltando-se para o Céu, desapareceu. 11. Quando todos voltaram a si, descobriram-se salvos juntamente com o navio: se surpreendem que antes o que estava destruído pelas águas, quebrado, despedaçado, horrível, agora estava todo intacto, integro e salvo. Maravilhados estavam atônitos e silenciosos. Como em um porto, observam o céu e o mar, de todas as partes: aproximando-se docemente uma plácida onda, esta levanta o navio e a faz navegar. 12. Então, o Santo Padre Domingos, pelo secreto conselho da Esposa, fala àqueles que conservam profundo silêncio, e que não conhecem nem a si mesmos: Homens irmãos: esta é a mudança provocada pelo Direito do Excelso; esta é a Graça de Jesus Salvador; esta é a Misericórdia de Maria Mãe de Jesus. Louvais a Deus, glorificais a Jesus, magnificat Maria, saudais Maria que se preocupou com o naufrágio. Cantais ao Senhor o Cântico Novo do Saltério, porque realizou maravilhas. Certamente orarei ao meu Deus, e à Santa enquanto estiver vivo. A auxiliadora Maria nos trouxe aquelas bagagens, aquelas mercadorias, as coisas, que vós jogastes do navio, durante a tempestade para torná-lo mais leve: encontrareis todas as coisas inteiras, na praia Britânica, evitais somente as terras negativas, e confiais nos ventos mais favoráveis às velas. 13. O medo, o amor, a maravilha e a honra de Deus e da Santíssima, tinham amordaçado a boca e a voz dos homens: porém, gritavam profundamente as almas dos silenciosos. Com dificuldade, tendo cada um dado graças em silêncio, todos emitiam estas poucas palavras: Jesus, Maria; prometo que: a Deus cantarei um Cântico novo: sobre o Saltério de dez cordas, salmodiarei ao meu Deus, enquanto eu estiver vivo. 14. Logo depois, no escuro em torno do navio, como se estivesse longe, se ouviram horríveis gritos e lamentos de demônios: Maldição, gritavam, somos amaldiçoados! Este Domingos nos vence e infinitamente nos atormenta. Ah! Rouba o nosso botim, liberta os nossos escravos; faz dos nossos prisioneiros os seus libertos e nos acorrenta com o seu Saltério, nos flagela com suas cordas, nos coloca no cárcere entre os prisioneiros, e nos relega acorrentados ao Inferno. Somos amaldiçoados. 15. O navio mantém a rota, e se aproxima ao porto Britânico, e tendo superado regularmente todos os perigos, cantavam o saudável Cântico do Saltério. Ali reencontram todas as coisas que tinham lançado ao mar: também os vinhos, que muito tinham lançado junto aos vasilhames: agora, de maior valor em relação à antes.
Convertidos em outros homens, estes vieram santamente à Confraternidade e se dedicaram ao Saltério, nos solitários institutos de Penitência.


Estatutos da Confraternidade do Saltério.

III. Logo depois, a Rainha do Saltério e Patroa da Confraternidade, define essa mesma (Confraternidade) com os seguros termos das leis. E quer que essas sejam estabelecidas e perenes: assim as ditou a São Domingos:
I. “Essa minha Confraternidade do Saltério, deve ser fundada em nome de Jesus Cristo e Maria Virgem. Todos podem participar da Confraternidade basta que observem os ritos indicados nos Estatutos: declarem que perseverem nesta Confraternidade, e ao mesmo tempo inscrevam o nome deles no Registro. E estes nomes, como também aqueles dos mortos, sejam lidos publicamente uma vez por ano”.

II. “O princípio dessa Confraternidade é que, todos os méritos de cada um e de todos, sejam comuns a todos”.

III. “Se estas decisões e ritos forem pouco observados, não comportarão nenhuma culpa, mas serão penalizados com a privação (dos méritos); e para cada omissão, serão privados de participar à recompensa, e este limitadamente às orações (não ditas); permanecendo intacta a participação a todos os outros méritos da Confraternidade”.

IV. “Pelo acolhimento e ingresso nesta Fraternidade, não se pagará nada: a não ser de espontânea vontade, para cobrir o preço dos ornamentos da Igreja, das lâmpadas e das outras coisas necessárias ao culto divino, de acordo com a devoção de cada um”.

V. “Todos os anos se celebrará três Missas: a primeira pela Santa Cruz, a segunda pela Rainha (Maria SS.), a terceira pelos mortos da Confraternidade. Aqueles que não são Sacerdotes, uma vez por semana rezarão um Saltério. Nos dias de festa solene, além do (Saltério) semanal ao Filho, também me oferecerão um Saltério inteiro. As crianças, os doentes e os outros, aos quais é impossível rezar todo o Saltério, podem oferecer cada dia um Pater e uma Ave. Estas orações favorecerão também os mortos, que eram inscritos e serão participes igualmente, através da forma do sufrágio”.

VI. “No que se refere ao ingresso na Confraternidade: cada um deve confessar-se e receber a SS. Eucaristia no mesmo dia, ou em outro momento oportuno. E devem rezar ao Filho pela oferta, e a mim em conseqüência, por sete vezes o Pater e a Ave, contra os sete pecados capitais, em favor dos Irmãos e das Irmãs”.

VII. “Além da Confissão Pascoal, devem confessar-se (ao menos) três vezes por ano: na festa de Pentecostes, de São Domingos e no Natal”.

VIII. “Para um morto ou uma morta da Confraternidade, cada um orará um Pater e uma Ave, estarão presentes às suas honras fúnebres e a cultuarão em turno, para que se salve”.
IX. “Esta regra da Confraternidade, será fixada publicamente em uma mesa, para que possa ser conhecida a todos”.

X. “Enfim, assim como as coisas ditas acima, estas não são ordens, mas conselhos. 1. Quem cada dia quiser oferecer Missas e o Saltério de Maria, com cento e cinquenta Ave e quinze Pater, fará bem. 2. Fará melhor, quem oferecer o Saltério de Cristo, com cento e cinquenta Pater e quinze Pater e Ave.
3. Fará ainda melhor: quem recitar o Saltério máximo de Cristo e de Maria, com cento e cinquenta Pater e Ave, e com cento e cinquenta Credo, Pater e Ave. 4. Muito melhor é aquele que, com leves auto-flagelos de disciplina, oferecer um destes Saltérios como orações. 5. “Enfim depois, superará todas as medidas, aqueles que acrescentarão às coisas já ditas, a alma como a vida, vale dizer a meditação da Vida, da Morte e da Glória de Cristo”.
“Nada me agrada mais do que ir ao sacrifício três vezes Santíssimo da Missa e após realizar o descrito acima. Por isso certamente a ajuda do Filho e a minha proteção serão certas aos nossos Salmodiantes. Eu a esses serei Mãe, Mestra e Amiga e meu Filho a esses será Pai, Mestre, e Amigo. E assim quero que entendam, esperem e confiem em ambos”.

Frutos da Fraternidade do Saltério

IV: “Além, caríssimo Domingos, quanto mais tu estás no coração daquela Confraternidade, e todos mais claramente conhecem os excelentes Frutos da mesma, ti manifesto alguns entre estes (Frutos)”.
Primeiro Saltério: Primeiro grupo de Cinquenta. “1. Ser imune da culpa da avareza, da simonia e do sacrilégio. 2. (Estar) frequentemente junto dos Santos. 3. A paz dos Reinos, das Repúblicas, das Cidades, das Vilas. 4. As respectivas divisões das orações, com Cristo e comigo. 5. O perdão das ofensas e a reconciliação. 6. A esmola. 7. O prover vantajosamente ao próximo. 8. A correção fraterna. 9. A pureza das consciências. 10. A mais completa satisfação, o desconto dos pecados diante da divisão”.
Segundo grupo de Cinquenta. “11. A liberação das almas do Purgatório. 12. Uma vida mais Angélica e Cristã. 13. O reforço por uma esperança mais certa, pelas singulares orações de muitíssimos. 14. O aumento dos méritos de cada um. 15. A consolação dos aflitos”.
Terceiro grupo Cinquenta. “16. A religiosidade: isto que, de fato, a divisão monástica pode entre os Irmãos, a mesma coisa também (pode) esta (divisão) fraterna. 17. Uma disposição melhor com grandes bens. 18. O aspecto e a forma de um cristianismo mais conforme a Cristo, aos apóstolos e a Igreja primitiva. 19. A força contra as tentações. 20. A alegria espiritual por causa de uma sociedade tão rica de graça”.
Segundo Saltério: Primeiro grupo de Cinquenta. “21. A tranqüilidade das consciências, que não tem remorsos. 22. A educação da infância, da adolescência, da juventude, e a guia a cada tipo de virtude. 23. A proteção das ordinárias calamidades e misérias da vida e do mundo. 24. A salvação da morte. 25. A superioridade desta Confraternidade, em relação a qualquer outra de qualquer instituto particular”.
Segundo grupo de Cinquenta. “26. A facilidade de entrar nesta, que não custa nada. 27. O amor dos irmãos espirituais, que é superior aqueles carnais. 28. O temor a Deus, mais puro e mais filial. 29. Uma maior perfeição da vida ativa, em relação ao próximo. 30. Uma maior propensão ao amor da vida contemplativa na elevação de si e no ascese do coração. Mesmo o tempo e a experiência serão mestras de muitas coisas. Estas, e outras muitíssimas, revelo ao meu Esposo Domingos”.
O Ordenamento da Confraternidade, revelado ao novo Esposo.
V. “Então, também tu, filho do grande Pai, meu Novo Esposo, escutes o ensinamento da tua Mãe.
1. Depois que o meu Esposo Domingos adormeceu o mundo foi vítima de uma peste terrível, que atingiu o Clero e o povo, trazendo uma avareza e preguiça mais feroz do que a precedente: estas, junto, mandaram o Saltério à ruína, assim como a Confraternidade e a Inscrição dos Irmãos. 2. Todavia persistem ainda, aqui e ali custodiados, as primeiras formas e figuras destes fundamentos, na Espanha e na Itália, escritos em mesas, paredes, e até impressos sobre os vidros, para a posteridade. 3. A Ordem de São Domingos, chamada de Penitência, começou a existir, avançando suas origens aqui. 4. Todos os Irmãos e as Irmãs da sua Ordem, por exemplo, e pelo conselho de São Domingos, indubitável e incessantemente, serviam com suma devoção a mim e ao meu Filho, neste Saltério da Santíssima Trindade, assim cada um dos Irmãos, dia por dia, oferece ao menos, como um débito cotidiano o inteiro Saltério. E por isso: 5. Quanto mais durou este Saltério em tal Ordem Santa, mais durou a ciência, a sabedoria, a observância, a fama dos milagres, a glória junto a Deus e os homens. Mas quanto menos este Saltério é utilizado, imediatamente é menos utilizada a Ordem dos Pregadores: assim que as paredes, os quadros e os livros e os epitáfios dos mortos o apresentam, mesmo que as línguas dos homens não queiram admitir isto. E ao invés, nas primícias do Espírito, todos tinham uma persuasão comum: se alguém um dia tivesse omitido o Saltério, entendia de ter perdido um dia. 7. Através do mesmo Saltério, tantos e tão grandes milagres e prodígios se realizaram, encheram completamente a Espanha, a Itália, a França e quase todo o mundo, assim que pela sua frequência ultrapassaram os outros. Se devesse escrever todos estes milagres então se teria vários livros. 8. Através do Saltério, se deve admirar as perfeitas conversões de pecadores e de pecadoras: por todos os lados, nos Templos, nos lugares retirados se emitiam choros e gemidos, soavam os batidos dos peitos, ferviam as Penitências, até mesmo nas crianças; hoje isto parece inacreditável! Terias acreditado, que os Anjos permanecessem sobre a terra. 9. Por quê? O ardor da Fé fazia fugir os Hereges, e cada bom (cristão) retinha o máximo proveito, como efetivamente por ter oferecido a vida pela Fé.
VI. “O convidado herói Simão de Montfort, com todo o exército aprendeu o Saltério do meu Mestre Domingos, e o recita habitualmente. Através deste venceu, resistiu e acabou com os inimigos. Os triunfos dos homens sobre o inimigo, que a Fé obtém do Céu, quase superam os fatos da história. 1. A Albigio, com quinhentos homens, (Simão de Montfort) desbaratou e colocou em fuga dez mil hereges.
2. Outra vez, com os seus trinta homens, venceu três mil. 3. Outra vez enfim com os seus três mil, em uma batalha junto a Toulouse, destruiu o rei dos Aragoneses e seu exército com mais de vinte mil: e resultou ao mesmo tempo, vencedor na batalha e na guerra. 4. Aconteceu de serem atacados por inimigos inesperados, perigosos e inumeráveis, mas graças à força divina do Saltério, que levavam habitualmente, eles venciam. 5. E aparecia então aos inimigos, que cem Montfortani enchessem quase toda a terra, quando vinham em ajuda, na verdade, os meus Anjos. Esta era à força do Saltério e a oração de São Domingos, o martelo dos hereges. “Esta milícia pela terra e pelo mar, em paz e na própria pátria, não fazia coisas menores, ao contrário maiores”.

VII. O fruto e a obra do Saltério são máximos: 1. A renovação, a construção e o embelezamento dos novos Templos, de Hospedarias de forasteiros, de Altares; a inclinação a muitas e grandes Revelações, Sinais e Prodígios; a santidade de vida, a honestidade dos costumes, e o candor das almas; o desprezo do mundo; a honra e a exaltação da Igreja; a justiça dos Príncipes; o equilíbrio das comunidades, a paz dos cidadãos, o modo de viver nas casas. 2. Nem silenciaram os operários, a servidão e os assalariados. Pode-se reter que, como estas, assim também todas as outras coisas (se obtiveram)! Estes não começavam uma obra, se antes não saudavam a mim e o Filho, através do Saltério; e se adormentavam, não antes de ter oferecido naquele dia, um ato de piedade a Deus, ajoelhados no chão. Eu sei que muitos, quando na cama lembravam que o seu costumeiro dever cotidiano, de rezar o Saltério, não tinha sido cumprido, levantavam para orá-lo. 3. O Saltério, para quase todos os bons e malvados, é tido em grande consideração. Se alguns são mais devotos, de conseqüência são os Irmãos de Maria do Saltério. Se alguém se mostrasse de comportamento reprovável, se dizia que não era da Confraternidade do Saltério. 4. Sobre a minha e a tua Ordem, saibas que: se alguém era considerado mais negligente, escutava: “Irmão, ou não pregas o Saltério da Beata mais Virgem, ou não o oras devotamente”. Certamente no Coro se encontravam afastados os Irmãos, que oravam o Saltério mais rapidamente, do que no dormitório ou no estúdio. 5. Então escutem todos, quando então era honrada a minha glória nesta Ordem! Veja, quanta é agora à distância! Onde está, de fato, esta antiga assiduidade dos milagres? Onde (se encontra) igual abundância de santos homens? Onde está à força da disciplina e o rigor da vida? Onde está o zelo e a grande salvação das almas? Eu e o Filho amamos a perfeição e a vossa salvação. Agora estamos tristes pela fraqueza e preguiça (em rezar o) Saltério. “Digo que, se tivéssemos a natureza humana, teríamos dor, mas agora a chuva de lágrimas terminou e é uma recordação distante”.
Todavia estejam atentos a si mesmos, aqueles que assim, privarão a Mim e ao meu Filho da honra do Saltério. Procurem levantar-se graças a mim, que sou a Rainha da piedade, da misericórdia e dos Pregadores, e retornem o mais cedo e mais devotamente aos Saltérios dos Pais e das Irmãs de um tempo.



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CAPÍTULO V As quinze Rainhas das virtudes. Visão do Povo de Bretanha, revelada ao Novo Esposo de Maria, através de São Domingos. O Saltério da Santíssima Trindade através dos diferentes dons dos caríssimos e das virtudes, adorna o mundo. Primeiramente decores a Igreja com as rosas e os lírios da primavera. Visto que existem as divisões das Graças, São Jerônimo as subdivide em tríplice: Morais, Teológicas e Sobrenaturais. A única raiz dessas é a Encarnação de Cristo, através do qual aconteceram as subdivisões. E para que se tornassem perenes, colocou dentro das suas palavras a mesma força, para que os mesmo dons contidos nessas fossem protegidos e para que as coisas boas da vida fossem obtidas através das orações. Aquelas palavras estão em duas orações e formulas para orar e honrar à Deus, ou seja, a Oração do Senhor e a Saudação Angélica. Por isso Santo Anselmo chama jardins, os Depósitos de todas as Virtudes e os carismas de Deus. E Crisóstomo disse: O que existe de bom

Os quinze abismos - Sermões de São Domingos

. OS SERMÕES DE SÃO DOMINGOS REVELADOS AO BEATO ALANO DA ROCHA CAPÍTULO I Primeiro Sermão sobre a Oração do Senhor, revelado em Toulouse por Jesus Cristo à São Domingos e sucessivamente ao novo Esposo de Maria. I. O Saltério dá o conhecimento da Santíssima Trindade àqueles que o amam, e amando-o louvam o Esposo e a Esposa em um exultante Cântico. Por isso São Jerônimo (afirma) em uma reflexão: “A grande bondade de Deus esplende nas nossas casas, quando a divina Majestade habitou no asilo Virginais. No pequeno reparo a Divindade estava inviolada e através do nascimento do menino, a Trindade se manifestou”. E Ele, que foi concebido através da Saudação Angélica, pregando, ensinou como fazer a Oração, não do Profeta (David), mas (a Oração) do Evangelho. Por isso todos devem venerar mais santamente ambos, e devem praticar com a reza, para que nos perigos da ignorância das sombras, conheça-se as estradas de Deus. Visto que todo o mundo está possuído pelo maligno. O Novo Espo

Gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário - Beato Alano da Rocha

BEATI Fr. ALANI REDIVIVI RUPENSIS, TRACTATUS MIRABILIS DE ORTU ET PROGRESSU PSALTERII CHRISTI ET MARIAE EIUSQUE FRATERNITATIS. 1847 O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário. B. ALANO DA ROCHA Apologia CAPÍTULO I. Por que esta oração de socorro é chamada de Saltério de Cristo e Maria? Oh Reverendíssimo Pai em Cristo, a Santíssima Trindade assegura aos pecadores o arrependimento através do Saltério da Virgem Maria. 1. O nome Saltério origina-se da palavra salmo, e aqueles que através deste servem Deus e a Virgem Maria se chamam Salmodiantes. Esse deriva do Saltério de David, que foi um anúncio da Saudação Angélica. Os Cânticos da velha aliança, segundo Santo Ambrosio, anunciam a Nova Aliança. 2. Para alguns este deriva do sal da divina Sabedoria, visto que a Oração do Senhor e a Saudação Angélica são, de certo modo, as duas salinas da Sabedoria de Deus, com as quais as mentes dos fiéis são banhadas de sal. 3. Outros pensam