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Os quinze abismos - Sermões de São Domingos


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OS SERMÕES DE SÃO DOMINGOS
REVELADOS AO BEATO ALANO DA ROCHA

CAPÍTULO I

Primeiro Sermão sobre a Oração do Senhor, revelado em Toulouse por Jesus Cristo à São Domingos e sucessivamente ao novo Esposo de Maria.

I. O Saltério dá o conhecimento da Santíssima Trindade àqueles que o amam, e amando-o louvam o Esposo e a Esposa em um exultante Cântico. Por isso São Jerônimo (afirma) em uma reflexão: “A grande bondade de Deus esplende nas nossas casas, quando a divina Majestade habitou no asilo Virginais. No pequeno reparo a Divindade estava inviolada e através do nascimento do menino, a Trindade se manifestou”. E Ele, que foi concebido através da Saudação Angélica, pregando, ensinou como fazer a Oração, não do Profeta (David), mas (a Oração) do Evangelho. Por isso todos devem venerar mais santamente ambos, e devem praticar com a reza, para que nos perigos da ignorância das sombras, conheça-se as estradas de Deus. Visto que todo o mundo está possuído pelo maligno. O Novo Esposo de Maria recebeu um Sermão de São Domingos que, por sua, vez tinha sido revelado ao Santo Padre em Toulouse, na Igreja Maior.

HISTÓRIA.

II. O Pregador de Cristo, São Domingos, Patriarca da Ordem dos Pregadores, percorreu o campo de joio dos albigenses e as terras espinhosas com o tormento das maldiçoes heréticas, para semear a boa semente de Cristo. Mesmo sendo muito experiente na pregação, estava sempre preparado, instruído, seu coração não encontrava nada de prazeroso à ser dito publicamente. É normal que cada Pregador, amado por Deus, por humildade peça a ele de lhe dar um bom Sermão, visto que a conversão das almas acontece através da potência divina, não através da ciência humana. (É a potência divina que) dá a boa Palavra aos Evangelizadores que tem muita virtude, até que os pregadores, como Sansão, abatam os Filisteus, ou seja, os pecadores, os demônios e os desejos desorganizados.
II. Por isso São Domingos esforçando-se para conquistar as almas com uma pregação mais sólida, encontrou ajuda junto ao seu confidente, o Salvador das almas. Ele obteve de Jesus o mérito de gozar do fruto do ensinamento, pela forma de consolar e por aquela de pregar. Como quando, entre outras coisas, o Salvador aparecendo à ele, manifestava a realidade maravilhosa da salvação, dizendo: “Caríssimo Domingos tu és a minha exultação, porque com humildade salvas as almas, dos homens. Não amo aqueles que procuram as coisas celestes e esquecem os humildes. Que amam pregar coisas extraordinárias mais do que aquelas úteis. Não são esses que preparam as almas doentes, para que Eu possa ser uma eficaz medicina. Antes de tudo os cultos, os ignorantes, os ilustres e os desconhecidos devem ser conduzidos à devoção da Oração, e especialmente ao meu Angélico Saltério. Esse eu ditei ao meu Gabriel e Eu mesmo ensinei e entreguei como única Oração, em sete formas. É necessário que aqueles que tentam produzir frutos na salvação das almas, a recomendem em assembléia publica. Porque a bondade da divina Clemência alegra-se intimamente pela fé devota daqueles que a escutam. Essa é a verdadeira utilidade das pregações. Pregues à mim ou à Domingos a minha Oração. Quero que, com a humildade, tu destruas a soberbia dos heréticos e com a piedade a dureza dos pecadores e com ambas tu os faça louvar à mim. Para isso revelo à ti as quinze vantagens da minha Oração. Tu interrogarás os auditores e o tornarás capazes de decisão. Ordeno, comovas as consciências. Recebas o Modo, o Lugar e o Tempo”.

PRIMEIRO SERMÃO DE SÃO DOMINGOS
TEMA: Mateus 6.

Vós que orais não quereis falar muito, como fazem os Pagãos. Assim então vós rezareis: Pater Noster etc. Primeiro grupo de Cinqüenta orações do Saltério.

1. “Pergunto caríssimos: em uma terra deserta e selvagem para os filhos pequenos, que caminham com dificuldade, não seria necessário ter um pai atento como companheiro de viagem? Eu o admito, vós confirmais. E nós somos aqueles pequenos, no deserto do mundo; não temos a força de caminhar, nem de cumprir nada sozinhos: porque essa provém de Deus. Por isso é necessário aprender a Oração do Senhor, através da qual teremos presente o Pai nosso, quando dizemos: “Pater noster”.

2. “Pergunto: se alguns viajantes atravessassem uma terra onde todos, atacados por serpentes ou dragões morrem. Não seria necessário aos viajantes um fortíssimo homem como guia? Alguém que não pudesse ser agredido pelos animais e que fosse capaz de mata-los? Que transportasse os viajantes nas costas num rio ou estrada? Ninguém diz que não. Nós vivemos na terra dos dragões infernais e de todos os pecadores. Na verdade, Cristo é nosso Pai e Guia, é também o fortíssimo e máximo gigante do céu. Ele é a morte para a Morte e o tormento para o inferno, e Ele não morre, a morte não o domina. Por isso o acolhemos em nós, confiamos nele e dizemos “Que és”, ele é o Ser dos seres, imortal pela essência: “Aquele que é me enviou à vós” (Es. 3).

3. “Pergunto: se devêssemos caminhar através das terras tenebrosas do Egito, seria necessário o esplendor do sol, da lua e das estrelas? Sim, com certeza. Nós vivemos na terra obscura de trevas e na sombra da morte de todos os pecadores, pelos quais temos maior necessidade da luz do Céu. Para chegarmos à essa espiritualidade com os nossos corações, mais freqüente oramos “Nos Céus”. Já que Cristo é o Céu dos céus e o esplendor de todos os Céus. Ele é o Sol de justiça e a Estrela descendente de Jacó”.

4. “Pergunto: Se alguém passasse onde todos caem em pecado mortal e são abandonados à morte eterna. Seria necessário que esse, para não cair em pecado, fosse cheio de santidade e parte na assembléia dos Santos? De que modo esse poderia ser salvo e liberto da morte? Ninguém o negará. Nós vivemos nessa terra. Quando a alma comete um pecado mortal, ela é destinada a morte, é condenada à privação da graça e da eternidade. Então levemos e rezemos o Saltério e com esse oremos “Seja santificado”, para que nós possamos ser, não só santificados, mas também ajudados pelos Santos de Deus”.

5. “Pergunto: estando prestes à percorrer a região de uma língua desconhecida, é necessário um interprete de confiança? Ninguém diz não. E bem nós somos esses peregrinos em terra estrangeira e procuramos a cidade futura, onde é necessário falar a língua dos Anjos. Se não a aprenderemos seremos exilados e afastados da pátria. Vêem-se assim duas escolas onde é possível aprender a língua dos Anjos, ou seja, a Oração do Senhor e a Saudação Angélica. A repetimos então com uma continua familiaridade, no “Vosso Nome”. Essa é a Palavra de Deu, através da qual foram criadas todas as coisas: o nome de Jesus deve ser acrescentado por aquele que conhece bem a língua. Por isso Bernardo diz: Oh! Bom Jesus, o teu Nome é um doce Nome, um santo Nome, um forte Nome, um Nome terrível e piíssimo”.

Segundo grupo de Cinqüenta.

6. “Quem vai viajar no Reino de um Tirano, que mata por prazer, precisa implorar a autorização do Rei para não sofrer violência em seu território? Certamente sim. E isso é o mundo, esse é o tirano: ele arrasta qualquer um à escravidão e à morte, depois de o ter espoliado de tudo, deixando apenas um vil pano para envolver o cadáver. Nós estrangeiros devemos atravessar isso: o que permanecerá se não implorarmos à potência de Deus: Oh! Senhor, “Venha vós ao vosso Reino”? Te dirigirás ao Reino de todos os Reinos, ao Reino do Filho, Vencedor de todas as coisas, das quais (diz) Crisóstomo: “O teu Reino, Jesus Cristo, supera todos os Reinos do Mundo e faz passar com segurança aos Reinos Celestes qualquer fiel: visto que tu és o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores (Ap. 19)”.

7. “Aquele que encaminha-se para uma terra hostil, deve obter a proteção de um Imperador poderoso, que o defenda dos roubos, da escravidão e dos ladrões pela avidez?
Certamente sim. Nós, circundados pelas adversidades da terra, seriamos conduzidos à rapina, à escravidão e à morte, se uma força do Império não nos salvasse. Na liberdade procuramos um lugar imperial que nos proteja, como libertos do Senhor dos Senhores, do qual a única vontade pode ser a nossa segurança e liberdade. Oramos: “Seja feita a vossa vontade”. Diz Santo Agostinho, a extrema liberdade é fazer a vontade divina. Servir Deus é reinar”.

8. “Se alguém devesse atravessar uma região inundada pelas águas, não precisaria de um navio ou de um carro ou de um outro meio de transporte? Concordem comigo. Nós somos aqueles acercados pelas misérias da vida: então, diz S. Basílio, esse mundo é um dilúvio de pecadores. Por isso o nosso refúgio está no Céu. Dizemos orando “Como no Céu”. No Céu existe o carro dos astros, a via Láctea, Maria a estrela do mar: a saudamos no Saltério. Do céu a salvação difunde-se sobre as coisas terrenas”.

9. “Se a estrada da tua peregrinação fosse áspera pelos montes e selvagem pelas florestas e no trajeto cheio de buracos, fostes abatido por terremotos, seria inevitável a tua morte por ter suportado os extremos males ou encontrar uma estrada através da qual possas prosseguir. A tua Alma é peregrina sobre a terra do teu corpo, circundada por enfermidades, cheia de espinhos, volúvel entre os tremores e as vicissitudes das situações e duvidosa entre a esperança e o medo. Entres no celeste caminho da Oração do Senhor “Na terra”. Essa Oração é a vida para os Céus”.

10. “Faças assim: sobre a terra estéril tu conduzes uma vida misera, onde existe a fome e a privação e vês muitas imagens da morte que realizam-se. Diante disso não devas procurar comida e bebida? Porque não falas? Ah, onde vivemos a vida! E quanto é misera! Estamos na terra deserta, diz São Gregório, num lugar de horrores e de grande solidão, de fome e de morte: porém a Oração, diz São Basílio, oferece o pão da vida e a bebida. Porque então vós não pegais o Saltério e a ele não vos voltais pedindo o “Pão nosso de cada dia”?

III. Cinqüenta.
11. Se alguns tivessem dedicado toda a vida ao Príncipe, tanto que não pudessem ser nutridos por ninguém que não fosse ele. E se o Príncipe não quisesse dar à eles nenhum alimento, exceto aqueles que tivessem o distintivo real e a palavra de ordem. Isso não seria de estrema maldade? Não duvidais. Nós vivemos sob a potente mão do Senhor, a qual aparece e sacia cada ser vivente, mas somente diante da palavra de ordem, dada ao mesmo. Considerando que, segundo São Crisóstomo, a Oração evangélica é o verdadeiro distintivo da divina bondade e poder: é justo, que seja dito mais frequentemente no Saltério: “Dai-nos”.

12. “Aqueles que endividaram-se grandemente com um rei cruel e não o pagam, então deviam paga-lo pessoalmente, sob a pena de morte eterna. Se, ao invés, o Rei se demonstrasse pronto a perdoar tudo, bastando para tanto que fosse pedido o perdão: não seria considerado louco e infeliz aquele que não quisesse dar à ele um tão pequeno gesto de submissão e de reverência?
Sim, com certeza. E mesmo nós somos devedores de Deus, por nos vendermos pelos infinitos débitos e terminarmos nos mercados dos escravos, e passar aos atormentadores: e podemos fugir à essas coisas com uma pequena oração. Disse o mesmo Rei: se me invocam, eu os ouvirei e serei o Deus deles. Quem de nós, então, não o invocará mais frequentemente no Saltério? Oh Senhor, “Perdoai os nossos pecados”. De fato a oração do Senhor, diz Remigio, é o pedido dos filhos ao pai, para aliviar a miséria humana com a colheita dos bens e a remoção dos males”.

13. “Se alguns homens, aprisionados pelo Príncipe e feitos escravos, estivessem para ser mortos pelos seus cruéis delitos e não quisessem perdoar as ofensas do próximo: esses deveriam ou não ser considerados infelizes e malditos? Todos concordam comigo. Essa remissão é em relação ao próximo, quando orando dizemos “Como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido”.

14. “Se alguns fossem tentados pelo demônio, da carne e do mundo, das dores e das misérias, e pudessem ser imunes desse apenas com uma pedra preciosa: como poderiam se negar a adquirir tal pedra, ou afasta-la e não a querer? Deveriam ser loucos e certamente míseros, e nenhum deles seria digno de compaixão. Essa pedra preciosa é a Oração do Senhor, que protege, diz Santo Agostinho, de todas as ilusões e agressões. Por isso é necessário orar frequentemente o Saltério “E não nos deixei cair em tentação”.

15. “Se enfim devêssemos navegar através do mar infestado de baleias, com o perigo de naufragarmos pelas pedras, redemoinhos, monstros, sereias e até tempestades e piratas; e o Rei e a Rainha, nos tivessem oferecido símiles pedras preciosas, que tivessem a força de nos liberar de todos esses males e nós não a aceitássemos. Quem não nos chamaria de loucos? E nesse mar do mundo estão demônios, existem delitos implícitos e explícitos, luxuria, gula, etc. Cristo então oferece a sua Oração e Maria a sua Saudação, para que a acolhemos e digamos no Saltério: “Mas livrai-nos do mal”.

A CONTINUAÇÃO DA HISTÓRIA

IV. O Salvador Jesus (disse) tais coisas à São Domingos em uma aparição: 1. Ele então sem demora, cheio de alegria, esperança e de espírito divino, no dia seguinte (consagrado à Virgem Mãe de Deus, com solenidades e festa), na Igreja Maior de Toulouse, diante de muitos do Clero e do povo, prega o Sermão prescrito pelo Senhor. E foi tanta a força daquelas palavras e a sua eficácia, que quase todos, do maior ao menor, foram tão encorajados e encheram-se de amor pelo Saltério, que uma grande parte decidiu de servir sob esse símbolo, Deus e a Mãe de Deus. Os fiéis passaram a proclamar o Saltério, enquanto que os heréticos, condenando o erro deles, voltaram-se ao seio da Igreja.
3. Dentre esses, três homens de fama especial e heréticos implacáveis, depois de ter publicamente renegado a heresia, reconheceram-se como Católicos: ou seja o Mestre Norberto do Valle, Doutor em Direito Canônico, Mestre Guelrino do Fracmo, exímio na Arte da Filosofia, Mestre Bartolomeu do Prado, Médico e também grande Teólogo. Esses três, além de tantos outros, pregaram humildemente o Saltério difundido por São Domingos: e seguiram a Instituição de seus Pregadores. 4. Daquele momento, obtém-se uma maravilhosa conversão dos heréticos, a pratica da sagrada Religião e da devoção no culto coronário de Deus beneficiou o Saltério, com o fruto máximo e com a expansão da Igreja.

CAPITULO II

O segundo Sermão sobre a Saudação Angélica, revelado primeiramente pela Mãe de Deus à São Domingos e em seguida novamente por ele ao Novo Esposo.

1. S. Domingos permitiu-se revelar à um Pregador Religioso, o novo Esposo de Maria, que o era muito fiel e devoto, o seguinte:

HISTORIA

1. “Tu, oh Irmão – disse São Domingos aparecendo subitamente – pregues, mas estejas atento para que não procures o louvor humano e a glória sem zelar a salvação das almas. Quanto à mim, não pretendo esconder, o que me aconteceu uma vez, enquanto eu vivia em Paris. Na Maior Igreja metropolitana, consagrada e dedicada à Maria, Mãe de Deus e Virgem Imaculada, me preparava para pregar e falar com diligência atenção e desejo. Não o fazia por vaidade, mas para os ouvintes muito
sábios, pela nobreza do vastíssimo publico e para demonstrar a evidência luminosa e completa verdade e para marca-la nas almas, para que o fruto à Deus resultasse satisfatório. Antes da pregação e da assembléia, como de costume, me recolhi na capela atrás do Altar maior, por uma hora, rezando o Saltério. Entrei em êxtase, diante de uma luz que admirava com maravilha e vi a minha Amiga, à quem orei desde a juventude como Esposa caríssima, a Mãe de Deus. Ela levava na mão um livrinho e o dando à mim disse: Oh! Caríssimo Esposo Domingo, mesmo que seja um bem aquilo que decidistes pregar, eu prefiro que tu pregues o sermão que eu te dou e que é muito melhor. O aspecto e o afeto familiar me raptava ao êxtase e era colmo de uma alegria maravilhosa: peguei o livro, o li respeitosa e fortemente, e soube ao que referia-se a Soberana Maria.
Ela, depois de ter me agradecido, pelo que eu pudesse (dizer), desapareceu. Já estava perto da hora do sermão e estavam presente todos os Chefes da Universidade parisiense, os Aristocratas, os Senhores, o Senado e muitos do povo, e a assembléia era muito ilustre. A fama dos milagres já realizados, exortava todas as Classes sociais à escutar. No sermão, depois de ter omitido a história da vida e as eximias excelências do Apostolo e Evangelista, São João, o celebrei através de poucas palavras, porque mereceu ser o custodie especial da rainha dos Céus e da terra, a Mãe de Deus e Virgem Maria, a qual (disse) possuis quinze antídotos muito eficazes, e ao mesmo tempo facilissimos para todos, contra todos os perigos do mundo. Então insistindo e persistindo nesse argumento, preguei tais coisas”.


SEGUNDO SERMÃO DE SÃO DOMINGOS
TEMA Lc. 1.

Entrando o Anjo o disse: Ave Maria cheia de graça,
o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres, etc..
Primeiro grupo de Cinqüenta orações do Saltério. II. “Cristianíssimos ouvintes, etc.. exímios mestres. Esse lugar e as vossas orelhas tão eruditas são contrários às elaboradíssimas orações, mas eu agora não falo com as palavras eruditas da sabedoria humana, mas com a manifestação do Espírito e da virtude. Escutem-me, por favor, com devoção cristã”.

1. “Se deves percorrer uma terra hostil, não desejarias alguém que vos conduziste sãos e salvos? Darias pouca importância à isso? Creio que o pensamento e o consenso é comum e único à todos. Concordais comigo. Certamente nós vivemos cercados de inimigos e a Saudação Angélica é o sinal da salvação. De fato o que é “a Ave”, se não a ausência das culpas de cada Eva89? Voz exultação! Exulta a “Ave” é o novo e primeiro Evangelho, é o bom Anuncio, feliz e propicio. Pelo qual exilados filhos de Eva, nos apegamos Àquela que nos guia sãos e salvos, libertos do (demônio), fugiremos à cada coisa diferente; sem duvidas todo o mundo foi liberado pela maldição de Eva, através da Ave”.

2. “Se devêssemos andar por cavernas e lugares obscuros, não procuraríamos e preferiríamos uma lanterna? E então vós direis: justamente. Mas todos nós nos dirigiríamos pelas obscuras sombras e as
cavernas serpentinas da mortalidade humana. O que nos guia, se não a Lampião de “Maria”? Acendemos essa na Saudação Angélica, repetida amavelmente, com o fogo da devoção e seremos iluminados. Próprio ela, Maria, é a Estrela do mar e Iluminadora”.

3. “Fazes que seja assim: suponhamos que o Rei de França esteja desgostoso dos teus malvados crimes; te alegrarias ou não, se (encontrastes) graça (junto) à Rainha para que o descontentamento do Rei termine? (Estais de acordo) comigo, me escutem todos.
Nós somos todos aqueles que ofendemos à Deus em muitas coisas. A Rainha do Céu, Coração de Misericórdia, pode e quer reconciliar-nos com Deus: que a “Graça” da Virgem seja re-cultivada e convenientemente honrada por nós no Saltério. Vos persuado para que hoje também rezais o Saltério, visto que talvez não todos amanhã estarão vivos”.

EXEMPLO.

III. “Eis uma voz profética, que explora os pensamentos. Quatro estudiosos de arte, com costumes muito desonestos, desprezando o homem de Deus, disseram apos o discurso que esperavam algo grandioso quando escutaram uma lição para crianças. Na noite seguinte, os mesmos fartavam-se e foram às meretrizes. Durante os abraços das meretrizes, visto que o prazer estimula a ira, se precipitaram em brigas e armas: no massacre, dois foram mortos e os outros dois feridos de morte. Tendo sido esses dois presos nos cárceres dos guardas, depois de brevíssimo tempo, no mesmo lugar, entre as bestas, exaltavam a alma corrompida e infeliz”.

4. “Aqueles que protegem uma viagem, através de lugares desertos e terras incultas, sendo privados de alimentos humanos, não entendiam necessário prover a esses outra forma de alimento? Nenhum sábio (de outra forma) iria querer ir. A terra da nossa peregrinação está deserta, inacessível, árida, pobre de bens celestes, vã e vazia. Porque tardamos então, porque permanecemos atrás, ao invés de receber todos, súbito, da abundância dela, que é “Cheia”? Dê à ela no Saltério essa palavra, e recebes os bens”.

5. A terra arruína-se com guerras ferozes, e ladrões a infestam, tanto que em lugar nenhum existe uma salvação segura, exceto que um só castelo é inexpugnável: junto a esse quem não se refugiaria? Mas a terra na qual nós vivemos é essa e o Senhor é o nosso refugio. E porque o invocamos com pouco ardor na Saudação Angélica? Quem de nós no Saltério, com a (Saudação Angélica), não tem duvidas em dizer frequentemente ‘O Senhor’”?

IV. Em meio à isso São Domingos dá, ao Novo Esposo de Maria, um exemplo: “Enquanto eu pregava essas coisas, a Alma Patrona Maria estava de continuo ao meu flanco como assistente: próprio ela, como se lesse o livro à mim, me sugeria uma à uma as palavras como em um ditado: ela sustentava as (minhas) forças, a alma e o espírito, me confortava e me sugeria palavras virtuosas. E as palavras ditas, entravam nas orelhas e nas almas dos ouvintes, como dardos em chamas. Muitíssimos sentiam carvões que devastavam os pecados nas próprias consciências, e essas no interno queimavam e cresciam pouco a pouco como as chamas do Temor e do Amor de Deus. Enfim assim terminava a primeira parte do discurso: “Nós vemos que fomos negligentes em relação à reverência e obediência aos Dez Mandamentos de Deus, pela humana malvadeza e fragilidade, oh desconsiderados! Que Deus afaste de nós isso! Mas cada um dos cinco perigos já elencados, pode habitar com a malvadeza ao longo de todas as divisões do Decálogo, e procurar (assim) a morte à alma. Por isso para afastar e proibir os quinze males existe como remédio, para todos, as primeiras Cinqüenta orações do Saltério: a Coroa de Maria, que é próprio a armadura para cada defesa.
O segundo grupo de Cinqüenta orações.

V. 6. “Em uma improvisa necessidade, que durante uma noite profunda leve alguém em viagem, na qual seja ameaçado por animais terríveis e monstros horríveis: O que seria necessário além de companheiros armados e sensatos como próprios defensores? Nós somos àqueles expulsos às sombras do mundo, e realizamos uma viagem entre os ferozes monstros dos homens e dos vícios: desgostamos todos e somos privados da graça. Desgraça à quem está sozinho! Seremos privados de uma guia e de um defensor. Eis aparece pronta a Amável Mãe Virgem: pede a Senhora, e a prende “Contigo”. A tua acompanhante em todas as coisas, a Saudação Angélica, qual o valor dela no Saltério?”

7. “Se és obrigado à andar em casas ou lugares, que corrompidos com todos os crimes. Uma pessoa que ama o seu honesto nome, iria? Sem duvidas levará consigo como testemunhos e companheiros, muitos homens santos e íntegros, de vida e de fama. Não existe nenhum lugar nesse mundo, que é de infâmia mais nota, e todos devem o atravessar: feliz daquele que ninguém golpeou pelas costas, aquele que não leva consigo nenhuma infâmia. Dentre todos apenas uma não tem nenhuma (infâmia), é “Bendita” pela excelência: aquele, que a apresentará como companhia, estará seguro. Essa associa-se, com aqueles que a exultam como a saudação “Bendita”, presente no Saltério. Ela é testemunha de vida e de fama e custodie confiante”.

8. “Se o vosso nobre desejo de aprender os tivesse levado à uma escola e o conhecimento fosse transmitido em uma língua estrangeira, o que seria necessário para realizar o vosso honestíssimo desejo? Um mestre de línguas? Quem não se aproximaria para o escutar? Nós que passamos por uma símile escola, desejosos em aprender a arte celeste, embora sejamos ignorantes da língua. Qual é o mestre que procuramos? Eis o mesmo vem em ajuda, podendo ensinar com a sua palavra. A Saudação Angélica o faz conhecer aos Salmodiantes, com a pequena palavra que nos indica o “Tu”. Nesse é contido o Espírito, o Divino Mestre da Mãe de Deus. Tu mesmo o procura com as orações. Maria te tornará amigo”.

9. “Imaginamos que: entramos em uma nação, na qual não é licito levar nada, seja dentro que fora, na qual se deve viver de esmolas à mendigar, na qual homens sem piedades levam aço entorno aos corações, endurecidos pela barbárie. A natureza das mulheres dessa terra é, porém, inclinada ao bem. Maria SS. é a Mãe da Misericórdia! Se os Anjos Santos e todos os Santos por causa dos nossos pecados para com Deus, fossem contrários e duros com nós, Ela porém seria sempre uma boa Mãe. Por isso a bendizemos justamente com: “Entre as mulheres”.

10. “Caminhando todos os dia através das estradas cheias de amarguras do mundo, como testemunha São Gregório, seria ou não um agradabilíssimo companheiro aquele que é docíssimo na consolação? Esses é Ele, e escolhes de o estar próximo. Orando à Ele dizemos: “Bendito”. Porque então não desejamos de nos ligar estreitamente à Ele no Saltério?
Por isso através dos quinze perigos à nossa salvação (ditos antes), avançam terrivelmente os amedrontadores dez monstros das principais malvadezas: os sete pecados capitais, a perfídia, a presunção e o desespero. Que não exista ninguém que tão odiado por si mesmo, se tivesse conhecido as seguras defesas da salvação, as teria omitido. Ao contrario, todos os teriam julgado louco ou o teriam compaixão por ter perdido toda a esperança. Por isso contra aqueles cinqüenta (cinco vezes dez) péssimos monstros, agrade a vós como refugio o segundo grupo de Cinqüenta orações do Saltério”.

Terceiro grupo de cinqüenta orações.
VI. 11. “Àqueles que viajaram, cansados e exaustos pela fome e pela sede, e privados de um refugio para se refazer: O que pode acontecer à eles de mais agradável, do que encontrar uma árvore florida, cheia de bons frutos e uma fonte de água fresca? Na estrada árida da vida, encontramos a Beata Virgem, Árvore do “Fruto” três vezes Bendito, junto à Fonte da Vida: então saudamos juntos o Fruto e a Árvore no Saltério”.

12. “Suponhamos que um de nós deva ser coroado Rei de um Reino, no qual todos são estéreis, ninguém pode ser pai ou mãe. Mostram, porém, ao Novo Rei uma pedra preciosa, que tem a força de fecundar todos. Seria sábio ao rejeitar? Ele amará muito o seu reino e cada um será Rei do próprio corpo. Esse reino, porém, é colocado numa terra de maldição e de espinhos, onde domina a infeliz esterilidade: distante dessa, o Reino pode ser feliz por fecundidade, cada um utilizaria cuidadosamente, a pedra preciosa que é a Saudação Angélica, dita “Do Ventre”. Por isso nos será dado fecundidade, pelo Espírito Santo. Com essa a Virgem Maria distanciou cada esterilidade do espírito do mundo, para que invocada corretamente, ela restitua amplamente a fecundidade da carne!”

13. “Não ignoramos isso que nos foi dito: negociatas, até que eu venha. Mas cada um pode dizer: eu sou mendigo e pobre, não possuiu ouro nem prata: com que coisa dentão negociarei? Nos sejas então uma potente Rainha, que queira te dar abundantemente riquezas: não solicitarias a sua graças em cada modo? É Maria, da qual o próprio posse é o que: “Do teu”, Teu, oh Virgem, tua posse de todos e dois mundos, do celeste e de daquele que jaz no compromisso; ela possui a verdade por ti:tu somente serves ela no Saltério”.

14. “Se alguém fosse amarrado com cordas e preso num cárcere, e não tivesse a chave com a qual se libertar e abrindo todas as porta do cárcere, o fosse concedido de sair com gloria: Ele não seria louco se não aceitasse? Nós também estamos amarrados, sentados na pobreza e acorrentados. Porque então não aceitamos “Jesus”, que é a Chave de David? Ele é acolhido com a mesma Saudação, através da qual foi concebido. Omitiremos de pregar, orar, levar, beijar, venerar abertamente o Saltério, Palácio da Saudação?”

15. “À quem vive sobre uma terra infecta e em putrefação, o que seria necessário para garantir a (própria) saúde?
Nós míseros filhos da morte arrastamos a respiração e a alma nessa pestilência do mundo, porque vivemos. Morremos, porém, sepultados na imortalidade: O quanto a peste respirada pode tornar infeliz em eterno. Quais são as formas de combate? Aos cristãos basta o remédio “Cristo”, ou seja, o Unto, para todos foi difuso o Nome, como um Remédio; e a difusora dos remédios é Maria, que dá Cristo ao mundo pestilento. Ela concederá também à ti de venerar-la no modo devido com a Saudação Angélica”.
“Por que entre tantas desaventuras e a morte eminente, tardamos em nos procurar um remédio pela vida? Eis os cinco próximos perigos, venenosos e portadores de venenos funestos, e nós os absorvemos com o mesmo espírito. Porque através dos dez sentidos, ou seja, dos cinco exteriores e dos outros cinco interiores, é tão fácil quanto perigoso absorver a peste. Devemos fazer uma coisa muito saudável e procuramos o remédio, repetindo por cinco vezes dez Saudações Angélicas no Saltério”.

A CONTINUAÇÃO DA HISTORIA.
VII. “Essas coisas, o meu filho (S. Domingos dizia ao novo Esposo): eu pregava, como tinha ordenado a Máxima Santa entre as Santas, a nossa Maria. Com aquele Sermão, lançava a rede como um pescador, pescava quase toda a cidade de Paris. A pregação dava tantos frutos, que seguindo a as almas dos habitantes e dos estrangeiros a pratica, o culto e a veneração do Saltério começou a crescer e a ser divulga por todas as partes do Reino, em todas as famílias e casas do povo.
Antes de tudo o fervor daquele Sermão entregou a flor escolhida pela sabia juventude que, sob o influxo do Espírito de Deus, lançou-se para as metas mais altas do novo Instituto dos Pregadores. Por isso, abdicada a vida secular, muitos jovens se consagraram à Ordem, seguindo São Domingos como mestre de vida. Naquele tempo, começou a pregar exatamente no nosso convento de Paris. Aquela construção engrandeceu-se como ainda hoje pode-se ver: tendo ajudado muitíssimo o Bispo, o Rei, a Cidade e principalmente toda a Academia desse lugar, em vantagem de Deus e da Mãe de Deus”.

CAPITULO III
Como revela Maria ao Esposo, o Saltério salva das bruxas.

I. Leia-se um exemplo, que também a Beatíssima Virgem Maria revelou em modo extraordinário à um novo Esposo, seu devoto.
I. “Meu caríssimo Esposo (dizia Maria, a Esposa de Deus), São Domingos depois de Roma, atravessou a Alemanha tinha empreendido uma viagem à Paris, seis irmãos do mesmo Instituto o acompanharam. Ele ia em todos os lugares e acostumou-se a fazer exortações e assembléias especialmente nos mosteiros e colégios, mas também nas casas dos populares. Ele pregava muito nas Nações estrangeiras, através de um interprete, mas também falava em espanhol e mesmo àqueles que não conheciam essa língua, parecia que falasse na sua língua nacional, pois era entendido perfeitamente.

2. Enfim, por graça os foi concedido por Deus o dom de mesmo não sabendo falar línguas estrangeiras poder comunicar-se em todas as língua de todas as nações. Ele empregava o extraordinário dom das línguas em beneficio dos nacionais. Visto que a virtude e o espírito divino infuso em São Domingos, impaciente de salvar o mundo, não devia ser freado por causa do conhecimento das línguas e o foi concedido de usar esse dom. Visto que ele era o primeiro comandante, aquele que Deus queria designar aos Pregadores, para todas as zonas e Nações dos povos do mundo.

3. Não falava as línguas estrangeiras, apenas por dom do único Deus, mas também por seu mérito: como quando, sob o impulso do espírito, pregava de forma ainda mais ardente Deus pela graça. Na França por muitos dias fez belos sermões aos Germânicos na língua deles.

4. Eu obtive para o meu Esposo, junto ao Filho, sobretudo a faculdade de poder sem dificuldades falar também com uma multidão, para a salvação das almas. Então, em qualquer Nação estrangeira colocasse os pés, por graça, a pregação adequava-se imediatamente à língua do mesmo povo. E justamente: em nenhum lugar parava, se não como Apostolo do Senhor: onde o Espírito o conduzia. Foi enviado à um mundo quase moribundo, por caridade, para o acordar”.

“II. Mas então, escutas a história, memorável e extraordinária. Existe na terra Germânica um Castelo muito seguro, pela natureza do lugar, arquitetura e construção. No castelo morava um Soldado, poderoso na guerra e nas armas, e iguais à ele eram os seus quatorze tribunos, prontos à ação, robustos e especialistas na batalha, todos habituados à roubos. A alma muito selvagem tinha levado os corações deles para uma verdadeira e própria inumanidade, a tal ponto que se deliciavam mais pelos roubos obtidos por crimes, do que pelos botins conquistados apos uma justa batalha. Eles não importavam-se de cometer latrocínios, de banhar com sangue os povos, de tal forma eram desumanos. Os ditos quatorze, todos sob um único Príncipe, conduziam muitos homens sob os próprios exércitos, não só fiéis ao dito arrolamento militar, quanto ligados por juramento à criminosa companhia dos crimes. Esses tendo feito roubos em lugares e em largo, em todas as terras entorno, ameaçavam à todos com roubos, latrocínios e massacres, submergindo os enumeráveis corpos dos mortos, jogando-os no rio que escorria (esse seria o rio Reno ou o Danúbio). I. Então São Domingos estando numa cidade perto daquele infame castelo de ladrões, de manhã cedo, junto ao altar, no momento do Sacrifício da Missa, antes de seguir viagem, eu, a Beatíssima Mãe de Deus, me tornei visível somente à ele e o fiz as seguintes advertências: 1. Oh! meu Domingos, cheio de confiança em Deus, até agora, fizestes uma viagem favorável, porém, hoje não será como ontem. A tua sorte está nas mãos de Deus. Serás colocado em meio à ferozes ladrões, e a tua vida não estará segura sem mim. 2. Escutas o que deves fazer. Quando os ladrões te aprisionarem peças que te levem ao Príncipe. Tu possuis a sabedoria que eles não tem. Digas tudo aos chefes militares para a salvação de todos, e as palavras imediatamente serão confirmadas pelos fatos. No presente e iminente perigo, terás entre as mãos a vida deles.
Eles nunca verão e escutarão essas coisas sem que tu as pronuncie. 3. Saibas que: no dito Castelo moram quinze mulheres maravilhosas pela singular beleza do corpo, pelo vestido e refinadas. Por serem consideradas maravilhosas pela elegância e beleza, elas fizeram o Príncipe e seus Tribunos militares perderem a razão, fascinados pelos seus enganos. Eles não preocupam-se em cometer malvadezas pela influência dessas. Essas dominam completamente os guerreiros, elas não são criaturas humanas, mas verdadeiros demônios do Inferno! Bruxas. Os quinze homens estão convencidos que elas são deusas e o povo as chama de Fadas. Acredita-se que o que elas dizem traz prosperidade, que os seus conselhos são oráculos. Infelizmente! De quantas dessas o mundo está cheio? As fúrias são doces como o mel e matam com o fel da víbora. Enfim devastam o mundo. 4. Por isso, a partir desse momento, leve contigo pela estrada a sacrossanta partícula do Corpo do Senhor, na forma como será pedido o uso. Isso produzirá a prosperidade dos teus irmãos e por isso, serás capturado pelos ladrões. Todos os ladrões serão como o teu botim para Deus, e também estais para triunfar sobre demônios capturados, que guiam os infelizes ladrões capturados. 5. Tu logo que sejas capturado, serás levado ao Príncipe dos ladrões, pedes que seja chamada toda a família: sabiamente colocas diante desses os seus torpes crimes, denuncia a esses os poderosos perigos, pelos quais eles deviam ser arrastados à morte: afastaras os espíritos malignos; revelas a forma para fazer fugir os (demônios): elogies aos homens o Saltério. Salvarás as almas. Esse é o preço e o prêmio do perigo. Disse e desapareceu”.

III. “Na forma como as coisas foram ditas e ordenadas as coisas aconteceram e foram feitas por São Domingo. 1. Assim ele e os irmãos companheiros realizaram a viagem. Quando eles chegaram perto do Castelo (não ouso chamar pelo nome o lugar, em respeito à um habitante presente) São Domingos entrou em êxtase. A Mãe de Deus apareceu ao seu Domingos, dizendo: Te envio junto à pessoas pecadoras. Há trinta anos atrás a maior parte desses, não pagou os pecados através da confissão e não quiseram escutar nada de divino: são todos Magos, e devotos aos demônios. Insistes, pregues o Saltério; dás ou fales dos quinze remédios contra os pecados. Vencerás com Deus. 2. Logo que esses começaram a viagem, o grupo de ladrões os assaltou; os aprisionaram e amarraram, os rapinaram, os enganam e os maltratam com frustras. Os demônios foram mais cruéis com São Domingos do que contra os outros. Eles conduziram os prisioneiros ao Castelo e certamente os matariam cruelmente, se Deus não o tivesse impedido. O Santo homem pediu para falar separadamente com o Príncipe, ao qual disse apenas poucas palavras. Introduzindo-se na alma do Príncipe, o tinha convencido com muitos conselhos sábios. Somente ao Príncipe ele revela as coisas mais secretas, explica quais monstros mantém em casa e o promete desvelar as bestas subterrâneas.
3. Paralisado pelo medo, o Príncipe estava incerto: chamou os tribunos, diante dos quais interrogou o Santo, sobre onde tinha conhecido os monstros dos quais falava! O que precisava fazer, para que esses, no mesmo dia, não precipitassem na ruína? E o Santo o disse: falarei mais com os fatos, do que com as palavras: levarei contemporaneamente, diante das orelhas e dos olhos, o que tenho à dizer: o Príncipe, ordena que se apresentem aqui e se aproximem todos aqueles que estão no seu castelo. Dito e feito: estavam presentes todos, exceto as Senhoritas, que davam como desculpa as suas muitas ocupações que inventavam. São chamadas: renegam. Então Andais, disse Domingos, em Nome da Santíssima trindade e através da virtude do Saltério que prego: ordeno à todos que as façam vir súbito aqui. Entanto àqueles que estavam em volta, disse: Mas vós, oh homens, permaneceis imóveis? Protegeis a fronte e o peito com o sinal da S. Cruz: creiais, contemplareis terríveis monstros do Inferno. 4. E fazendo sair à força, chega então às orelhas o fragor daquelas, que gritavam e se escondiam, (mas) arrastadas por uma força oculta elas apareceram: blasfemavam Deus, Jesus, a Mãe de Deus e os Santos, furibundas de ira, símiles e enlouquecidas. São Domingos novamente diz à todos: Cada um se arme com o Sinal da Cruz. Todos obedecem, mas elas ao contrario enfureceram-se ainda mais.

IV. Esse homem de Deus tira fora do ventre, uma Hóstia três vezes Santíssima, que mostra e assim diz: 1. Juro por Aquele que vês em pessoa entre essas mãos, que aqui vós haveis das fúrias enfeitiçadas do Inferno. Dites abertamente: quem, de onde, porque estais aqui? E tu expressamente, superbíssima besta, a primeira dessas, fala. Essas furiosas, espirantes inefáveis iras e ameaçadoras, distorcem os olhos nas direções mais diversas e frementes, gritava em modo feroz: Maldito o dia que ti fez vir aqui. Maldita seja Ela junto ao Filho, que aqui te deixou vir. Assim, numa só hora destruiria os nossos esforços de tantos anos? Sou obrigada, ai de mim, ai de mim, sou obrigada a trair o nosso segredo, oh Príncipe do mundo; Nós somos horríveis demônios: já há muitos anos fizemos àqueles aqui presentes perder a razão; realizamos através desses ruína e devastação e hoje estávamos à ponto de os afogar no rio, para jantar com nós no Inferno. Saibam: estão prontos os navios, para que 500 deles fossem saquear uma terra. Mas hoje seriam submetidos e suprimidos nas ondas. 2. Porque, pergunta o Santo, não cumpristes isso antes? E essa: faltava a ocasião, não a vontade. Ele pergunta: E porque? Ela disse: Já sabes o suficiente: porque ainda nos atormentas? O Santo responde: Quero e comando em Virtude de Cristo: o manifesto. A Fúria: Aquela falsa Cançãozinha de Maria, Mulher Judaica sempre nos impediu: todos eles, por ordem do Príncipe, cada dia a saudavam. E o Santo: Quanto oravam? E essa: Quanto tu pregas o Saltério da nossa inimiga. 3. A São Domingos que encalçava: da onde aprenderam isso? Responde: Não sei. Porque perguntas com insistência? Longe de mim, é por causa dessa antiga oração, antes acolhida em todo o mundo: mas quase apagada pela nossa arte que não os matamos antes. Agora tu a celebres novamente para a nossa ruína.
Mas muitos o levam (consigo) e hoje como antigamente a escolhem, e a recitam em baixa voz. O pai desse Príncipe, nosso inimigo, o obrigou desde criança a murmurar isso, por isso nele permaneceu o costume; também se era implicado em delitos por quanto se queira grande, quer que cada companheiro de batalhas levasse consigo (o Saltério) e o rezasse. Hoje em pé de guerra, visto que preparavam o necessário não tinham ainda podido orar. Assim estavam expostos indefesos à nós: aqui as ondas, ali as chamas, seriam mortos de uma só vez. São Domingos disse: A verdade veio átona. Acrediteis homens: eu o confirmo. Mas escutais: se a potência do Saltério protegeu os criminosos, quanta força achas que o Saltério para proteger os justos? 4. As fúrias combatem, debatem-se e gritam muitas coisas, para que, as deixem afastar-se dali: ao mesmo tempo, ajoelhadas, suplicando a (sua) partida. As fúrias, porém, ainda não tinham deposto as mascaras de rosto feminino, (e eram) belíssimas; se não que, obrigadas a ir embora, assumiram um vulto tão miserável, que com o aspecto, com o comportamento e com o choro misturado a gemidos, adoçaram até os férreos corações dos homens, à comiseração e também ao choro. Esses mesmo, jogando-se no chão suplicaram, oraram com insistência à São Domingos para que esse, tão terrivelmente atormentado pela sagrada presença da Potência Divina, as liberassem das penas, as permitindo de ir embora: “São boas e muito amáveis, e também consoladoras e obsequiosas pelos homens, acima da estima humana”.
V. A esses então São Domingo, nervoso, exclamou: “Oh vós insensatos e ineptos à fé, não conheceis o suficiente os vossos perigos? Não vos arrependeis o suficiente dos vossos delitos, e não vos envergonhais de não amaldiçoar as Fúrias, péssimas mentoras de delitos e de perigos de forma funesta? Eu e Deus fizemos com que imediatamente o vosso amor e desejo em relação à essas, fossem arrancados totalmente. Por isso vos ordeno em Nome de Jesus e com o Saltério de sua Mãe: permaneçam homens fortes, não vos distanciais do local, para que, observando a imensa obscenidade
desse monstros, vós mesmos tenhais piedade da vossa sorte. Vós ao contrario monstros infernais, péssimas bestas, depostas as mascaras, vos mostrais visíveis a esses, como sois por malvadeza. Assim, digo, ordeno à vos, pela força de Nosso Senhor Jesus Cristo aqui presente, e pelo seu Saltério. 2. E eis os monstros da besta, mais escuros do que o próprio Inferno. E se uma virtude divina particular não tivesse concedido a força àqueles que olhavam, teriam desmaiados diante do horror, do clamor e do fedor dos fantasmas. Não parava, porém, o homem divino: Ditas, ordeno: Por que e quem sois vós quinze? E tu superbíssima princesa das bestas, fales. Essa, deu um rugido, tão alto que quase arrancou as almas dos corpos: “Nós somos as quinze Rainhas do Inferno, e sedutoras do Mundo: e antes de tudo as insidiadoras desse Príncipe: para que esse homem de sangue Real e Imperial, fosse um instrumento oportuno para os nossos objetivos: para arrastar numerosos povos à nossa rede e diminuir a fé cristã. E com sucesso, ao menos até esse momento, nós exercitamos o comando sobre os mesmos magos e sobre os prestigiosos símiles a esses.
E não ignoramos nem desprezamos os astrólogos. Aqueles presságios, que esses fingem de pregar, como fruto dos astros, são inventados para vos enganar. Esses diziam muitas coisas, com as quais enganavam os Príncipes, semeavam as guerras e tramavam muitos males. 3. As outras estavam paralisadas iguais na malvadeza, mestres de crimes. À essas São Domingos disse: Distanciais imediatamente daqui e precipitais nas partes mais baixas do Inferno. Elas desmaiaram velozmente na fumaça e no fedor; ao mesmo tempo, os navios acostados com as armas fora do porto, afundadas sepultaram (as armas) sob as ondas e empurrando (os navios) entre as chamas e queimaram, diante do exército quase fora de si pelo espetáculo.
VI. 1. O mesmo comandante abandonando todos os projetos de roubo e surpreso pelos horrores, junto com o mesmo grupo de ladrões (que era composto por mais de quinhentos homens), caíram suplicantes aos pés do Santo. Pediram de ordenar o que quisesse, de os aconselhar para a salvação e de cumprir o que foi iniciado. 2. Mas ele respondeu: Vós homens, purificais os templos com a confissão, desistais das ações desonráveis costumeiras, habituais ao bem. Quanto ao resto louvais o Senhor Jesus e a sua Mãe Virgem, no seu Saltério. E assim permitiu aos convertidos de repousar-se pelo resto do dia, visto que esses estavam atônitos, tremiam e estavam fragilizados na alma e no corpo. Para Domingos era suficiente ter visto uma coisa tão grande, ter escutado os culpados e ter cumprido (a vontade de) Deus.
3. Convocados novamente no dia seguinte, eles vieram em grande numero ao encontro de Domingos, o qual descreveu em um longo Sermão, as espécies e a natureza dos monstros do Inferno que tinham visto. No final do sermão aconteceu a visão.

CAPÍTULO IV
Os quinze abismos, ou seja as quinze bestas do inferno e os quinze vícios: ao mesmo tempo torna-se publica a visão.



TERCEIRO SERMÃO DE SÃO DOMINGOS
TEMA: Salmo 150.

Louvais Deus no Saltério, etc.
Oh! Filhos de Deus, combatentes do mundo, por longo tempo (fosses) filhos do diabo, como visses com os vossos olhos. Eu vim ao encontro da vossa vontade e vós sois em engano do demônio: porém por Natureza e por Criação, por Redenção e Sustentação, sejais Filhos de Deus. Agora escutem-me, suplico as almas porque, sem saber, haveis obedecido ao vosso Príncipe, com a realização de cada dia o Saltério da Virgem mãe de Deus. Eu fui enviado aqui para ensinar em nome da Santíssima Trindade e de Maria, apreendeis como e por quais males, deveis recitar o Saltério no modo devido para a remissão dos pecados. Primeiramente, quero que saibais: são quinze as supremas fontes de toda a malvadeza, as quais até agora como escravos servistes. Agora (e essa é uma Graça de Deus misericordioso), através do Saltério de Maria, vós sois distanciados desse; para, se quereis, seres livre.
E essas, como são quinze, se opõe também as quinze fontes da graça, que se desenvolvem na Saudação Angélica. Exporei, com a ajuda de Deus, os três grupos de cinco em tríplice ordem.

PRIMEIRO GRUPO DE CINQUENTA ORAÇÕES DO SALTÉRIO.

A PRIMEIRA BESTA DO ABISMO E O LEÃO DA SOBERBIA.

Nessa (besta), o mundo erra pela arrogância, a vanglória e o desejo de ser o primeiro, em pensamento, palavra e obra. Contraria e essa é a fonte de graça do Saltério, que se encontra na palavra da Saudação Angélica, “Ave”. Os soberbos estão na máxima culpa da Maldição. E se isso acontecesse à um dos Santos, ele seria imediatamente enviado do Céu ao Inferno. Se (tal Besta) pudesse ser vista com os olhos em sua desonestidade, seria um horror e poderia levar à todos à morte eminente.
A besta desse Abismo é o demônio da Soberbia, que vistes sob a forma de um Leão em chamas, que emanava chamas dos olhos e tinha dentes e unhas de ferro. Esse agita as asas de serpente, visto que todas as suas penas eram serpentes venenosas em chamas. As penas eram répteis, de veneno penetrante, que matam quem as olha mesmo de longe. O seu hálito continha faíscas com enchofre: que de tão grandes poderiam colocar fogo e consumar uma província inteira. Ninguém que a vê, vive, se não é protegida por um milagre de Deus. Vós que haveis recebido o milagre, o viram: porém, não haveis visto bem o monstro. E na verdade quem não é capaz? Como testemunha Agostino, uma pequena culpa mortal, supera ao infinito qualquer suplicio passageiro, assim como, todas as coisas materiais são superadas pelas espirituais. Por isso louvais à Deus no Saltério, para que viveis com Deus livres dessa soberbia, e sois um só coração com os humildes.

A SEGUNDA BESTA DO ABISMO É O CÃO DA INVEJA.

Essa (Besta), através dos ódios, das murmurações, das detrações, da exaltação para o dano dos outros, da tristeza para o bem dos outros, etc., envenena todo o mundo. A arma contra essa é a segunda palavra da Saudação Angélica, “Maria”. Ela como testemunha São Maximo, é a Mãe e a Senhora da Caridade: a fonte e o fogo do amor, que junto ilumina e está próxima. Ela é o mais respeitável Serafim, mas quantas e tão grandes são as sombras para os invejosos. Se uma pequena parte dessa existisse materialmente nesse mundo, cobriria completamente, levantando os olhos, o sol e as estrelas: as sombras do Egito e os Cimeiros90 seriam nada em relação à essa. É essa, que leva a noite eterna ao Inferno.
A Fera desse Abismo é o demônio da inveja, que por muito tempo apareceu a vós sob as belíssimas vestes de jovem, depois (apareceu) na forma de um cão negro de montanha, das orelhas saiam uma fumaça horrível, para escutar as detrações, a língua era muito negra e cheia de vermes pútridos, pelas difamações que exalava, os dentes muito acuminados, pela língua pungente.
*Os Cimeiros eram um povo legendário, que vivia nos extremos confins do mundo, onde não era a luz do sol.
As partes posteriores eram abomináveis pelo fedor e obscenidade, uma parte era sem pelos e outra era recoberta por pêlos espinhosos. Com esses lacera e mancha a reputação inocente. Observais os seus cabelos cerdosos, todos como uma espada. Com esses, oh quantas e que cruéis mortos difunde escondida e abertamente, e contamina cada coisa! O rabo curvo se retorcia e todos os pêlos pareciam flechas à serem lançadas na escuridão aos puros de coração. Os pés eram mais terrificantes da sua monstruosidade e eram horríveis pelas unhas: cada uma dessas levava uma arma, pronta à ferir todos os que encontra. Diz Ambrósio: Os invejosos movem-se para matar os corpos e as almas, para maldizer Deus e os Santos. Por isso para os libertar dessa Fera, louvais à Deus no Saltério.

A TERCEIRA BESTA DO ABISMO É O PORCO DA PREGUIÇA.

Essa (Besta) é a tristeza das coisas Divinas, por causa dessa o mundo é indolente aos Mandamentos de Deus. No orar, maldizer si mesmo, procuram evitar os mistérios da salvação. 1. Contra essa besta a Fonte da graça é a terceira palavra da oração de Maria, “Graças”. A Graça, como atesta Santa Fulgência, torna alegre e disponível os homens para as coisas Divinas. Visto que servir à Deus é reinar, diz São Gregório. 2. Quais serviços os Reis poderão disponibilizar diante de um só obséquio de Deus? Esse se opõe à Preguiça: desse flagelo todo o mundo está corrompido e é entorpecido até a morte. Em nenhuma parte do mundo se poderia viver, se um pouco de tristeza e de preguiça, se transformasse na natureza corpórea. Não tem o porque surpreender-se, visto que a eterna e infinita tristeza é devida à pena da Preguiça. 3. A Besta desse Abismo assumiu a forma de um porco, que foi colocado na lama do Inferno. Levava às orelhas pontudas, muito largas, para ouvir todas as coisas fúteis. Os cabelos pareciam lanças ardentes, com as quais os preguiçosos ultrajam Deus e os Santos, o focinho muito longo e apresenta-se numa série tríplice de dentes de ferro, porque São Crisóstomo ensina que os tríplices bens da Graça, da Natureza e da Boa Sorte destroem a Preguiça. De resto aquele porco era recoberto de pêlos que, eram mais negros do que todos os etíopes juntos, o tornavam horrivelmente monstruoso. Porque, como atesta São Basílio, o ócio é o leito do diabo, e o preguiçoso é o lugar e o refugio dos demônios. Os pêlos do rabo obsceno pareciam brasas ardentes, e das partes posteriores saia uma chama fétida: a preguiça é a mãe da luxuria. Por isso para viver imunes dessa fera, louvais à Deus no Saltério.

A QUARTA BESTA DO ABISMO É O DRAGÃO DA IRA.

Por essa (Besta), muitos tem cóleras, cansam-se em brigas, blasfêmias e vinganças. 1. Contraria à essa, como fonte da Paciência é a quarta palavra na Saudação Angélica, “Cheia”. Como diz São Gregório, a plenitude das virtudes é a plenitude da paciência, que faz uma obra perfeita e que não é muito inferior ao martírio. Maria Santíssima a manteve escondida durante toda a vida e durante a Paixão do Filho. 2. O fogo desse abismo queima tanto, que se alguém visse uma pequena parte da chama da ira que provoca a morte e sobrevivesse, seria um milagre maior, do que se o mundo pegasse fogo e sobrevivesse um homem ileso e sobrevivente.
Visto que, como atesta São Jerônimo, o incêndio da culpa não tem comparação com o incêndio material e natural: é evidente quanto é mais grave a ofensa de Deus à qualquer dano terreno. 3. O Dragão foi por essa razão, a quarta besta aqui vista. E vedeis a sua imensa grandeza, que parecia engolir dentro de si as terras e os montes. Mas porém, saibais que: aquele monstro ocupava uma pequeno território, porém, aos vossos olhos parecia que ocupasse imensos espaços.
Aquela visão não era só natural, mas, pela minha oração, recebemos a ajuda de Deus. Assim o basilisco é pequeno no corpo, mas é enérgico pela força do veneno e pela ferida. Ele largamente espalhou o veneno mortal. Esse Dragão é pequeno no espaço e na mole, mas por vontade da Mãe de Deus, via-se como uma besta de imensa grandeza. E tinha a cor vermelha do fogo porque, como atesta São Basílio, a ira é o verdadeiro fogo do Inferno. Os seus dentes são numerosos e muito afiados porque, como disse Agostinho, a ira é uma espada furiosa. Da boca saia exalações de pestilências e fedores, que corrompia à tudo. Assim sem duvida, disse Santo Ambrósio, leva consigo as injurias venenosas contra o próximo e as blasfêmias contra Deus. Arrastava um rabo longuíssimo e verdadeiramente horrível. Por isso, disse Crisóstomo, a brama de vingança dos coléricos arde há muito tempo e é terrível, desejosa de arrastar consigo, todas as coisas na mesma ruína. Vibrava ali sem medida, assim a ira voa e em fúria erra pelo mundo. Tendo dominado os Princípios e os Senhores das terras e das coisas, chama os homens às armas e confunde tudo com as chamas da raiva. Pontiagudos ganchos em fogo e tridentes longos giravam as asas amedrontadoras porque a raiva fornecia tais armas. Mas com o seu assovio crepitante de fumaça os acolheu com terrores e sombras, que vós aterrorizava, como se fossem lançados no Inferno. E se a força de Deus não vos tivesse conservado salvos, vós haveis entregue as almas. Os olhos da besta, que infelizmente tinha irritado-se, rodavam como globos de fogo de um forno. É difícil encontrar uma coisa símile à essa por horror. Por isso diz Santo Ambrósio, que ficando nos olhos, a ira prende tantas estradas, para executar a vingança. As unhas dos pés eram como lanças militares, sedentas de sangue e emanando pus. De que gênero é o homem, invadido por essa fera? A água, para ser imunes da sede, é: Louvais à Deus no Saltério.

A QUINTA BESTA DO ABISMO É O SAPO DA AVAREZA.

Essa (Besta) devora à tudo com furtos, roubos, usuras, comércios e sacrilégios. 1. A fonte da graça contraria à essa, na Saudação Angélica é a palavra: “O Senhor”. De fato, come diz São Jerônimo, o avaro é servo da riqueza, mas aquele que é generosamente misericordioso é como o Senhor e a Maria Rainha de Misericórdia. 2. Esse Abismo é o Inferno e não tem fundo, caindo no abismo todas as coisas. Porque, come disse São Gregório de Nice, o avaro não enche-se, nem se sacia do dinheiro.
Para essa voragem não são suficientes todos os Reinos, se existissem mais mundos, os engoliria. 3. Por isso essa besta parecia um sapo, porque nunca se saciou com a terra. Mesmo que esteja com a barriga cheia tem grande apetite e teme que um dia possa faltar a terra. Esse levava a coroa, justo pela maldita ambição. O avaro, de fato, persegue sempre as coroas da ambição. A magnificência da coroa ultrapassava a crespa dos montes, entre os profundos vales dos quais, como em habitação, os avaros eram fechados, e no mesmo lugar, condenados com justas penas. E todas as coisas não podiam ser imaginadas, mas deviam ser mostradas e vistas. O demônio leva consigo sempre o Inferno, assim como o avaro e todos os condenados, como atesta São Gregório. Parecia que as unhas de ferro dos pés, terrivelmente curvas, possuíssem todas as coisas desejadas, às quais ao mesmo tempo ele era privado. É assim, diz Santo Ambrósio, visto que o avaro não possui aquilo que tem. Ele possui sempre somente desejo e esse é fome. A boca do sapo tinha uma garganta tão larga, que era capaz de engolir templos, terrenos e inteiros reinos. Por isso mais justamente Santo Agostino, compara a avareza à boca do Inferno, porque nunca diz: Basta!
As suas asas eram sutis, como aquelas dos morcegos: através destas adentram nas noites da avareza, num vôo diversificado. Assim é todo avaro.
Epílogo do Primeiro grupo de Cinqüenta. Eis à vós então os cinco monstros e os outros tantos abismos, nos quais vós entrais na triste escravidão à serviço das bestas. Eis quem haveis honrado, o que haveis feito, sem saber, em todas as partes. Mas até agora saibais isso: imersos nesses cinco abismos, convivendo com essas cinco feras, vergonhosamente haveis violado o Decálogo dos Mandamentos de Deus; haveis provocado a ira de Deus, com a vossa ruína: sareis apodrecidos se a insigne misericórdia de Deus não fosse presente sobre todas as coisas.
Por isso vos aproximais solícitos das cinco Fontes da Graça, abertas na Saudação Angélica à todos os pecadores, assim como aos justos. Com qualquer uma das dez (palavras do Angélica Saudação) pode-se reparar os delitos cometidos contra o Decálogo e curar as feridas: alimentar aos famintos de alma para um vigor de piedade e de santidade. E assim oferecestes com a oração o primeiro grupo de cinqüenta orações do Saltério mariano, para Deus e para a Mãe de Deus. Louvais então Maria no seu Saltério. Não duvidais, porque se a pratica do Saltério vos levou à salvação, depois de os ter restabelecido na graça, também os conservará nessa: e dessa (vida) vos conduzira a gloria certa e eterna! Aqui interrompia a oração, a confissão dos ouvintes, o choro do profundo do coração, o lamento e o grito sofredor dos homens, seja daqueles que se arrependeram dos pecados, como daqueles que exaltam pela liberação de tão grandes perigos e males; essa (liberação) foi procurada, eficazmente e felizmente, pelo beneficio oferecido por Deus e pela Mãe de Deus e com a ajuda do Saltério.

SEGUNDO GRUPO DE CINQUENTA ORAÇOES.

A SEXTA BESTA DO ABISMO E O LOBO DA GULA
Essa (Besta) enche a barriga e pensa com cuidado ao corpo. 1. A Fonte na Saudação contra essa besta é “Convosco”.
Visto que o Senhor está com os moderados, diz Santo Ambrósio, o Diabo está com os gulosos. Mas a Beata Virgem Maria mereceu, com a sua grande moderação, de ser a Rainha dos moderados. E certamente é tanta a bondade dessa abstinência, quanto grande (pode ser) a enormidade da gula. E se Deus fizesse com que na natureza das coisas existisse em forma corpórea, ela sozinha, mataria e devoraria todas as coisas animadas e inanimadas e poderia por isso engolir o mundo. Nesse Abismo, quantas vezes submergiram os seres e soterraram os corpos, quantas vezes acolheis em vós essa fera? Qual? De que tipo? O visse! O Lobo era voraz e barrigudo; tinha a boca aberta de fome, espumava pela boca, mastigava sangue com pus. Na boca tinha cinco barreiras de dentes (dispostas) em cinco filas, por causa dos cinco tipos de garganta: e os dentes eram de ferro, longos como uma haste. O que ele não devora? A voz é tão monstruosa, que o mundo treme quando essa soa.
O fedor da garganta é maior, do que aquilo que navega sobre o mar: (tal fedor) poderia envenenar todas as costas das terras e fazer morrer todas as coisas. Sob os pêlos híspidos, como varas de ferro, estavam escondidas as casas e as salas de jantar dos gulosos, que se camuflavam nas penas. Os testículos inflando-se reciprocamente de dois em dois, como pequenas colinas, com chamas sulfuras que ardiam e com um insuportável fedor. Tal é a luxuria, filha da garganta, que também é punida com as mesmas coisas, com as quais peca. Ao invés o rabo curvada para cima, dividia em dois, com obsceno obstáculo, as nádegas, para o horror daqueles que olhavam.
Oh, monstro abominável! Para evitar o seu furor, louvais a Deus no Saltério.

A SESTA BESTA DO ABISMO E O DIABO DA LUXÚRIA.

Aqui existem fornicações e adultérios, incestos, estupros, seqüestros, sodomias e tantas outras coisas malvadas. 1. A fonte contraria à essa é a palavra da Saudação “Bendita”. Porque como Maria é a Virgem das Virgens, assim também o horror da luxúria é gerador dos outros delitos, e ambos são inexpressíveis. 2. Julgais por uma caso símile. Se Deus mudasse o fedor espiritual da luxuria em material, imediatamente sufocaria tudo e corromperia os seres inanimados. E não te surpreendas, disse Santo Agostinho, por causa do fedor da luxuria, cada fedor é ligado ao Inferno e esse é perpetuo. No Céu cada Beato prefere sofrer os tormentos do Inferno, mais do que suportar as a pestilência da luxuria. 3. Por isso fez-se a representação, horrível e monstruosa de um bode, que levava na barriga inumeráveis condenados. Aquele ostentava dez altas coroas, cada uma grande como uma arvore, ramificada e, inumeráveis pequenos chifres, e cada um desses era capaz de devastar o mundo. A luxuria é tão potente, que despreza os Dez mandamentos de Deus. De fato, como diz São Gregório, o fogo é a origem da libido. A obscenidade dos genitais, por quanto era grande não deve-se, nem pode-se explicar com as palavras. Terias apodrecido imediatamente pelo horror daquilo que visses sem a ajuda de Deus. Diz bem Santo Ambrósio: o que existe de mais horrível do que os horrores da luxuria?
Uma torrente com fogo e sulfura, que vinha dos genitais do bode, cobria com a fumaça todo o mundo. A boca grande e aberta, levava em si quase todas as penas do Inferno, espirando chamas, que evocavam palavras obscenas. E essa extrema infelicidade recebeis em vós tantas vezes, quantas sejais contaminados com o libido. Para fugir desse futuro, louvais à Deus no Saltério.

A OITAVA BESTA DO ABISMO E O URSO DA FALTA DE FÉ.

Essa (Besta) tinha infestado o mundo com os sortilégios, as artes da divinação, as magias, as heresias e os erros. 1. A Fonte da Fé contraria à essa jorra na palavra “Tu”, incredivelmente significativa e eficaz: Não é essa que faz adquirir a fé em Cristo, indicando-a? (Não é essa) que indica a pura fé da Virgem Maria? (Já) na (fé), a Beata Maria foi o maior e mais extraordinário milagre. Assim o Espírito o mostrou à Elisabete, quando ela disse: Beata tu, que crês. São Jerônimo disse: O Maria, grande é a tua fé! Tu de fato mostrastes a fé ao mundo: Tu, trazendo a nós o Verbo de Deus, fundaste a Igreja sobre os santos montes, através do Filho. E assim, essa grande fé todos recebem de ti! Através dessa (de fato), satisfazendo à Deus, merecestes te tornar a Mãe de Deus. 2. A malicia dessa falta de fé, superava longamente a malvadeza das (Bestas) precedentes.
Por isso foi representada num urso gigantesco, mais cruel, feroz e voraz do que os outros monstros. Porque, disse Agostinho, a falta de fé é o maior dos pecados. A sua boca é a porta do Inferno, da qual se diz: Da porta do Inferno trás fora, oh Senhor, as suas almas. Na boca tinham doze filas de dentes símiles a traves e esses eram muito pontiagudos: por causa das sutis razoes dos errantes contra os doze artigos da fé. Sob a barriga do urso, enfureciam-se muitas feras, assassinos das almas. A falta de fé, como atesta Santo Ambrósio, é a mãe dos outros crimes. Da boca saia um grito, que turbava o mundo. O que é mais horrível do que a blasfêmia? E o grito precipitava com o ímpeto das chamas, submergindo à tudo. Os pés eram enormes e horrendos por causa das unhas, assim como os dentes; e ambos espumavam de pus, sinal da crueldade dos infiéis. As asas eram de plumas de serpentes em chamas. Em um Sermão disse São Fulgêncio: Os infiéis enquanto voavam entre as falsas ciências, envenenavam o mundo. Cada um de vós deu moradia à essa fera dentro de si. No futuro, para evitar-la, louvais à Deus no Saltério.

A NONA BESTA DO ABISMO É A BALEIA DO DESESPERO.

Essa, longe de Deus, gozou como pode, das imediatas consolações do mundo. 1. A Fonte da Boa Esperança, contraria à essa, estabeleceu-se na Saudação: “Entre as mulheres”. A Beata Maria, disse São Jerônimo, é a Mãe da Esperança. Ela mesma, sofrendo em aparência a rejeição91 por essas palavras: O que queres de mim mulher: não ainda, etc., porém não foi privada da esperança, ao contrario, permaneceu certa da esperança, ordenando aos servos: façais aquilo que vos dirá.
2. É porém tão grande a morte por desespero, que se as mortes de todos os vivos se unissem numa só não superariam uma ínfima dessa. Por isso com golpe certo separa da vida eterna, como disse São Remigio.
3. Ela era representada por uma baleia, gigantesca pelo tamanho, a fúria e o aspecto, porque o desespero é a veta final e suprema dos pecados ditos anteriormente: era o dragão do mar, ou o Leviatã segundo Jô. Na sua boca apertavam-se inumeráveis fileiras de dentes, maiores do que os dentes das outras bestas, assim como era maior o cetáceo em relação às outras. Com essas devastava o Céu, a terra e todas as coisas criadas. Porque como esses imaginavam-se Deus, como o inimigo deles, prefeririam que Deus não
91 O Beato Alano se refere ao casamento de Cana, onde Jesus realiza o seu primeiro milagre de transformação d’água em vinho, graças ao pedido da sua Madre (Gv.1-12).
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existisse: o que é impossível e contrario à todas as coisas. A sua boca era símile a uma voragem, que engolia tudo. Na boca tinha um cárcere que aprisionava com corrente os desesperados. Dos olhos, saiam cintilas e chamas, grandes quanto os montes; da boca sai um rio enorme com um fedor sulfúreo, que são as palavras e as vozes dos desesperados. Aimone diz que esses se opõem às palavras da salvação, para que os vivos sejam como mortos, como se fossem num segundo Inferno. Para distanciar essa então pelo resto (da vida), louvais à Deus no Saltério.

A DÉCIMA BESTA DO ABISMO E O ABUTRE DA PRESUNÇÃO.

Essa (Besta), ao contrario do desespero, caiu em pecado contra o Espírito Santo, além da misericórdia de Deus, essa é a única que não se pode redimir sem a penitência. 1. A Fonte da graça contraria à essa besta na Saudação é: “E Bendito”. Disse Anselmo, o Filho de Deus deu a benção ao mundo, com a sua inexplicável pena, nos ensinando também a fazer penitência. 2. A gravidade da presunção é tão grande, que não se pode avaliar, ela não admite confronto. Quantas mortes corporais poderiam se equiparar à uma morte espiritual, quando a vida espiritual é mais digna do que as vidas de todos os corpos? A existência no (mundo) natural é (de grau) inferior à espiritual, enquanto que a existência da graça, está acima da natureza. Vós julgareis, o que haveis visto, que com os corpos estáveis presentes no castelo, porém, com o espírito estáveis no Inferno.
3. Vós vedeis um abutre, que de frente parecia uma Harpia, pelo vôo atrevido, e pela soberbia: detrás parecia um leão, pelo tamanho do corpo e a ferocidade sem igual: o monstro, era comparável somente à si mesmo e a nenhuma outra Besta. Por isso São Gregório de Nice disse: A presunção mais do que todos os pecados, viola a justiça de Deus, distanciando-a como uma coisa odiosa. O seu bico com a forma de um gancho de ferro incandescente, abria-se sobre as vitimas, agredindo muitíssimos com o terrível hálito. Para São Máximo foi o modo de vida que difundiu esse pecado. O seu estrondo devastava todas as partes do mundo, através dos discursos dos presunçosos, que não acreditam nas ameaças de Deus e da Escritura, desestimulam a honestidade, não escutam a Igreja que reprova os vícios. O ventre da fera era cheio de imensos fornos, onde (os presunçosos) eram derretidos completamente e transportados em outros, sem interrupção como castigo. Ao mesmo tempo eles morriam infinitas vezes e ressuscitavam para morrerem novamente. E isso (aconteceu) pela grande e vã confiança (de si), pela presunção. Vós sois surpresos pelas inumeráveis asas do monstro? Essas revelam as idéias que possuem os arrogantes voadores: (idéias) inconstantes e incertas; por isso procuram justificar-se nos pecados e se asseguram, iludindo à si mesmos com a misericórdia de Deus. Essas asas com os seus movimentos faziam vento que acendia o fogo do Inferno. As maldiçoes de todos os condenados eram lançadas contra os presunçosos. Pés horríveis os pisavam e com ganchos os dilaceravam, fazendo-os em pedaços. Depois a Besta parou sobre um gélido rio, cheio de presunçosos e essas Bestas, como disse Jô, passaram das águas geladas, ao excessivo calor. Derretendo-se nesse e repetidamente lançados em outros castigos, no final os presunçosos eram evacuados pelo posterior da Fera no gélido rio, como um rápido rio ardente, e trazidos em forma humana. Novamente rastelados, amontoados e triturados pelas unhas do abutre, eram devoradas. Esse é o Inferno, que nunca diz: Basta! Aqui via-se, pela maior parte, os Potentes e os Cleros, mesmo ricos, robustos, jovens, muito confiantes na nobreza, na potência, nas riquezas, na força, na idade, etc. Vós haveis visto essas coisas e haveis desejado, durante a visão, que os vossos filhos nunca sejam colocados ali. Haveis visto tantas coisas incomensuráveis, que não é possível descreve-las. Com os corpos continuáveis a viver nesse castelo, porém, com os olhos do espírito e da visão, roubados e protegidos pelo milagre de Deus, vós estáveis no Inferno. É natural que agora podeis julgar: porque podeis ver, com os próprios olhos, a besta como ela é, assim como podeis imagina-la ainda maior. Assim a vós acontece por querer de Deus. Aquele que acolhe em si essas Bestas monstruosas, assume as (suas) infames culpas, assim como, o seu aspecto monstruoso e um dia o juiz dirá a esse: Não os conheço. Para fugir dessas Feras, louvais à Deus no Saltério.
Epílogo das coisas ditas anteriormente. As Fontes divinas das quinze graças, jorram na Saudação Angélica e são abertas aos fiéis, que as freqüentam diligente e dignamente. Esses beberão a vida eterna. As suas águas quando são bebidas, permeiam e se expandem através dos dez sentidos, cinco externos e cinco internos, lavando-os de todas as culpas, os purificando e enriquecem de beatitude. Com esse objetivo, procurais oferecer santamente à Deus e à Mãe de Deus, cinqüenta Saudações no segundo grupo de cinqüenta orações do Saltério.

TERCEIRO GRUPO DE CINQÜENTA ORAÇÕES.

A DÉCIMA PRIMEIRA BESTA DO ABISMO É O RINOCERONTE DO ÓDIO.

Esse é contrario à Deus, em Pessoa, na Senhoria, na Providência, na Fé, nos Sacramentos e nas outras obras divinas. Os inimigos de Deus entendem que não tem valor os dons divinos e raramente os usam, amando com mais ardor somente à si e as coisas que apodrecem.
O pecado é imensamente ruim, quanto sumamente Bom é Deus. 1. A Fonte da Caridade é presente na Saudação Angélica, através da palavra “O Fruto”. Entre os frutos da Espírito Santo, o primeiro é a Caridade, que escorre continuamente desse. E verdadeiramente a Mãe de Deus o deu com o Fruto do seu ventre. 2. O horror abominável de todos os cadáveres juntos não poderia superar, nem mesmo, uma pequena parte da grande ferocidade e monstruosidade do ódio. A culpa mortal é tão grave porque pune a alma com a morte eterna e não porque mata a natureza. Na verdade creiais ao invés de matar Deus, porque ele é presente na alma, que é a imagem de Deus.
3. O rinoceronte por isso, representava o pecado do ódio, porque esse possui o ódio comum a todos os brutos e às feras e odeia imensamente todas as coisas que não reconhece, até mesmo quem olhou pela sua espécie. Esse possui no único chifre uma força tão grande, que pode penetrar, rapidamente, com um golpe, troncos de arvores grossas como muros, tão facilmente vence qualquer fera, com um golpe de chifre; porém com a astúcia apenas de um e com a arte de uma virgem é enganado e aprisionado. Igualmente o ódio, diz São Gregório Nazianeno, possui e ao mesmo tempo é possuído e mata com o pensamento. Pela habilidade da Virgem Mãe de Deus, cheia de Caridade, através da Saudação Angélica, esse pode ser vencido e acorrentado.
Haveis visto que a força dessa Besta se desenvolve mais do que qualquer outra e se alarga em uma imensa dimensão. A força do ódio é símile aquela do Espírito, porque é como a natureza de amar à Deus e aos homens, é inevitável a que mesma natureza possa ser usada para odiar à Deus e ao próximo. Assim o ódio fere a natureza e agride o próprio Deus.
O chifre do monstro podia ser medido, com dificuldade, pelo olhar e se expandia em muitos ramos de chamas e ganchos lembrando, pela abundância, uma selva. Todas as coisas se tornam horríveis, cheias de pus, de sangue e de podre e arrastam ferozmente si mesmos com mortos silenciosos. Essas são as loucuras daqueles que odeiam. Esse abria uma grande boca através da qual podia facilmente engolir cidades e campos, porque o ódio, como disse Orósio, é a porta de todos os males. O ventre internamente era cheio de inumeráveis formas de maldades e se corroía espontaneamente, pela rotação das coisas do inicio ao fim. O Monstro continuamente rejuvenescia e crescia: assim os ódios renovam-se todos os dia e cresciam lentamente. Visto que certamente de todo o Inferno nunca se ouvira com tanta ferocidade tantas blasfêmias lançadas contra Deus, e vindas dessa única Besta; por isso nos infernos invoca-se a morte de Deus. As patas e as costas eram cheias de chifres espinhosos, como um porco espinho. Sobre cada chifre ramoso sentavam-se muitíssimos tiranos, perseguidores dos justos e da igreja. Um deles, ferido numa parte do corpo, permanecendo pendurado entre os chifres, foi dilacerado e torturado, porque na suprema batalha foi capturado nas costas da Besta, pelos (seus) cabelos, os quais estavam levantados como lanças em chamas.
Os mais cruéis entre esses, revigorados, voltavam à outras penas; novamente arrancados dos ganchos dos chifres, lançados de uma parte à outra, chacoalhados para cima e para baixo, abertos, inchados pelas torturas e novamente privados das vísceras.
Sabeis como eu, com dificuldade, expresso palavras de sombra daquelas coisas, que haveis visto. Quanto mais infeliz sois vós, que conservais as Bestas monstruosas, enquanto ardentes de ódio, vos atormentais abertamente e publicamente. Eu sei, agora odiais todos os ódios e vós mesmos e preferireis não os ter vividos, por isso, para que espiais os pecados e estais atentos, detestando os velhos pecados, louvais à Deus no Saltério.

A DÉCIMA SEGUNDA BESTA DO ABISMO É O CORVO DO COSTUME

Essa (Besta) segundo os teólogos, não identifica-se com um pecado preciso, em gênero, espécie e numero, mas é a condição dos pecadores, que se repete de forma recorrente (como o corvo com o seu cras92) sem pausa: essa é a perseverança nos pecados ou impenitência.
1. A Fonte contraria à essa Besta na Saudação Angélica é contida na palavra: “Do Ventre”. Cada um nasce, cresce e é plasmado pela natureza com as próprias características, seja porque as características são, na maior parte, como os humores dos corpos e as índoles deles correspondem à disposições dos animais mais ou menos iguais. Porque os filhos tem certas características recebidas em herança dos pais, assim são gerados os mais violentos, os maiores mitos, os mais preguiçosos, os mais doentes. Por isso: todos os lobos uivam, os cães ladram, etc, e a prole segue o pai. A Mãe de Deus, com a sua benção corrigiu esse mal costume do ventre de Eva e inverteu tudo.
2. Por outro lado, a malicia do mal costume é aquele, que não pode ser explicado por nenhuma língua. Direi que nada a pode igualar, nem será possível alcançar uma coisa espiritual, boa ou ruim.
3. Um pássaro a representou à vós durante a visão: do momento que não existe nada igual (a esse), que nunca tenha sido visto e seja invocado pelos habitantes do Inferno, o Corvo do Inferno. Na extensão do seu corpo, superava grandemente as outras Bestas: porque, disse São Jerônimo, o costume de pecar é o maior mal dentre todos os pecados, assim que por maior que sejam os pecados, essa atira na sua imensidade, um acréscimo. O mal também é menor na culpa, porém é o máximo na perseverança. Essa enche o Inferno, porque alimenta e difunde os males. O mal, através dessa, é habitual para os juristas. No ventre do corvo, corvos iguais (a ele) gritavam, socorro, socorro, mas o corvo, aos corvos respondia, amanhã, amanhã e assim eternamente. Outros pássaros carnívoros e predadores, estavam entorno a esse corvo e esses eram devoradores de almas e imensamente vorazes. Com o bico arranhavam as almas, enquanto, através das imensas mandibulas completamente abertas, abria-se muitas gargantas em si ávidas, cheias de almas. Através de cada uma, cada alma devia passar por tantas outras penas: transportadas ao ventres, eram transformadas em bestas ferozes, com as formas dos pássaros e novamente enviadas do ínfimo ventre, eram restituídas às gargantas daquele que gritava, amanhã, amanhã, com gritos horríveis e imediatamente vinha reabsorvida no ventre. Assim no mundo se desenvolveu os mesmo percursos, segundo o rito do costume perpetuo.
Por isso vós que haveis mantido com tenacidade, o costume de pecar, depois de o ter condenado, expulso o corvo de vós, louvais à Deus no Saltério.

A DÉCIMA TERCEIRA BESTA DO ABISMO É A MERETRIZ DA APOSTASIA.

A Fé da Igreja é profanada por essa (Besta), assim como a promessa e a concórdia. Cada um que se separa de cada uma daquelas três, procura ao invés aquelas coisas, que as são próprias. 1. A Fonte contraria à essa jorra na Saudação Angélica, nas palavras: “Teu”. Tu és teu, sobretudo então, disse São Jerônimo, quando és de Deus, restituindo à Deus e à Igreja, as coisas que são de Deus, à César e à cada um o que é seu; e assim a Virgem Maria, a toda de Deus, foi certamente sua. Quem pois, disse Píer Damiani, é todo seu, todas as outras coisas são suas e deve ser compreendido entre aqueles que não tem nada e que possuem tudo. A imensidade da apostasia, supera todas as coisas, não só para quem é apostata, mas também para aqueles que favorecem os apostatas. Vós todos sois aqueles, que haveis favorecido a falta de fé. E alguns de vós, obstinados, ainda não desistiram. Esse dizia para aqueles, que eram paralisados pelo medo, mas ainda não tinham se arrependido pelo amor de Deus.
Ao mesmo tempo uma mulher representava a apostasia. Era tão gigantesca, que a cabeça alcançava as nuvens. Visto que São Gregório disse que a apostasia ultrapassa em amplitude e largueza todos os seus pecados e prolonga as coisas malignas. As mulheres, disse o sábio, fazem apostatar os sábios. Por isso como a mulher é todo o mal, disse São Jerônimo, assim também a apostasia, é o vento Aquilão, que disseca a graça de Deus e arranca as arvores: o (vento) Aquilão difunde todo o mal. Se diz que se excluímos as mulheres, as Leis divinas permanecerão santas, respeitadas. A mulher é chamada justamente a Mãe do Inferno. A apostasia quando se separou de Deus, fez os demônios e o Inferno. Essa tinha mais de mil cabeças e cada uma maior de uma montanha; a boca aberta tornava-se imensa e dela saia tantas blasfêmias e mentiras. Os dentes eram mais das (ilhas) Baleares, e símiles a traves, tanto que cada um continha em si três outras filas de dentes. Essas, em turno, arranhavam, trituravam, mastigavam as almas, com um tormento sempre mais cruel. A partir do momento que a apostasia da fé distanciava da Fé, da Esperança e da Caridade: os três votos da profissão. Quanto grandes são os tormentos que aqui se praticam contra os apostatas! A Fúria, devorava ao interno (de si) e consumava aqueles que eram inconsumíveis, e os vomitando, os torturava e os contorcia. Em um fluxo e refluxo ondulado, essa o arrastava para os tormentos maiores: como uma mãe esquentava o seu ventre e o seu peito, com beijos e abraços. Para os conservar livres dessa, louvais à Deus no Saltério.

A DÉCIMA QUARTA BESTA DO ABISMO É O MONSTRO DA GUERRA.

A guerra, disse São Máximo é o mal: nenhum pecado está longe dessa. Quem deseja a guerra, coloca facilmente a vida em risco: na guerra não existe nenhuma salvação.
1. A Fonte contraria à essa na Saudação Angélica é “Jesus”, que é um Rei pacifico. Quando Pedro estava para se lançar na batalha disse: Recoloques a tua espada na bainha. Quem matará com a espada, perecera da espada.
A espada representa: a espada temporal, da condenação ou até mesmo com ambas. Maria o tornou acessível ao mundo, como uma Fonte. Ela, como diz Agostinho, gerou para nós a paz: reconciliou o mundo com Deus e fez de ambos um só.
2. Por isso, mais grave e mais condenável à sua infelicidade: por isso se propõe de imitar os condenados Heitor, Aquiles, Júlio César, Alessandro Magno e os iguais a esses, mais do que o pacifico Jesus. Não é a vitória, mas a causa, que justifica a guerra. Não é a procura pela glória do nome que torna ilustre o guerreiro, mas o combate pelos preceitos da Religião. Procures a glória? Amais a glória dos Anjos: Paz na terra aos homens de boa vontade: e não aos homens de uma vontade bélica. Assim o Rei pacifico é magnífico sobre todos os Reis da terra. Eis vem a ti o teu Rei dócil.
1. A Paz é linda e agrada a salvação, tanto quanto a guerra é abominável e absolutamente não necessária, tanto é inimiga à Deus e é uma ruína infeliz. 2. Considerando que o pintor deve retratar o horror da guerra; mesmo se juntassem todos os pintores, que nunca foram reconhecidos e esses acrescentassem um segundo e terceiro defeito à pintura, não seriam capazes de retratar nem mesmo uma parte do horror da guerra injusta e da abominável alma dos seus guerreiros. Não se pode fazer nenhuma comparação entre as coisas materiais e finitas e aquelas espirituais e infinitas, mesmo se existe uma certa semelhança. 3. Por isso para Pitágoras os guerreiros são monstros; para Didimo são demônios, não homens. Os demônios só fazem mal à quem querem; mas os guerreiros (fazem mal) àqueles que não querem. Aqueles depois da morte precipitam no Inferno, esses precipitam antes mesmo do dia da morte. Aqueles (os demônios) tentam aconselhando secretamente. Esses (homens) constringem, ferem violentamente. 4. As feras economizam os seus iguais, o lobo não devora o lobo, etc., mas na guerra o homem é para o homem, mais do que um lobo.
5. Os carnífices são considerados infames e são os ministros da justiça. O que deve-se pensar dos sanguinários seguidores da guerra injusta? Qual será a sua futura infâmia nos Céus no dia do juízo final? Desespero, aos servos malvados que terão uma fama ruim assim, junto ao Senhor: com as mãos e os pés amarrados, esses são relegados às sombras, porque preferiram a injusta gloria do mundo, diante da glória e justiça divina. Sem duvidas era esse, que os teria privado da vida, quando o monstro da guerra foi oferecido diante dos vossos olhos, se não os tivesse encorajado a virtude de Deus. Estais horrorizado pela visão, orais ao escutar o que acontecerá?
O monstro o apareceu tão estranho de aspecto, que não era possível escolher um nome. Todas as formas horríveis de malvadeza presentes no mundo, pareciam misturadas nele. Por isso é chamado o Inferno dos Infernos, mas no Inferno é dito paraíso do mundo: porque muitos acreditam que a guerra seja o seu paraíso. Eu penso justamente o contrario. Como diz São Jerônimo, a guerra é dita ironicamente bonita: quando o mundo nunca viu nada de mais monstruoso. Um monstro de tão grande corpo vos apareceu, quase maior do que o mundo: ele contém em si todos os males do mundo, como o total em relação às partes e a morte em relação as doenças.
O quanto é grande o tamanho e a massa dos sofrimentos, assim como, o peso dos mais altos males? Quem o explicaria? Quem poderia imagina-las? Com razão, àqueles que tem dificuldade de entender o divino com a mente, foi dito: se engana quem pensa que pode explicar os monstruosos sofrimento desse Monstro.
Quem são os beligerantes, se não aqueles que se comportam como as feras: furiosos contra o gênero humano, porque não podem atacar Deus através da Teomachia, como conta-se dos gigantes, que tentavam conquistar o Céu. Também haveis visto no Monstro as armas que usavam Cain, Nembrot, Saul, Olofene, Décio, etc. Esses dirão: Aprovamos a guerra: 1. Por uma justa causa. 2. Pelo Império dos Senhores. 3. Pelo bem comum. O que? 1. A causa da guerra nunca é justa, quando o homem, pelo bem temporal, se expõe ao perigo mortal ou ao perigo de pecar. 2. Deve-se obedecer mais à Deus, do que aos homens e é melhor ser privado da graça terrena, do que daquela do Senhor do Céu; principalmente quando a devastação se dirige para a Igreja. 3. O bem comum político só raramente é em si verdadeiramente tão grande, que é igual ao dano das armas, que no mais está atrás das catástrofes das batalhas. O bem é frequentemente considerado como presente na fama e na paixão, mais do que na verdade das coisas em si.
Visto que o meu discurso é orientado aos belicosos, desejareis escutar qual das guerras deve-se considerar justa! Digo então. 1. Quando o promotor de uma guerra possa ter um justo direito. 2. Quando não se possa obter a paz de nenhuma forma. 3. Quando tenha surgido por justa causa defensiva e não ofensiva. 4. Quando não se pratique violência ao bem comum, por causa de um bem privado, (que não se danifique) um (bem) maior, por causa de um (bem) menor. 5. Quando o mal da distância com as armas, tenha sido maior do que o sangue cristão à ser derramado. Visto que o homem é o mais nobre dos bens da natureza, a sua morte violenta deve ser julgada o mal maior da natureza. E será pela fortuna terrena, que os filhos do Rei consumarão um parricídio, em troca de rãs e sapos; mas o homem é filho de Deus, se não por graça, certamente por natureza. 6. Quando ha uma guerra em defesa da Igreja, da fé, da justiça, ou de uma outra virtude, etc. Observada a ordem da Caridade e o grau dos bens, isso é por um bem melhor. Visto que essas coisas raramente levam à guerra e pouquíssimos são aqueles que confrontam lealmente as almas, os eventos incertos; disso um Santo soube por divina revelação, que em uma guerra, não em um encontro, digo, se perderam cerca de quarenta mil homens e entre esses não mais de seis tinham evitado a condenação eterna.
7. É necessário que aquele que dá o nome à milícia, saiba o que pode ser considerado justa causa. E se essa não é presente no que foi dito, evidentemente deve-se obedecer mais à Deus, do que ao próprio Príncipe. A sua potência não chega ao Tribunal do juízo de Deus e nem mesmo aquele da consciência. Nem é necessário que por causa de um bem incerto, se afronte o mal da guerra. 9. Quando for clara a causa da guerra, então que cada um celebre o Sacramento, procure com a Sagrada Confissão de purificar a alma, para não se expor temerariamente aos perigos. 10. É necessário que a todos, com segurança, seja proibido com acordos, um edito, etc.. os injustos roubos e os outros crimes e que a consciência e a oração de cada um à Deus, (seja acompanhada) frequentemente da ação e sempre de (tal) desejo: Em ti Senhor esperei, não estarei confuso eternamente; na tua justiça libere- me e leve-me embora.
Então, antes de começar uma guerra, que se escute o pensamento dos Teólogos e os homens santos e justos. A causa justa da guerra, em relação à fé e à caridade, à defender e à manter, não é tão intrínseca dos Príncipes e dos laicos, quanto dos homens capazes por profunda ciência, e por divino discernimento. Por isso, homens guerreiros, louvais à Deus no Saltério.

A DÉCIMA QUINTA BESTA DO ABISMO É O DRAGÃO DO SACRILÉGIO

Esse (dragão) é, em geral, tudo o que designa a irreverência à Sacra Fé, porém, sob uma tríplice diferença de formas, como à tríplice propriedade da santidade, ou seja, das Pessoas, dos Lugares, e das Coisas Sagradas; como por exemplo os Sacramentos, os Sacramentais, as coisas consagradas e aquelas consagradas aos mistérios. Aqui se observa o Comércio fútil e revestido de competições, (que são) as profanações da condição eclesiástica. 1. A Fonte contrária a esse, na Saudação Angélica é a palavra Cristo, ou seja Unto, do qual se expande toda a força e a santidade dos Sacramentos, através da Mãe de Deus, como um canal. Ela, disse Santo Anselmo, é a Tesouraria de tão grandes Mistérios. 2. Desespero, àqueles que se deliciam em estar nessa situação os Alquimo, os Jasões, os Menelaos, os Antíocos; essa indescritível impureza grita de forma atroz ao Céu; tanto que se Deus representasse um símile som corporal, esse seria tão intenso, que poderia ecoar através dos mundos infinitos. O pecado é tão amargo para Deus, que se dos infinitos mundos (se existissem), todas as coisas mais amargas da natureza se juntassem em uma coisa só, não se poderia aproximar nem mesmo à distância a menor amargura desse. Por Deus, o mal é tão feroz, que a inteira fúria de todos os furiosos, não poderia reconduzir a raiva dessa malvadeza. Quando todas as criaturas forem transformadas por Deus em Dragões, os menores fedores dos sacrilégios e da blasfêmia se apresentarão inferiores. 3. O Dragão por isso representava à vós esse ímpio delito; era símile àquele do Apocalipse que tem sete
cabeças, contrárias aos Sete sacramentos e dez chifres, contrarias ao Decálogo. 4. Arrastava, porém, a terceira parte das estrelas do céu, tanto esses abusam sacrilegamente dos Sacramentos. 5. E esse Dragão fazia guerra contra a Beata Virgem Maria e o seu Filho; assim escandalosamente mostram-se e apresentam-se ou ao menos vivem, os Simoniacos, etc. 6. E o Dragão fazia sair, detrás da Mãe e do Filho um rio sulfúreo; esse representava as podres orações, as indignas celebrações de Padres e de Religiosos ou de laicos: como se com esse estivesse para submergir a Justiça vingadora de Deus. 7. A terra, ou seja, o Inferno, engolia o rio, mas não o Céu, porque todas as obras desses são terrenas. Desespero, àqueles que assim usavam as Coisas Divinas, que as querem em terrenas e em sacrílegas. 8. Fazem guerra contra Michel e os seus Anjos, porque agem mal contra os bons e os justos. Os olhos matavam somente com o olhar; assim o sacrílego (age) com o escândalo. Os desejos da boca tinham mais de mil fileiras de dentes, porque os sacrílegos, principalmente através da boca contaminada pegam as Coisas Divinas. As bocas eram sete. Haveis ouvido que surgem contra os sacrílegos mais de sete mil gêneros distintos de tormentos e além desses, muitíssimos outros (tormentos) indicados precedentemente.
Os Dragões levavam também sete ventres, assim até os dez chifres levavam inumeráveis tormentos e repetindo-os, os tornam eternos. Deus nos mantenha longe desse (Monstro). Por isso louvais Deus no Saltério.

NOTA.
EXAME TEOLÓGICO E EXPLICAÇÃO DA VISÃO.

XVI. Perguntais: Como se viu essas coisas, se nenhuma Besta encontra-se no Inferno? Respondo: Porque perguntais sobre o que haveis visto?

Esses são os principais demônios do Inferno e aparecem assim às almas a serem atormentadas, as vezes com uma visão fruto da mente, outras vezes (com uma visão) ligada à imaginação, outras vezes através das aparências assumidas por eles. Os demônios são vinculados ao aspecto corpóreo especialmente pela Potência divina, seja porque só por os ver as almas atormentam-se muito, seja porque os mesmos demônios, com aquela constrição das (aparências) assumidas, sofrem mais cruelmente pela eternidade e enfim para que as almas, com as quais pecaram, também sejam atormentadas. Por outro lado, esses com as suas aparências, são colocados diante das almas condenadas. 2. Perguntais: Como eles são vinculados? Respondo: A potência Divina e a Sua Justiça infinita, imprimiram nas almas dos condenados uma força e uma forma sensível e todas essas realidades sensíveis sempre se apresentarão a esses, sob essa forma atormentada; nem os demônios, ligados a esses, podem fazer de outra forma. Enquanto a força espiritual é maior do que aquela corporal, mais grave é a pena, como se fosse uma (pena) natural; por isso as almas sofrem de um sofrimento sobrenatural. Para que, incólumes, refugiados dessa, louvais à Deus no Saltério.

CONTINUAÇÃO DA HISTÓRIA.

XVII. Finalmente pergunto! Haveis visto algo diferente daquilo que eu expus? E a voz de todos foi uma só: Senhor, nada de mais verdadeiro conhecemos; de novo São Domingos (disse): E na verdade vós todos, não sois obrigados, mas horrorizados pelo terror; mesmo tendo visto as Bestas, as manténs ainda nas vossas almas. Por isso muitos desses (responderam): O Pai, isso parece impossível. E eles; Oh! preguiçosos de coração em crer à todas as coisas que haveis visto e ouvido! Olhais novamente! Ao mesmo tempo orientado a Santíssima Hóstia orava claramente. O bom Jesus; mostra de novo a esse, que isso é verdade, para que se dêem conta da imensidão dos pecados que eles experimentaram. E uma voz veio do alto: Isso que viram basta, para que acreditem. E novamente São Domingos disse: Oh Senhor, basta certamente para a tua justiça, mas para a tua misericórdia e para a miséria desses pecadores ainda não basta.
E imediatamente cada um voltou à si e junto aos outros, os mesmos quinze Monstros eram vistos ainda mais horríveis. Para os presentes, parecia que o que tinha sido visto antes, fosse como um sonho ou uma pintura. E se não tivessem sido protegidos pela mão de Deus, estariam mortos. É cruel, ver a malvadeza dos próprios pecados. o que existe de mais cruel está no Inferno? A Razão ensina que quanto mais nobre é o positivo, mais o negativo é pior. Assim o pecado priva da graça e da glória e a pena do Inferno priva de um bem sensível e em si (a pena) não faz parar o desejo da glória; por isso a pena do dano é mais atormentada, do que a pena do sentido.
E como humanamente não pode ser compreendido o que Deus preparou para aqueles que o amam, assim não podem ser compreendidas as coisas que Deus preparou para aqueles que o odeiam. Só aquele que o recebe, o sabe.
XVIII. Todos que viram essas coisas, jogaram-se no chão, em lagrimas, e arrependendo-se de todo o coração numa verdadeira penitência, alegraram-se. E se sabe que, desde então, nenhum deles foi visto rir: abandonado o mundo, todos os renunciaram, com poucas exceções. Entraram em varias Ordens religiosas, realizaram durante toda a vida, a penitência. Alguns viveram professando a Ordem dos Pregadores, outros aquelas dos Menores, muitos aquela dos Certosinos: alguns se fecharam nos ermos. Através desses, que eram muito potentes, ergueram, aqui e ali, muitos Conventos de Religiosos. Ao mesmo tempo os Senhores e os Príncipes, sob o exemplo deles, retiraram-se para um melhor fruto. Lí que São Domingos fez algo parecido na Espanha.

TESTEMUNHO DA VISÃO DO NOVO ESPOSO.

Tenho certeza, que ha pouco tempo um Novo Esposo da Beata Maria viu todas essas penas singularmente, de forma muito real. Ele também escreveu o que foi dito, porque continuamente tem suporta penas, pelos seus pecados e pelos dos outros. Li também que São Domingos mostrou algo parecido nas aproximações de Toulouse e das gemas heréticas: mas por pouco, aparecendo o demônio, sob forma de um prisioneiro. Li coisas parecidas também foram vistas por outras pessoas: mas não tão precisas e tão grandiosas. São Domingos também fez com que fossem pintados aqueles quinze monstros, assim como se manifestaram. Esse quadro ainda existe, mesmo se a origem tenha caído no esquecimento.

BEATI Fr. ALANI REDIVIVI RUPENSIS, TRACTATUS MIRABILIS DE ORTU ET PROGRESSU PSALTERII CHRISTI ET MARIAE EIUSQUE FRATERNITATIS.

1847


O Saltério de Jesus e de Maria: gênese, história e revelação do Santíssimo Rosário.
B. ALANO DA ROCHA



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